Folha 8

POBREZA DO POVO, EXUBERÂNCI­A DOS GOVERNANTE­S

FMI ENCOSTA JOÃO LOURENÇO À PAREDE

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OFundo Monetário Internacio­nal ( FMI) prevê um cresciment­o económico negativo ( recessão) de 0,3% do Produto Interno Bruto para Angola este ano, antecipand­o depois uma expansão de 1,2% em 2020 e uma aceleração para 3,8% em 2024. Como é óbvio, em dois anos o Presidente dos angolanos do MPLA, João Lourenço, não poderia fazer mais… De acordo com o relatório sobre as Perspectiv­as Económicas Mundiais, divulgado em Washington, os peritos do FMI afirmam que “a economia de Angola, por causa do declínio na produção petrolífer­a, deve contrair- se este ano e recuperar apenas moderadame­nte no próximo”.

Por este andar em que o Governo não trabalha nem deixa trabalhar os que querem, para o ano o FMI fará novas revisões das suas perspectiv­as, em baixa, alertando João Lourenço que é mais rentável ( e barato) acabar com os pobres do que acabar com a pobreza.

Para o conjunto da região da África subsaarian­a, o FMI prevê um cresciment­o de 3,2% neste ano e de 3,6% em 2020, “o que é ligeiramen­te mais baixo, em ambos os anos, do que o previsto no relatório de Abril”. Aliás, sempre que o FMI faz previsões é certo que “dispara” para Cabinda e acerta no Namibe. Nas previsões, o FMI antecipa que a inflação desça de 17,2% este ano para 15% em 2020 e que a balança corrente fique negativa em 2020, em 0,7% do PIB, depois de registar um valor positivo de 0,9% este ano.

O relatório “World Economic Outlook”, não se debruça em pormenor sobre as economias africanas, oferecendo antes uma visão mais global da economia mundial onde a generalida­de mascara a imprecisão do particular. A análise detalhada à África subsaarian­a será lançada ainda esta semana, no âmbito dos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial, que decorrem em Washington. Quando o governo angolano solicitou o ajustament­o do programa de apoio do Fundo Monetário Internacio­nal, adicionand­o ao mesmo uma componente de financiame­nto, ficou nas mãos do FMI. Em termos lusófonos, recorde- se, a história repetia- se e ninguém aprendeu a lição. Com o FMI a mandar, João Lourenço será uma espécie do ex- primeiro- ministro português, José Sócrates. E, com excepção da elite, os angolanos têm de se preparem para o teste final – mostrar que sabem sobreviver sem comer. Seremos nós capazes? Provavelme­nte sim. Experiênci­a não nos falta. No dia 11 de Janeiro de 2011 estava excluída a entrada do Fundo Monetário Internacio­nal em Portugal. O então primeiro- ministro, José Sócrates, garantia que Portugal não precisava de ajuda financeira e que continuava a ter todas as condições para se financiar no mercado internacio­nal. No dia seguinte o FMI entrou, de armas e bagagens, em Lisboa e tomou conta do país. Em Dezembro de 2009, o então director- geral do FMI, Dominique Strauss- Kahn, fazia um aviso à navegação: “Os problemas acontecem quando os governos dizem à opinião pública que as coisas estão a melhorar enquanto as pessoas perdem os seus empregos”. João Lourenço não teve conhecimen­to desse aviso.

“Para alguém que vai perder o seu emprego, a crise não acabou. E isso constitui um alto risco”, afirmou o director- geral do FMI, acrescenta­ndo que “isso também pode, em alguns países, tornar- se um risco para a democracia. Não é fácil administra­r esta transição, e ela não será simples para os milhões de pessoas que ainda estarão desemprega­das no próximo ano”.

Em Portugal, na altura, admitia- se como provável que em vez de um novo desemprega­do a cada quatro minutos se conseguiss­e, com ou o acordo de resgate e fazendo fé nas promessas do governo de então, um desemprega­do a cada… três minutos.

“A economia mundial somente se restabelec­erá quando o desemprego cair”, disse o responsáve­l do FMI. E se assim é ( em Portugal foi mesmo assim) os angolanos estão ainda mais lixados.

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