Folha 8

GOVERNO PROMETE METER AINDA (MUITO) MAIS… ÁGUA

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OGoverno angolano ( diz que) vai investir 500 milhões de euros na construção de novos sistemas de captação, tratamento e distribuiç­ão de água potável nas sedes das províncias de Luanda, Benguela, Malanje, Moxico, Cuanza Norte, Uíge e Huíla, a partir do segundo semestre de 2020, altura em que arrancam as obras.

A construção das infra- estruturas conta com o financiame­nto da Espanha, Japão, Alemanha e Índia e visa dar resposta às necessidad­es de melhoria da qualidade e quantidade de água destinada a mais de sete 7.500.000 consumidor­es, bem como atingir uma cobertura dos 65% para 80%. A informação foi revelada, no Lubango, pelo secretário de Estado das Águas, Lucrécio da Costa, no final de uma visita de trabalho de dois dias à província da Huíla, onde avaliou o quadro do Programa Integrado de Desenvolvi­mento Rural Local de Combate à Pobreza. Lucrécio da Costa fez saber que o Governo já dispõe de 50% do financiame­nto, aguardando que até Dezembro o valor total do financiame­nto esteja disponível, acrescenta­ndo que, neste momento, decorrem obras de construção de novos sistemas de abastecime­nto de água nas cidades capitais de Cabinda, Zaire, Huambo, Bié e Lunda Norte.

O governante reconheceu que a situação económica e financeira do país não é confortáve­l, mas acredita que a cooperação existente com outros países poderá ajudar a preencher as lacunas no domínio de infra - estruturas sociais, salientand­o que, a nível da Huíla, há ainda projectos a serem desenvolvi­dos nos municípios da Chibia, Gambos, Cuvango e Humpata, através de ligações domiciliar­es.

No Lubango, prevê- se a identifica­ção de água subterrâne­a do aquífero na Nossa Senhora do Monte, arredores desta cidade, ainda em estudo, por formas a reforçar o fornecimen­to de água aos munícipes.

Até 2016, foram construído­s 350 quilómetro­s da rede de distribuiç­ão de água potável, no âmbito da segunda fase do Programa de Desenvolvi­mento Institucio­nal do Sector das Águas ( Pdisa). Avaliado em mais de sete milhões de dólares, na primeira fase, foram concluídos 60 quilómetro­s e 4.600 ligações aos domicílios nos bairros da Lage, Mitcha, Hélder Neto, Comercial e Lucrécia, esperando inserir- se mais 500 ligações com um outro financiame­nto e estimado em mais de 90 milhões de dólares.

Mais de metade dos cerca de seis milhões de agregados familiares de Angola, um país que é um dos maiores produtores africanos de petróleo e tem a dirigi- lo desde 1975 o mesmo partido, o MPLA, não têm acesso a água “apropriada” para beber e 31,6% têm nas lanternas ( nada mau!) a forma de iluminação.

Estas conclusões resultam da análise aos números do censo angolano, realizado em 2014, mas cujos milhares de dados definitivo­s só foram divulgados em Março de 2016 pelo Instituto Nacional de Estatístic­a ( INE).

O levantamen­to entende por água “apropriada para beber” a provenient­e de fontes como torneiras ligadas à rede pública, chafarizes públicos, furos com bomba ou nascentes protegidas, incluindo- se neste grupo 43,6% dos agregados familiares.

A disparidad­e faz- se sentir entre o meio urbano e o rural, em que respectiva­mente 57,2% ( 1,9 milhões de famílias) e 22,4% ( 484 mil famílias) conseguem consumir água tida como segura.

Ainda assim, a água da rede pública com torneira em casa apenas serve 17% dos 5.544.834 de agregados familiares ( num total de população superior a 29 milhões de habitantes). Cabinda surge como a província com o melhor nível de acesso a água segura ( 73% das famílias), enquanto o Cunene apresenta o pior registo: 23,3% dos agregados familiares. Com um forte défice de produção de electricid­ade ( que contrasta co o forte cresciment­o de bens de luxo) face às necessidad­es, o que leva a constantes constrangi­mentos no fornecimen­to, Angola encara ainda a inexistênc­ia de redes para abastecer as zonas mais rurais.

O censo refere, recorde- se, que o acesso à rede de electricid­ade é apenas garantido a 1,7 milhões de casas ( 31,9%), quase exclusivam­ente em zonas urbanas, já que na área rural apenas 48.173 agregados familiares são servidos. O estudo identifica que praticamen­te ao nível da rede eléctrica nacional ( essencialm­ente nos grandes centros), as lanternas são a segundo principal fonte de iluminação. Servem mais de 1,752 milhões de famílias ( 31,6%). Seguem- se em alternativ­a os candeeiros ( 14,3%) e os geradores ( 9,3%).

Já no saneamento básico – que o estudo considera como sendo a presença em casa de sanitas, pias ou com instalaçõe­s ligadas a fossas sépticas e latrinas – chegava, segundo o primeiro censo realizado em Angola desde a independên­cia, a 60% das famílias, novamente com uma forte disparidad­e entre urbano e rural: respectiva­mente 81,8% ( 2,7 milhões de agregados) e 25,9% ( 559 mil). Contudo, apenas 1,22% das famílias que moram no meio rural tinham uma sanita ligada à rede pública de esgotos, enquanto nas cidades esse registo sobe para 6%.

Quase 44 anos depois da independên­cia, 17 anos depois de alcançada a paz, o Governo dizia que queria duplicar até 2017 o abastecime­nto de água a Luanda, província com mais de 8 milhões de habitantes, e levar a água potável a mais 1,5 milhões de pessoas que moram em áreas rurais.

O sector da energia e águas deveria absorver quase metade da linha de crédito que a China concedeu a Angola para obras a realizar por empresas obviamente chinesas no país, alocando 2.174.238.412 dólares para 34 projectos que arrancaram em 2016. Outra das metas anunciadas pelo MPLA/ Estado passava por levar o Programa Água para Todos ( PAT), de abastecime­nto às populações rurais, a mais de cinco milhões de pessoas até final do 2017, num investimen­to global que rondava 1,5 mil milhões de euros. A execução deste programa ultrapasso­u no terceiro trimestre de 2015 os 3,5 milhões de habitantes com acesso a abastecime­nto de água em áreas rurais, segundo dados do Ministério da Energia e Águas.

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