UM “PATÓNIO” GENERAL À MEDIDA
Com todo este manancial de provas, o juiz- conselheiropresidente do Tribunal Militar do MPLA não tem dúvidas. Foi legítima defesa. Não vai, pois, ser difícil aos servos do general “Patónio”, provar que o jovem Rufino estava envolvido ( seria mesmo o coman
Em entrevista- encomenda ao boletim oficial do regime ( Jornal de Angola), o juiz- conselheiro- presidente do Tribunal Militar ( do MPLA), general António dos Santos Neto “Patónio”, considerou em Agosto de 2016 que os militares das FAA ( sob comando do general Wala) que assassinaram o adolescente António Rufino, ocorrida no Zango, agiram em legítima defesa.
O juiz- conselheiro- presidente do Tribunal Militar do MPLA tinha toda a razão e “abona” a favor do Tribunal. Os militares em serviço no Zango estavam, afinal, fortemente armados… apenas com leques ( para enfrentar o calor) e, por isso, viram- se em perigo quando o puto Rufino tirou do bolso todo um arsenal capaz de derrotar o próprio Exército… Islâmico.
Além disso, como certamente sabe o general “Patónio”, o Rufino foi atingido “em flagrante delito” quando se preparava para uma actividade criminosa, evidenciando “actos preparatórios para a prática de rebelião e atentado contra o Presidente da República”. Perante isso os militares não tiveram alternativa. Deram um tiro no perigosíssimo terrorista chamado António Rufino. Aliás, esses ou esse militar devem ser promovidos. É o mínimo que o regime pode fazer por ele.
Nesse flagrante delito, como certamente consta do relatório na posse do juiz- conselheiro- presidente do Tribunal Militar do MPLA, os militares descobriram em poder do jovem Rufino diverso material bélico, altamente letal, caso de esferográficas BIC ( azuis), um lápis de carvão ( vermelho), blocos de papel ( brancos) e, tanto quanto o Folha 8 apurou, um livro ( de bolso) sobre como derrubar as ditaduras.
Sabe- se, igualmente, que os militares do general Wala descobriram que o perigoso jovem activista tinha mísseis escondidos nas lapiseiras, Kalashnikovs camufladas no telemóvel e outro armamento pesado e letal disfarçado nos blocos de apontamentos. Eram, reconheça- se, provas mais do que suficientes para provar que estava a preparar um golpe de Estado. Perante isso os militares não tiveram alternativa. Deram um tiro no perigosíssimo terrorista chamado António Rufino. Legítima defesa pura e simples, segundo o general “Patónio”.
O jovem estava no seu quartel- general no Zango, por sinal uma forte estrutura terrorista disfarça da habitação precária, numa reunião dos seus estrategas militares que planeavam – como os Revús – um golpe a partir da leitura do livro “Da ditadura à democracia — Uma estrutura conceptual para a libertação”, do norte- americano Gene Sharp. Mais ao fundo, no quintal, debaixo de um coberto de zinco, o exército terrorista mobilizado pelo jovem Rufino ( talvez uns milhares de guerrilheiros, não general “Patónio”?) afinava os códigos para lançamento dos mísseis e, talvez, até de ogivas nucleares contra a residência de Eduardo dos Santos…
Perante isso os militares não tiveram alternativa. Deram um tiro no perigosíssimo terrorista chamado António Rufino. Legítima defesa pura e simples, segundo o general “Patónio”.
Com todo este manancial de provas, o juiz- conselheiro - presidente do Tribunal Militar do MPLA não tem dúvidas. Foi legítima defesa. Não vai, pois, ser difícil aos servos do general “Patónio”, provar que o jovem Rufino estava envolvido ( seria mesmo o comandante) numa conspiração para a “destituição do Presidente da República e de outros órgãos de soberania”. Estamos mesmo a ver o que o Ministério Público do regime, com o apoio do Tribunal Militar do MPLA, vai escrever na análise ao caso. Será algo do tipo: “Os factos descritos evidenciam claramente que a vítima participara em reuniões com vista a traçar estratégias e acções, tais como manifestações, greves e desobediência civil generalizada, conducentes à destituição do Governo e do Presidente da República”.