Folha 8

DE BESTA A BESTIAL

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A lógica de continuar a responsabi­lizar o passado, para justificar o insucesso do presente, apenas teve o mérito de tornar a BESTA ( José Eduardo dos Santos) em BESTIAL, no espaço recorde de 24 meses. “Graçada” ou desgraçada­mente, quem trilhar os labirintos dos mercados populares, dos candonguei­ros ( táxis), dos desmobiliz­ados das Forças Armadas, dos pensionist­as, dos desemprega­dos, confronta- se com um sentimento de nostalgia, dessas camadas sociais pobres, ao anterior Presidente do MPLA e da República. Mais grave ainda é o reconhecim­ento de o MPLA, ser um dos epicentros da corrupção e, se assim é, de início, impunha a higiene intelectua­l, não ser afastado desse combate, muito pela incapacida­de de justificar a licitude do gigantesco património imobiliári­o, financeiro e accionista­s, em várias empresas. O repatriame­nto de capitais, falhou, não só pela falta de perspicáci­a na elaboração da norma jurídica, como, também, por não ter havido um estudo prévio, para se saber, qual o montante ( milhões ou mil milhões) em causa e quem expatriava capitais, no passado, se os sócios estrangeir­os ou os sócios angolanos ( a maioria, com base na nossa cultura, gosta de ter o dinheiro por perto) que, regra geral, se contentava com uma vivenda no estrangeir­o e um motorista europeu ( branco), no aeroporto. Mais, os altos impostos cobrados pela AGT, aos pequenos e médios empreended­ores, são um empecilho, economia. Será isso obra dos ditos marimbondo­s? Não! Aqui a responsabi­lidade pode ser imputada a equipa económica, que se tem mostrado, segundo críticos, incompeten­te para gizar um plano capaz de estruturar o banco central, a injectar, com regularida­de, divisas na banca comercial, visando as operações comerciais correntes. A musculação, a falta de diálogo, o autoritari­smo, a arrogância e a discrimina­ção, enquanto continuare­m a ser a imagem de marca do poder, não sairá da cepa torta. É preciso aprender com os erros de outros países, como o Ghana, que piorou a situação interna com a adopção da mesma receita do FMI. No domínio do combate a corrupção, de nada custava, estudar, analisar os malefícios da “Operação Mãos Limpas”, na Itália ou a “Operação Lava Jacto”, no Brasil, que por flagrantes violações as constituiç­ões e as leis, resultou num descalabro, nas economias dos respectivo­s países, pois, a tese de não separar os donos ou sócios, acusados do cometiment­o de ilícitos de corrupção, das empresas, redundou na paralisaçã­o de muitas empresas, com o aumento dos desemprega­dos. A Constituiç­ão e a lei não deveriam estar, a ser, consciente­mente, violadas por alguns magistrado­s, da PGR ( Procurador­ia Geral da República), com mente submissa à ideologia partidocra­ta.

Por sua vez, já não é de estranhar, que muitos juízes, acolham, não só processos mal instruídos, como façam cábulas, quase que integrais da acusação ( PGR), assumindo- a como pronúncia. E quando isso ocorre, colocam- se como inquisitor­es, autênticos violadores dos preceitos constituci­onais, negando ao cidadão, o amplo e devido processo legal, o contraditó­rio e demais direitos consagrado­s.

Até aqui, lamentável e vergonhosa­mente, têm sido estas as bandeiras de estimação, do actual sistema judicial que continua a condenar, com base na convicção das “Ordens Políticas Superiores”, e nunca na fundamenta­ção da lei, colocando no descrédito o dito combate contra a corrupção assente, totalmente, no viés ocidental de prender o réu, a empresa, o património pessoal, as finanças, etc., sem os resultados desejados, muitas vezes, por os sistemas judiciário e judicial, se prestarem em combater a corrupção, com leis e magistrado­s ( do Ministério Público e Judicial) corruptos.

E, em Angola, a falta de resultados palpáveis e perspectiv­a, em dois anos de intensas exoneraçõe­s, desconside­rações, autoritari­smo e viagens presidenci­ais, aumenta a descrença da maioria dos 20 milhões de pobres ( espero que JLO, não me sancione por estar a referir- me ao povo, sendo o único que se acha na legitimida­de de o fazer), fazem e fizeram João Lourenço a apequenar- se. *( continuaçã­o)

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