Folha 8

ISABEL É A PECADORA E, OS OUTROS?

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Seria para nós fácil continuar a culpar Isabel dos Santos, tornando- a o único bode expiatório dos enormes crimes cometidos em Angola em dezenas de anos, branqueand­o os principais responsáve­is. Para além de fácil dar- nos- ia milhões de felicitaçõ­es por parte de João Lourenço. Talvez não tivéssemos peito para tantas medalhas…

Isabel dos Santos, enquanto empresária, chegou a ameaçar levar o Estado angolano a tribunal, depois da decisão do Presidente João Lourenço de anular contratos milionário­s que tinham sido entregues a empresas suas pelo ex- presidente do país, o seu pai. Convenhamo­s que Isabel dos Santos é suficiente­mente inteligent­e para saber que os tribunais angolanos, nesta como noutras matérias, se limitam a encontrar matéria de facto que consubstan­cie o veredicto que lhe seja ditado antes mesmo de analisar qualquer queixa. Era assim no tempo do seu pai, é assim agora no tempo de João Lourenço. Mais do que levar o Estado ( isto é, o MPLA) a tribunal, Isabel deveria contar- nos ( em livro, por exemplo) tudo o que sabe da promiscuid­ade criminosa entre dirigentes do partido/ Estado/ Governo, entre o seu pai e João Lourenço, os acordos firmados, o papel dos serviços de informação etc. etc..

Onde estão as cópias dos dossiers sobre o actual Presidente da República, uma espécie de “Paradise Papers of João Lourenço”?

Certo é que quando se perde o Poder a maioria dos acólitos saltam a barricada. Não serão muitos, mas ainda são relevantes, os que consideram que as decisões em catadupa que estão a ser tomadas pelo Presidente da República, João Lourenço, são uma caça às bruxas no MPLA e sobretudo uma lavagem da sua imagem, quase parecendo que ele nada tem a ver com o MPLA e que só agora chegou à política angolana. Isabel dos Santos não gostou, por exemplo, da anulação do contrato de construção do Porto da Barra do Dande, orçamentad­o em 1500 milhões de dólares, que tinha sido atribuído a uma empresa sua, por decisão do seu pai mas, é claro, apoiada sem hesitações por… João Lourenço, enquanto vice- presidente do MPLA e ministro.

O Estado/ MPLA também anulou o contrato de compra e venda de diamantes brutos que a empresa pública angolana Sodiam tinha com a Odyssey Holding, outra sociedade da empresária que tem sede nos Emirados Árabes Unidos. Outra sociedade “politicame­nte subscrita e caucionada” por Dos Santos e João Lourenço.

Enfim. Nada nesta novela espanta. Espanta, isso sim, o êxito da estratégia de João Lourenço que, com algumas jogadas de mestre, conseguiu trazer para o seu lado da barricada muitos, quase todos, jornalista­s que – tanto quanto parece – só têm por missão acertar ( agora que está prostrado) contas com o clã Eduardo dos Santos, mesmo que tenham de violar a sua mais importante missão: a verdade. Entretanto, o Chefe de Estado, que se faz acompanhar da primeira- dama, Ana Dias Lourenço, visitou oficialmen­te o líder da Igreja Católica. Teve, com certeza, tempo para, tomar uma hóstia e ser absolvido – sem penitência – de todos os pecados que já cometeu. Mas será que uma só hóstia chegará?

Quando se perde o Poder a maioria dos acólitos saltam a barricada. Não serão muitos, mas ainda são relevantes, os que consideram que as decisões em catadupa que estão a ser tomadas pelo Presidente da República, João Lourenço, são uma caça às bruxas no MPLA e sobretudo uma lavagem da sua imagem, quase parecendo que ele nada tem a ver com o MPLA e que só agora chegou à política angolana”

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