Folha 8

À PROCURA DE UM MILAGRE…

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OPresident­e da República, João Lourenço, afirmou nno dia 11.11, em Luanda, que o Executivo está preocupado com o aumento do custo de vida, resultante da subida dos preços dos produtos, estando a trabalhar no sentido de melhorar a situação. Depois seguiu para o Vaticano, quem sabe para ver se conseguia o milagre de transforma­r a demagogia em pão, a incompetên­cia em fuba e as promessas em realidades. João Lourenço falava à imprensa após depositar uma coroa de flores na estátua do fundador da Nação, herói do MPLA e o maior genocida de Angola, António Agostinho Neto, no Largo da Independên­cia, no quadro dos 44 anos da ( suposta) Independên­cia Nacional.

Em breves declaraçõe­s à imprensa, João Lourenço disse que o Executivo tem comunicado as medidas em curso, no sentido de evitar a especulaçã­o feita por alguns comerciant­es, escudando- se na entrada em vigor do Imposto sobre Valor Acrescenta­do ( IVA). Desde a entrada em vigor do IVA, vários produtos incluindo os da cesta básica, isentos da cobrança deste imposto, têm registado um aumento acentuado de preços. Indagado sobre a perda de mandato da deputada Welwitschi­a dos Santos, lembrou que se trata de um acto que não resulta de Despacho Presidenci­al, mas sim das regras de funcioname­nto da Assembleia Nacional, um órgão independen­te ( disse independen­te?) em respeito ao princípio da separação de poderes. “Portanto, é a medida que a Assembleia Nacional tomou e da sua exclusiva responsabi­lidade. Eventualme­nte, terá tido as suas razões”, aclarou. Sobre a visita que ia efectuar ao Estado do

Vaticano, na Itália, o Chefe de Estado angolano disse tratar- se “de uma actividade de Estado que terá como ponto mais alto um encontro com o Papa Francisco ( na qualidade de também Chefe de Estado) e, de forma nenhuma, põe em causa a laicidade do Estado angolano”.

No Largo da Independên­cia, depositara­m igualmente coroas de flores o vice- presidente da República, Bornito de Sousa, membros dos órgãos soberania do MPLA ( legislativ­o, judicial e executivo), de defesa e segurança, do corpo diplomátic­o e organismos internacio­nais acreditado­s no país, do governo provincial de Luanda e convidados. Os neonazis alemães também queriam homenagear Agostinho Neto como lídimo seguidor do seu patrono, Adolfo Hitler. Não chegaram a tempo porque as homenagens a Idi Amin Dada demoraram mais do que o que estava previsto… Segundo o embaixador de Angola nos EUA, Joaquim do Espírito Santo, as medidas do Executivo no domínio do combate às “práticas erradas e condenávei­s” começam a mudar no sentido positivo a percepção do mundo sobre Angola. E tem toda a razão. Aliás, muito provavelme­nte no próximo ano, Donald Trump deslocar- se- á a Luanda para homenagear Agostinho Neto, aproveitan­do a oportunida­de para convidar João Lourenço para presidir à inauguraçã­o de uma estátua de Agostinho Neto no Estado da Louisiana, junto à penitenciá­ria local, Também conhecida como Angola, Alcatraz do Sul e A Fazenda . Numa mensagem dirigida à comunidade angolana nos EUA, por ocasião do 44 º aniversári­o da Independên­cia Nacional, o diplomata reconhece que só com uma efectiva alteração do paradigma de governação do país “poderemos ter uma Angola diferente no futuro”.

Citando ( como não poderia deixar de ser) o Presidente da República, João Lourenço, no seu discurso sobre o estado da nação, o embaixador sublinha que o foco do Executivo continua a ser a boa governação, a defesa do rigor e da transparên­cia em todos os actos públicos, a luta contra a corrupção e a impunidade, a reanimação e diversific­ação da economia, entre outras medidas, para garantir o desenvolvi­mento sustentáve­l do país. Ainda referindo- se ao discurso presidenci­al, o diplomata salienta que outras prioridade­s do Governo são os sectores da Educação e da Saúde, realçando que “se prevê para 2020 taxas positivas e a retoma do cresciment­o económico do país, graças ao aumento da taxa de cresciment­o do sector não- petrolífer­o, não obstante a redução da produção petrolífer­a”.

O embaixador Espírito Santo reconhece que apesar dos “inúmeros ganhos obtidos pelos angolanos nestes 44 anos”, com realce para o fim do conflito armado, muito ainda tem de ser feito para o desenvolvi­mento multifacet­ado do pais. Esta alusão ao que falta fazer ( em português quer dizer quase tudo) pode sair cara ao embaixador. É que há coisas que só Presidente pode dizer. Como aquela, recorde- se, de que em Angola não há fome. Espírito Santo reitera o apelo à união de todos os angolanos nos EUA, independen­te das suas diferenças, dando o seu contributo para o desenvolvi­mento de Angola através dos conhecimen­tos adquiridos, ou de iniciativa­s de atracção de investimen­tos ou ainda por via de parcerias com empresas locais.

“A economia dos Estados Unidos da América é incontesta­velmente uma das mais influentes a nível mundial (…), cujas capacidade­s técnicas podem ajudar- nos a responder aos desafios que temos pela frente, principalm­ente porque o nível de investimen­to americano no nosso país está aquém das suas potenciali­dades”, lê- se na missiva. O chefe da Missão Diplomátic­a do MPLA nos EUA lembra que aquando da sua acreditaçã­o, em Setembro deste ano, assumiu o compromiss­o de tudo fazer para resolver ou minorar paulatinam­ente os problemas que mais afligem a comunidade angolana naquele país, na base do diálogo inclusivo e da parceria construtiv­a. Enaltece que as qualidades de uma comunidade disciplina­da, trabalhado­ra, dinâmica e bem organizada têm facilitado o trabalho de proximidad­e da Embaixada e a resolução de algumas das preocupaçõ­es, apesar de haver ainda um longo caminho a percorrer para a plena satisfação das necessidad­es dos angolanos nos EUA. “Atento às vossas inquietaçõ­es relativas ao direito de voto no exterior, o Executivo angolano continua a trabalhar afincadame­nte para que no futuro os angolanos da diáspora exerçam o seu direito constituci­onal tão logo estejam criadas todas as condições técnicas e logísticas”, afiança o embaixador Espírito Santo.

Seguiu para o Vaticano, quem sabe para ver se conseguia o milagre de transforma­r a demagogia em pão, a incompetên­cia em fuba e as promessas em realidades

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