“DITADOR E CARRASCO”, DIZ ELA
Adeputada Welwitschea dos Santos, eleita pelo MPLA, partido no poder em Angola há 44 anos, 38 dos quais sob o comando do seu pai, José Eduardo dos Santos, considera que a revogação do seu mandato foi “um golpe” do Presidente João Lourenço, acusando- o de ser um “ditador” e o seu “carrasco político”. Se ela diz isso do actual Presidente, o que se deve dizer do seu pai?
A empresária e deputada “Tchizé” dos Santos defende uma reflexão na sociedade portuguesa sobre os desequilíbrios nas relações entre os dois povos, ao constatar que em Angola, um português está, regra geral, em situação de vantagem. Mas só está agora ou sempre foi assim?
“Estou aliviada com o golpe que me deu o meu carrasco político, ditador João Lourenço, e os seus bajuladores ao revogar o meu mandato de deputada, após eles mesmos terem provocado a minha ausência prolongada do país com muita intimidação e ameaças à minha integridade, numa clara violação dos direitos humanos e da Constituição de Angola”, referiu a deputada por Tchizé dos Santos, numa mensagem na rede social Facebook.
“Tchizé” dos Santos, filha do ex- Presidente angolano José Eduardo dos Santos, acusou o actual chefe de Estado de cometer “erros e atropelos gravíssimos”. Coisa, presume- se, que nunca aconteceu durante os 38 anos que José Eduardo dos Santos foi o proprietário do MPLA e de Angola.
“Ao menos quando Angola implodir devido à incompetência do Presidente angolano, sob o olhar cúmplice do nosso partido MPLA, face erros e atropelos gravíssimos do ditador João Lourenço às instituições e o golpe de Estado que deu às instituições, não vão dizer que eu também estava lá com ele”, acrescentou. Welwitschea dos Santos acrescenta que é hora de os seus amigos e familiares festejarem, uma vez que deixou de ser “uma pessoa politicamente exposta”.
A Assembleia Nacional de Angola retirou o mandato de deputada, pela bancada do
MPLA, a Welwitschea dos Santos, devido ao prolongado tempo de ausência nas reuniões plenárias e de trabalho. A decisão contou com votos a favor do MPLA, partido maioritário e proprietário do país há 44 aos, e da UNITA, o maior grupo parlamentar da oposição que o MPLA ainda permite que exista. Os grupos parlamentares da CASA- CE, do PRS e da FNLA optaram pela abstenção no processo de votação. A deputada, que foi suspensa, em Junho passado, do Comité Central do MPLA, na sequência de um processo disciplinar “por conduta que atenta contra as regras de disciplina” do partido, e que estava ausente do país há vários meses. Welwitschea dos Santos justificou que se encontra “involuntariamente” ausente do país, devido à doença da filha, mas há vários meses que estava a ser “intimidada” por dirigentes do seu partido, razão pela qual se recusa a regressar a Angola por alegada falta de garantias de segurança.