DE LONGE AS PIORES ELEIÇÕES DE SEMPRE
Para Joseph Hanlon, houve muitas irregularidades nas eleições em Moçambique e ficou clara a tentativa de impossibilitar o trabalho da sociedade civil e da oposição. Em entrevista à DW África, o investigador britânico Joseph Hanlon, responsável pelo boletim do Centro de Integridade Pública ( CIP) sobre o processo político em Moçambique, afirma que “estas foram, de longe, as piores” eleições multipartidárias no país. Segundo o investigador, houve fraudes e muitas outras irregularidades. Mas o mais claro foi a tentativa de impossibilitar o trabalho da sociedade civil e da oposição, disse à DW em Maputo.
“Tivemos três mil observadores da sociedade civil independentes que não conseguiram credenciais para observar as eleições. Tivemos milhares de observadores de grupos alinhados com a FRELIMO, dos quais nunca ninguém tinha ouvido falar, e eles conseguiram credenciais”, lembrou.
Joseph Hanlon denuncia ainda cenários em que os observadores em algumas mesas de voto “foram obrigados a ficar de pé e noutras foram expulsos, porque alegadamente tinham o carimbo errado na credencial. Também os agentes dos partidos políticos foram impedidos de entrar em assembleias de voto”. O investigador critica a ocorrência de violência que justifica como tendo sido uma questão de pressão sobre os partidos da oposição: “Foram impedidos de falar, houve atraso no financiamento. O jogo estava tão desequilibrado que tornou quase impossível aos partidos da oposição e à sociedade civil monitorizarem estas eleições”, considerou. Joseph Hanlon questiona: “Que resultados teríamos sem estes problemas? Não faço ideia. A FRELIMO vence por uma margem muito grande, provavelmente venceria de qualquer das maneiras. Mas o ambiente que se criou foi extremamente injusto”. A União Europeia, segundo Hanlon, disse “sigam os processos legais”, mas “o que sabemos das eleições autárquicas é que estes processos legais não funcionam nas eleições em Moçambique”.
O ministro de Angola, João Lourenço, esteve em visita a Moçambique, uma visita partidária e ele como cidadão angolano, está num outro Estado soberano e, o Estado moçambicano, rege-se por uma Constituição própria, dentro da sua soberania, e não é admissível, que um ministro da Defesa e sobretudo uma pessoa que se pressupõe ser candidato para dirigir uma Nação, desrespeite os princípios de um Estado de Direito, desrespeite os princípios da soberania de uma nação