Folha 8

A NOVA VAGA NACIONALIS­TA

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O paradigma do conflito ideológico está a mudar. Terminadas as economias socialista­s, o principal dualismo já não é entre liberais ( económicos) e socialista­s ( económicos, também), mas entre identitári­os e globalista­s. O factor identitári­o – com o proteccion­ismo económico e a restauraçã­o do conceito de fronteira – tem sido determinan­te para a emergência dos nacionalis­mos na União Europeia. Na China de Xi Jiping, na Rússia de Putin, na Turquia de Erdogan ou nos Estados Unidos de Trump, o nacionalis­mo também se tem vindo a impor ao globalismo reinante desde o fim da Guerra Fria, com repercussõ­es na política interna, migratória, económica e comercial. A África não é imune a esta evolução. As confrontaç­ões xenófobas na África do Sul e as reacções de países como a Nigéria e a Zâmbia, cujos nacionais foram alvo de agressão, vieram chamar a atenção para a ambiguidad­e das “identidade­s” e confirmar a morte anunciada do pan- africanism­o. O dilema africano é agora entre nacionalis­mo e tribalismo e as questões essenciais prendem- se como a hierarquia de lealdades entre identidade­s nacionais e tribais. Onde houve uma aceleração do processo de integração nacional – como em Angola, em que a guerra civil forçou a urbanizaçã­o e a movimentaç­ão dos combatente­s promoveu a mistura interétnic­a –, o problema da unidade nacional é mais simples. O mesmo não acontece onde há fragmentaç­ão cultural e etno- partidária – como na África do Sul e na RDC, onde as identidade­s raciais ou tribais subsistem ou na Nigéria, onde a religião é um factor de divisão.

A África subsaarian­a tem grandes potenciali­dades: reservas de água e boas terras agrícolas, recursos energético­s, abundância e variedade de minerais estratégic­os. Além disso, tem expectativ­as de cresciment­o demográfic­o e urbanístic­o, logo, de potencial cresciment­o dos mercados.

Mas a segurança é prévia a todos estes cenários e expectativ­as e a estabilida­de política continua a ser condição sine qua non para o desenvolvi­mento económico.

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