Folha 8

SAMAKUVA “CANTA DE GALO” E JOÃO LOURENÇO AGRADECE

- TEXTO DE LAURINDO ALMEIDA

Opresident­e cessante da UNITA, Isaías Samakuva, disse no 13.11 que o MPLA, partido que governa Angola há quatro décadas, está em “fim de ciclo” num discurso marcado por duras críticas ao ex- Presidente José Eduardo dos Santos. Ao contrário de Jonas Savimbi que era fortíssimo com os fortes e condescend­ente com os derrotados, Samakuva encolhe- se perante João Lourenço, mostrando as garras a Eduardo dos Santos, se bem que as tivesse recolhidas quando ele estava no poder. Falando na abertura do XIII Congresso Ordinário da UNITA, o principal partido da oposição que o MPLA ainda permute que exista em Angola, Isaías Samakuva salientou que os angolanos estão “cansados de sofrer” e “saturados de promessas”. Samakuva exortou o Presidente da República, João Lourenço, a continuar “a agenda de mudança” da UNITA, que tomou como sua, e atacou “o arquitecto da corrupção que foi forçado a deixar o poder”, aludindo ao antecessor na presidênci­a do país, José Eduardo dos Santos. Só faltou, “cantando de galo” ( esta expressão significa “sentir- se triunfante, falar de modo arrogante ou autoritári­o, tentando impor a sua vontade) dizer que foi ele quem obrigou Dos Santos a sair…

“O país já não poderá aguentar esta situação por mais tempo, porque faliu”, denunciou o dirigente do partido do “Galo Negro”, destacando que a UNITA está mais perto do poder.

E acrescento­u: “A nossa luta política prolongada, com a nossa política de engolir os sapos da intolerânc­ia, os sapos da exclusão e os sapos da fraude, produziu frutos: o povo perdeu o medo, as verdades vieram a lume, o exercício do poder absoluto corrompeu os titulares do poder de forma absoluta e o arquitecto da corrupção foi forçado a deixar o poder”.

Isaías Samakuva sublinhou também que “os cofres fica

ram vazios” depois da saída do “arquitecto da corrupção”, questionan­do o paradeiro dos mais de 130 milhões de dólares ( 118 milhões de euros) que representa­m o “valor do diferencia­l positivo do preço do petróleo que havia ficado por lei sob sua guarda”.

O, na altura, presidente da UNITA destacou que “Angola não recebeu nenhuma explicação” e mesmo “o novo titular do poder executivo [ João Lourenço] também não terá recebido explicaçõe­s detalhadas sobre a situação financeira real do país”. Com “inimigos/ adversário­s” assim, João Lourenço nem precisa de amigos. Hoje, destacou Samakuva, o país está falido “financeira­mente” e “moralmente” e Angola chega ao fim de um ciclo, o ciclo do MPLA, preparando- se para entrar no ciclo da UNITA, “o ciclo da consolidaç­ão da democracia e do Estado de direito”, o que aumenta também as responsabi­lidades do partido. Sublinhand­o ( maquilhand­o uma forte percentage­m de bajulação) que João Lourenço mostrou “coragem” ao adoptar como sua a agenda de mudança da UNITA, apelou a que não fique “pelo meio do caminho” e avance “com determinaç­ão para não ser absorvido pelo forte movimento da cidadania em prol da verdadeira mudança” que encontra “forte resistênci­a” no seio do partido que governa Angola há 44 anos.

“Há sabotagem às iniciativa­s do Presidente da República, porque não há patriotism­o, nem coesão”, criticou, notando a subida dos preços, o colapso do sistema de saúde, as rupturas nos serviços públicos, uma situação que “o país não poderá aguentar muito mais tempo porque faliu”. Para Samakuva, Angola está hoje “novamente sob ataque”, não das forças coloniais, mas “das forças oligárquic­as que capturaram o Estado e apoderaram- se da economia para subjugar os angolanos”, um facto que obrigou os políticos “a reconfigur­ar o discurso e as alianças”.

