TODOS DIZEM O QUE O PATRÃO QUER OUVIR
Em 14 de Dezembro de 2017, o gestor de concessões da petrolífera Sonangol, António Feijó Júnior, considerou que “o petróleo não pode ser o único recurso do país” e garantiu que as críticas das operadoras internacionais estavam a ser resolvidas. Ou seja, com a chegada ao Poder de João Lourenço todos estão a descobrir a pólvora…
“O petróleo não pode ser o único recurso do país, primeiro porque limita o próprio desenvolvimento, depois porque é um produto finito e poluidor, e Angola não pode ter só esse produto em comercialização, até porque há políticas energéticas mundiais que vão restringir o financiamento à indústria petrolífera”, disse António Feijó Júnior. Entrevistado no dia do lançamento do livro “Petróleo, uma indústria globalizada”, na sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa ( CPLP), o director do departamento da Sonangol considerou que a importância do “ouro negro” vai diminuir com o passar dos anos. “A matriz energética vai- se alterar, hoje o petróleo tem muita importância mas não a terá daqui a alguns anos, o gás está a tornar- se mais importante, as centrais nucleares vão evoluir, e as fontes renováveis também, por isso Angola não pode continuar dependente” desta matéria- prima, sublinhou. O melhor caminho, acrescentou, passa também pela necessidade de diversificar a economia, um desígnio que é agora partilhado por todos os angolanos: “Neste momento sente- se que as pessoas, o país no seu todo, está muito interessado em produzir e por as outras riquezas ao serviço do próprio país, o interesse na diversificação é agora mais acentuado”. Já houve, admitiu, “falhas, não fomos bem sucedidos na diversificação, mas o caminho está traçado e agora continua, com mais acutilância e necessidade desde o choque petrolífero de 2014; antes tivemos outros choques mas a lição não foi bem aprendida, talvez porque o choque [ dos preços baixos do petróleo] não foi tão longo”. Os diamantes, os minerais e até a agricultura devem beneficiar das receitas provenientes do petróleo, cujo fim, defendeu António Feijó Júnior, é “impulsionar a diversificação e não continuar a ser a galinha dos ovos de ouro”.