A NOVA VAGA NACIONALISTA
O paradigma do conflito ideológico está a mudar. Terminadas as economias socialistas, o principal dualismo já não é entre liberais ( económicos) e socialistas ( económicos, também), mas entre identitários e globalistas. O factor identitário – com o proteccionismo económico e a restauração do conceito de fronteira – tem sido determinante para a emergência dos nacionalismos na União Europeia. Na China de Xi Jiping, na Rússia de Putin, na Turquia de Erdogan ou nos Estados Unidos de Trump, o nacionalismo também se tem vindo a impor ao globalismo reinante desde o fim da Guerra Fria, com repercussões na política interna, migratória, económica e comercial. A África não é imune a esta evolução. As confrontações xenófobas na África do Sul e as reacções de países como a Nigéria e a Zâmbia, cujos nacionais foram alvo de agressão, vieram chamar a atenção para a ambiguidade das “identidades” e confirmar a morte anunciada do pan- africanismo. O dilema africano é agora entre nacionalismo e tribalismo e as questões essenciais prendem- se como a hierarquia de lealdades entre identidades nacionais e tribais. Onde houve uma aceleração do processo de integração nacional – como em Angola, em que a guerra civil forçou a urbanização e a movimentação dos combatentes promoveu a mistura interétnica –, o problema da unidade nacional é mais simples. O mesmo não acontece onde há fragmentação cultural e etno- partidária – como na África do Sul e na RDC, onde as identidades raciais ou tribais subsistem ou na Nigéria, onde a religião é um factor de divisão.
A África subsaariana tem grandes potencialidades: reservas de água e boas terras agrícolas, recursos energéticos, abundância e variedade de minerais estratégicos. Além disso, tem expectativas de crescimento demográfico e urbanístico, logo, de potencial crescimento dos mercados.
Mas a segurança é prévia a todos estes cenários e expectativas e a estabilidade política continua a ser condição sine qua non para o desenvolvimento económico.