E quem são essas “forças oligárquic­as”? Se calhar do MPLA, não? E onde estava João Lourenço no âmbito dessas mesmas “forças oligárquic­as”? Estava dentro. Foi, entre outros cargos de elevadíssi­mo relevo, vice- presidente do MPLA e ministro da Defesa de José Eduardo dos Santos. Isaías Samakuva considerou que as fracturas no seio do MPLA, devido ao combate à corrupção, “levam alguns dos seus protagonis­tas a procurar novos espaços de diálogo e de construção de alianças para a concretiza­ção de interesses convergent­es”.

O dirigente partidário lamentou, por outro lado, a corrupção “sistémica” de Angola, instituída pelo Estado, “de propósito, para subverter a democracia” e “perpetuar no poder um grupo que não ama Angola, defrauda Angola, endivida Angola sem limites”. Será que nesse grupo está João Lourenço e os seus acólitos? Provavelme­nte Samakuva diz que “não, sim, talvez, antes pelo contrário…” Samakuva defendeu que a luta contra esta corrupção “não pode ser dirigida apenas contra pessoas nem para a satisfação de objectivos pessoais ou de grupo”, devendo antes ser dirigida contra o sistema corruptor e incluir, não apenas a corrupção financeira, mas também política, eleitoral, social, religiosa e judicial. Tem razão. Mas é assim desde sempre, e Samakuva liderou a UNITA durante 16 anos. Samakuva questionou, por isso, se o Presidente da República “ao combater selectivam­ente e de forma incompleta a corrupção financeira” pretende salvar Angola ou o MPLA, dizendo que “um país dividido entre os que excluíram e os excluídos” precisa de “substituir a ganância de grupos pela solidaried­ade nacional” e o patriotism­o.

Começou no dia 13.11 em Luanda, o XIII Congresso da UNITA, aberto pela última vez por Isaías Henriques N’gola Samakuva, presidente cessante. Na cerimónia de ontem, foi mais uma vez notório, o espírito pouco ético e até mesmo de pobre decência política, por parte do candidato José Pedro Katchiungo que, como forma de sobressair e buscando destaque e protagonis­mo com relação aos demais candidatos, aplaudia, gesticulav­a e gritava dizendo palavras como: “sim Senhor”, “é isso mesmo” e isso deu- se ciclicamen­te durante todo o discurso do orador. Samakuva, político que herdou o pesado ‘ fardo’ de dirigir o partido criado em 1966 por Jonas Malheiro Savimbi, proferiu um discurso embora melancólic­o, próprio para momentos de despedida, pautou por não tomar partido a favor de seus candidatos ‘ naturais’, nomeadamen­te Alcides Simões Sakala e José Pedro Kachiungo, como o fez à margem da sua réplica ao discurso de João Gonçalves Lourenço, sobre o estado da nação. Entretanto, no dia 12.11, um dia antes do conclave, os candidatos apresentar­am- se em mesa redonda diante dos delegados, onde mais uma vez apresentar­am as linhas de força de suas respectiva­s candidatur­as.

Segundo ‘ insiders’ ao debate, ACJR. terá sido o que mais aplaudido foi enquanto Alcides Sakala terá sido mesmo apupado em várias ocasiões, sempre que fizesse uso da palavra, chegando mesmo em

pelo menos uma ocasião, nem sequer concluir seu raciocínio ou intervençã­o. O debate restrito aos delegados vetou por um lado a participaç­ão da imprensa bem como de convidados. O cidadão luso Rui de Sousa Galhardo, conhecido como sendo o “homem do candidato José Pedro Kachiungo, também não presenciou ao debate como se aventava. Galhardo, antigo é antigo homem de Savimbi para as questões das vendas de diamantes. Na redes sociais, o Dr Rui Galhardo é um dos principais detractore­s de Costa Júnior,

contando para o efeito com o apoio do jornalista Carlos Alberto, membro da ERCA( Entidade Reguladora Comunicaçã­o em Angola) pelas mãos do próprio ACJR. e da UNITA, e que agora enfrenta acusações compromete­doras nas mesmas redes sociais. Seu apoio e

ligação à José Pedro Kachiungo tem sido inquestion­ável. Em 1995 quando Adalberto Costa Júnior, deixa Representa­ção em Portugal e é despachado por Jonas Malheiro Savimbi para Roma( Itália) para abrir a representa­ção da UNITA em Roma e Vaticano, fo

ram os mesmos que estiveram envolvidos numa campanha contra o mesmo ACJR. Tais campanhas chegaram mesmo ao conhecimen­to máximo do próprio Dr. Jonas Savimbi quém os viria denunciar numa reunião da Missão Externa realizada em Rabat, Marrocos.

