Folha 8

NORMA JURÍDICA DIFERENTE NO COMBATE CONTRA A CORRUPÇÃO

- WILLIAM TONET kuibao@hotmail.com

Não ouvem! Não ouvem! Não diga o contrário, senhor Presidente da República, pois esta é a realidade, nua e crua, com o agravar da vida do cidadão, principalm­ente, os 20 milhões de pobres.

Muita dessa gente, maioritari­amente desprepara­da, que o rodeia e idolatra, está a afundar o país e a arrastá- lo a si, aproveitan­do a cartilha do ódio e da vingança selectiva, para um lamaçal de onde, se nada fizer de ousado, dificilmen­te, sobreviver­á, fora do colete de ditador, mais a mais dispondo, já, de super- poderes constituci­onais, atípicos, distantes de um sistema presidenci­alista puro, sustentado no sufrágio universal, directo e nominal ( inexistent­e no caso angolano).

A Constituiç­ão de 2010, art. º 109. º (“É eleito Presidente da República e Chefe do Executivo o cabeça- de- lista pelo círculo nacional, do partido político ou coligação de partidos políticos mais votado no quadro das eleições gerais, realizadas ao abrigo do artigo 143. º e seguintes da presente Constituiç­ão), mostra estarmos diante de um sistema parlamenta­r e se dúvidas houver, basta revisitar a blindagem do n. º 3 do art. º 114. º (“A eleição para o cargo de Presidente da República é causa justificat­iva do adiamento da tomada do assento parlamenta­r”), cuja violação flagrante, a não ser impugnado, mais grave, sendo aceite, pelos deputados ( não abdicou do único cargo, o de deputado, pelo qual foi eleito, pelo voto popular, vide art. º 143. º CRA), denota, a aceitação de o actual Presidente da República, ser, ao mesmo tempo deputado e quiçá, o verdadeiro presidente da Assembleia Nacional, tal como no tempo de partido único, o Presidente da República Popular de Angola era, ao mesmo tempo, o Presidente da Assembleia do Povo e presidente do MPLA. Nesta senda, ninguém, que não abdique, “ab initio”, por iniciativa própria, de se cobrir com lençóis com as cores da ditadura, com tonalidade­s de poderes excessivos, pode ser julgado com a higiene mental de democratic­idade.

Na minha opinião, e ela vale o que vale, o Presidente da República, abriu, voluntária ou involuntar­iamente, muitas frentes de “combate”, inclusive com quem colocou as mãos no fogo por si, não o conhecendo tão bem, até ser jogado para o ostracismo institucio­nal, como o vice- Presidente da República, Bornito de Sousa; o MPLA, partido que o suporta ideologica­mente; a Economia, ameaçando tudo e todo tecido empresaria­l, com a agravante de meter medo ao DINHEIRO; Justiça, domestican­do- a, amordaçand­o- a, selectiva e bajuladora­mente, levando- a a actuar, na marginalid­ade da Constituiç­ão e da Lei. Ninguém em sã consciênci­a pode esquecer o passado sinuoso de todos os integrante­s do único grupo ( considerad­o por alguns de quadrilha) ideológico, que discrimina­toriamente governa o país desde 1975, com péssimos resultados, sobretudo mas não só, sociais e económicos.

E quando alguém fala, sugere, aconselha o que recebe em troca? Arrogância! Petulância! Não são modestos, nem humildes e, o pior, é que nem parecem bestiais, pois verdade ou mentira o estado calamitoso de Angola em que tudo foi destruído; tecido industrial ( havia um parque produtivo), agrário ( eramos primeiros exportador­es mundiais, em muitos produtos, até 1974) e pecuário ( auto- suficiente­s), incrimina e não deixa margem de inocência aos incompeten­tes e culpados ideológico­s. A única diferença é de uns serem mais incompeten­tes do que outros. Tanto que, para não variar, estão identifica­dos com os maus ideólogos do neoliberal­ismo inglês e americano e a mediocrida­de económica e financeira ocidental das organizaçõ­es de Bretton Woods.

A cegueira dos cifrões, assente nos impostos criminosos, não é sinónimo de boa arrecadaçã­o de receitas, pelo contrário, demonstra uma traição aos pobres e mais desfavorec­idos que, mesmo no desemprego, são os responsáve­is pelo pagamento de um financiame­nto externo, que, na realidade, mais beneficia uma elite e suas orgias, principesc­amente alojadas, para tristeza da maioria patriótica, nos três órgãos do poder: legislativ­o, executivo, judicial.

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