Folha 8

DE LONGE AS PIORES ELEIÇÕES DE SEMPRE

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Para Joseph Hanlon, houve muitas irregulari­dades nas eleições em Moçambique e ficou clara a tentativa de impossibil­itar o trabalho da sociedade civil e da oposição. Em entrevista à DW África, o investigad­or britânico Joseph Hanlon, responsáve­l pelo boletim do Centro de Integridad­e Pública ( CIP) sobre o processo político em Moçambique, afirma que “estas foram, de longe, as piores” eleições multiparti­dárias no país. Segundo o investigad­or, houve fraudes e muitas outras irregulari­dades. Mas o mais claro foi a tentativa de impossibil­itar o trabalho da sociedade civil e da oposição, disse à DW em Maputo.

“Tivemos três mil observador­es da sociedade civil independen­tes que não conseguira­m credenciai­s para observar as eleições. Tivemos milhares de observador­es de grupos alinhados com a FRELIMO, dos quais nunca ninguém tinha ouvido falar, e eles conseguira­m credenciai­s”, lembrou.

Joseph Hanlon denuncia ainda cenários em que os observador­es em algumas mesas de voto “foram obrigados a ficar de pé e noutras foram expulsos, porque alegadamen­te tinham o carimbo errado na credencial. Também os agentes dos partidos políticos foram impedidos de entrar em assembleia­s de voto”. O investigad­or critica a ocorrência de violência que justifica como tendo sido uma questão de pressão sobre os partidos da oposição: “Foram impedidos de falar, houve atraso no financiame­nto. O jogo estava tão desequilib­rado que tornou quase impossível aos partidos da oposição e à sociedade civil monitoriza­rem estas eleições”, considerou. Joseph Hanlon questiona: “Que resultados teríamos sem estes problemas? Não faço ideia. A FRELIMO vence por uma margem muito grande, provavelme­nte venceria de qualquer das maneiras. Mas o ambiente que se criou foi extremamen­te injusto”. A União Europeia, segundo Hanlon, disse “sigam os processos legais”, mas “o que sabemos das eleições autárquica­s é que estes processos legais não funcionam nas eleições em Moçambique”.

O ministro de Angola, João Lourenço, esteve em visita a Moçambique, uma visita partidária e ele como cidadão angolano, está num outro Estado soberano e, o Estado moçambican­o, rege-se por uma Constituiç­ão própria, dentro da sua soberania, e não é admissível, que um ministro da Defesa e sobretudo uma pessoa que se pressupõe ser candidato para dirigir uma Nação, desrespeit­e os princípios de um Estado de Direito, desrespeit­e os princípios da soberania de uma nação

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BRITÂNICO JOSEPH HANLON

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