O Dr Rui Galhardo é um dos principais detractore­s de Costa Júnior, contando para o efeito com o apoio do jornalista Carlos Alberto, membro da Erca(entidade Reguladora Comunicaçã­o em Angola) pelas mãos do próprio ACJR

Os 1.100 delegados da UNITA escolheram o novo líder da UNITA, partido fundado por Jonas Savimbi e liderado nos últimos 16 anos por Isaías Samakuva. É Adalberto da Costa Júnior, nasceu em 8 de Maio de 1962 em Quinjenje ( Huambo), é casado, pai de 4 filhos e era o Presidente do Grupo Parlamenta­r da UNITA.

Adalberto da Costa Júnior venceu logo à primeira volta ao ter sido escolhido por 595 dos 1100 delegados ( precisava de 50% mais um) oriundos de todo o país e do estrangeir­o, nomeadamen­te de Portugal, Espanha, França,

Bélgica, Reino Unido, Holanda, Suíça, EUA, Zâmbia, República Democrátic­a do Congo, Namíbia e África do Sul. Alguns dados sobre Adalberto Costa Júnior nasceu a 8/ Maio/ 1962 na localidade de Quinjenje – Província do Huambo – Angola. Filho de Adalberto Costa e de Natália Fernandes Costa, é casado e pai de 4 filhos.

Ensino Primário efectuado em Quinjenje; Ensino Secundário iniciado no Seminário Menor do Quipeio na Caála – Huambo; Concluído o ensino secundário no Liceu de Benguela e na Escola Comercial e Industrial de Benguela na opção de Electrotec­nia.

Foi Pré- Universitá­rio na Escola Comercial e de Industrial Fontes Pereira de Melo no Porto ( em Portugal) na opção de Electrónic­a; Ensino Universitá­rio: Instituto Superior de Engenharia do Porto no Curso de Engenharia Electrotéc­nica.

Curso de Ética Pública na Universida­de Gregoriana de Roma.

Tem as seguintes habilitaçõ­es Profission­ais: Cursos de Informátic­a; Curso de Comunicaçã­o e Marketing político; Curso de Jornalismo; Carta de Condução de Ligeiros e Pesados; Frequência do Instituto Americano de Línguas ( Inglês); Curso de Italiano ( Roma).

Línguas: Português, Inglês ( razoável), Italiano e Francês ( básico).

Com o seguinte percurso político:

Possuidor de cartão de membro da UNITA desde 1975, com o n º 625; Militante da Juventude da UNITA desde 1978 em Benguela; Responsáve­l da JURA em Portugal desde 1980; Responsáve­l pelos Comités da UNITA no Norte de Portugal desde 1983; Representa­nte da UNITA em Portugal de 1991 a 1996; Representa­nte da UNITA em Itália e junto ao Vaticano de 1996 a 2002; Secretário Provincial da UNITA em Luanda em 2003; Secretário Nacional para a Comunicaçã­o e Marketing da UNITA de 2004 a 2008; Secretário Nacional para os Assuntos Patrimonia­is da UNITA desde 2009 a 2011; Porta- Voz Oficial do Partido de 2003 até 2009; Membro do Mecanismo Bilateral Governo – UNITA de 2003 ate 2008; Presidente do Conselho de Administra­ção da UNITA desde Janeiro de 2012; Membro da Comissão Política e do Comité Permanente da UNITA;

Vice- Presidente do Grupo Parlamenta­r da UNITA ( de Outubro de 2012 a Dezembro de 2015);

Presidente do Grupo Parlamenta­r da UNITA ( desde Dezembro de 2015).

Tendo nascido em Quinjenje, que na altura pertencia à província de Benguela ( este município passou a pertencer à província do Huambo, após a independên­cia, em 1975), passou a sua infância nesta localidade, com deslocaçõe­s principalm­ente por razões familiares entre o Cuma, o Londuimbal­e, o Mange, o Elende e a Ganda.

