EXONERAR RIMA COM GOVERNAR MAS NÃO É A MESMA COISA
O Presidente João Lourenço, que tal como José Eduardo dos Santos não foi nominalmente eleito ( foi- o como cabeça- delista do MPLA escolhido por Dos Santos) afastou centenas de governantes, administradores de empresas públicas e altas chefias militares, a um ritmo de uma exoneração a cada dois dias, valendo- lhe a alcunha popular de “exonerador implacável”. Também conseguir mostrar ao mundo que os protagonistas da corrupção, do branqueamento, da roubalheira são todos do MPLA, o seu partido. O grande filão das exonerações envolve altas patentes das Forças Armadas Angolanas ou das forças de segurança, o que é natural porque ao longo dos últimos 44 anos, para além de criar muitos milionários e milhões de pobres, o MPLA formou uma catrefa de generais de alto gabarito, muitos dos quais têm de se descalçar se quiserem contar até 12. Em paralelo, desde que chegou ao poder, João Lourenço fez cerca de 500 nomeações, as quais, a par das exonerações, permitiram afastar do poder praticamente todos os que tinham sido nomeados, alguns poucos meses antes das eleições de Agosto de 2017, por José Eduardo dos Santos, chefe de Estado desde 1979. “Exoneração é um acto de governação normal. É evidente que houve muitas exonerações, mas houve tantas quantas necessárias”, respondeu João Lourenço, em Janeiro de 2018, numa conferência de imprensa no palácio presidencial, em Luanda, a primeira iniciativa do género em mais de 40 anos. A sua quase patológica ânsia de exonerar levou-o mesmo, em Dezembro de 2017, a exonerar uma pessoa que já tinha morrido há dois anos ( o engenheiro José Pedro Tonet, falecido a 23 de Dezembro de 2015, na África do Sul, sendo na altura da sua morte administrador não executivo da ENANA EP).