A HÓSTIA É UM ESTERÓIDE?
OMPLA, qual virgem ( de esquina de estrada) ofendida, mudou de líder mas continua igual. João Lourenço continua a preferir ser assassinado pelo elogio do que salvo pela crítica. Pode, contudo, estar descansado. Não será o Folha 8 a “assassiná- lo”. Para inglês ver, o Presidente recebe e condecora gente que, supostamente, lhe era hostil, gente que se pensava ter valor mas que, afinal, tem é preço.
Ou seja, recebeu e condecorou críticos do anterior governo ( do qual, aliás, foi figura de destaque) para, numa eficaz campanha de marketing, dizer: “Estão a ver, até eles concordam comigo”.
É claro que, sendo forte com os fracos, João Lourenço continua no essencial a seguir o ADN do partido que o formou e formatou, desencorajando “as tentativas de provocar distúrbios e instabilidade”, por aqueles que têm “um historial de destruição e desordem no país”.
Até chegar ao Poder, João Lourenço ( como todo o MPLA) tinha um inimigo que lhe tirava o sono, mesmo não passando de um fantasma: Jonas Savimbi. No entanto, descobriu que – pelo sim e pelo não – era urgente encontrar um ( ou mais) bode expiatório vivo para os possíveis fracassos, para a descoberta de muitos dos seus telhados de vidro, para justificar junto do Povo, mas sobretudo da comunidade internacional que lhe empresta milhões, a razão pela qual a montanha vai parir um rato. E então quem melhor do que a família Dos Santos ( que ele próprio reverenciava num paradigmático culto canino) para “desempenhar” esse papel? Sendo o patriarca já um ancião, João Lourenço elegeu os seus filhos, dando especial relevo a Isabel dos Santos que, mais a nível internacional, tem demonstrado que o reu vai nu e que quem nasce lussengue nunca chegará a ser jacaré… por muitos esteróides anabolizantes que lhe injectem. João Lourenço conta agora com novos aliados na sua suposta senda de justiceiro. Todos ( ou quase) os que criticaram ( desculpem a imodéstia, mas nesta matéria de críticas o Folha 8 está no pódio e mantém- se onde sempre esteve) José Eduardo dos Santos por décadas de actividades cleptocráticas estão agora rendidos a João Lourenço. Para estes, quem roubou uma vez é ladrão para sempre, e quem ficou a proteger o ladrão é um herói. E no rol de crimes figuram todos os roubos, mesmo os que não cometeu, mesmo os que o não foram por estarem respaldados na lei. Isabel ( dos Santos) passou a ser sinónimo de crime pela mão do “juiz” João Lourenço. “Juiz” que antes foi vice- presidente do MPLA, ministro de Dos Santos, propagandista da capacidade do “arquitecto da paz” e do “escolhido de Deus”.
O Folha 8 foi dos que mais criticou Isabel dos Santos. Continuaremos a fazê- lo se existir matéria de facto para isso. Mas se ladrão tanto é o que entra no galinheiro como o que fica à porta, quantas vezes o justiceiro João Lourenço, enquanto vice- presidente do MPLA, enquanto ministro, enquanto alto dirigente do partido, ficou à porta?
Quem roubou uma vez é ladrão para sempre, e quem ficou a proteger o ladrão é um herói. E no rol de crimes figuram todos os roubos, mesmo os que não cometeu”