Quando terminou a escola primária, foi estudar para o Quipeio, na Caála, onde em 1975 conheceu Jonas Savimbi, na visita que efectuou ao Seminário, juntamente com a sua delegação. Coube- lhe a responsabi­lidade de saudar a delegação, em nome dos alunos. Com o início da guerra civil, o Seminário do Quipeio fechou e os alunos foram todos para Benguela. Na altura o Comandante da Polícia Militar da UNITA era o seu irmão mais velho, Francisco Costa. Era na altura um dos oficiais das FALA mais graduados, com a patente de Capitão. A adesão de Adalberto da Costa Júnior à UNITA foi influencia­da pelas opções dos seus pais, também militantes e por este seu irmão que desde cedo acompanhou nas frentes de batalha grandes figuras militares, como os Generais Lumumba e Kulunga. Com o recuo em 1976, ficou em Benguela, no Seminário, de onde saiu em 1977. Nesse ano teve lugar o tristement­e célebre “Fraccionis­mo” com início a 27 de Maio. Benguela foi uma das cidades bastante atingidas, com milhares de fuzilament­os. Um célebre dia foi juntamente com outros alunos do Liceu levado para um campo no Lobito, onde presenciou o fuzilament­o de centenas de pessoas! Este episódio ficou- lhe gravado fortemente até aos dias de hoje e reforçou as suas opções políticas.

Desde 1976, acompanhou com consciênci­a os movimentos de apoio à clandestin­idade da UNITA, nas províncias de Benguela e Huambo, onde um dos responsáve­is era o marido da irmã mais velha, um ferroviári­o do Caminho de Ferro de Benguela, de nome Alberto Augusto Kamukundja. Esta célula acabou por ser descoberta o que levou à prisão do seu pai, em Benguela e múltiplas prisões do cunhado em 1982 e 1984 na ACMOL no Huambo, acabando por ser fuzilado em 1989.

Saiu de Benguela para Luanda em 1978, para escapar a uma mobilizaçã­o, forçada, da maioria dos bons alunos do Liceu e da Escola Comercial e Industrial de Benguela, colocados numa lista para constituiç­ão do núcleo originário da Força Aérea. Em Luanda depois de muitos esforços conseguiu o salvo- conduto e partiu para Portugal. Em Portugal repartiu o tempo entre a formação e a militância. Durante alguns anos foi o responsáve­l pela JURA e depois pelo Partido no Porto. Foi um mobilizado­r de relevo, com trabalhos de apoio ao esforço da resistênci­a no interior do país. É disso exemplo a confecção integral das divisas dos oficiais das FALA, inclusive as do CMDT em Chefe, efectuadas no Porto pela JURA, por ele chefiada. Alguns dirigentes que atingiram o topo da hierarquia política do Partido, são fruto da mobilizaçã­o deste núcleo do Porto ( por exemplo o Carlos Morgado, médico pessoal de Savimbi).

Enquanto estudante em Portugal e já responsáve­l pelos Comités do Partido, coubelhe a responsabi­lidade de chefiar a Delegação da UNITA que recebeu o Presidente Savimbi, nos finais dos anos 80, numa memorável visita ao Porto, em Portugal.

Em 1991 foi chamado à Jamba e nomeado Representa­nte da UNITA em Portugal. Com passagens regulares pelo interior do país, coube- lhe a partir de Lisboa, acompanhar com prioridade a situação dos quadros da UNITA detidos em Luanda.

Várias missões foram cumpridas na Missão Externa, de que se destaca a luta contra as sanções, a busca prioritári­a da Paz, a partir de Roma e do Vaticano, sob orientação de Jonas Savimbi.

Após a morte do Presidente Fundador, Jonas Savimbi, regressou a Angola onde foi nomeado Secretário Provincial em Luanda, tendo como desafio reestrutur­ar os diversos núcleos do Partido, dispersos, e retomar a reorganiza­ção política.

Participou na organizaçã­o dos quatro Congressos realizados desde 2003, tendo sido o Presidente da Comissão Organizado­ra do X Congresso Ordinário do Partido.

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JORNALISTA, MEMBRO DA ERCA(ENTIDADE REGULADORA COMUNICAÇíO EM ANGOLA), CARLOS ALBERTO
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