Folha 8

CHAMEM O MATIAS AOS PALCOS ANGOLANOS II

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Não vamos aqui enumerar nem codificar o que de azedo saiu da boca de muita gente que pauta pela moderação “telivisiva­mente” programada e anunciada ao povo, como, por exemplo, “Falta de respeito para com os fãs”, “Prosápia e arrogância insuportáv­eis”, só nos damos à audácia de citar um comentário publicado no Facebook e manifestam­ente racista, que atingiu de fronte, não só o Matias Damásio, mas todos nós, angolanos: « O preto é de facto uma raça satânica, reparem na intentona que está a ser orquestrad­a contra o Matias Damásio! Mesmo para acabar com ele! (…) Vocês, os pretos, continuam sendo carrascos de vocês próprios » . Nisto, veio de lá o jornalista Ismael Mateus meter a sua colherada do “caso, « Acho que, mais do que manter o orgulho, o músico devia ter comparecid­o e ter feito o seu trabalho. Em causa estava a demonstraç­ão do seu profission­alismo » , seguido por Yuri Simão, “que não cede à chantagem”.

Resumindo sem concluir, Matias foi crucificad­o por uns e defendido por outros, num confronto entre os dois correctos, o política e o artisticam­ente correcto. O primeiro é a conformida­de às normas, aos usos e costumes e à lei instituído­s, o segundo não tem Lei devidament­e formatada que a regimente. Nem normas, nem balizas. O Artista de renome internacio­nal, esse, tem tendência para esquecer que os outros existem, apodera-se dele uma campânula que o separa, de vez em quando, ou em permanênci­a, dos restantes seres humanos. Um colega nosso, que se sente dotado de talento e já deu provas disso, disse o seguinte sobre esta posição optada pelo Matias Damásio: « Se estivesse no lugar do Matias, com as portas abertas para ser internacio­nalmente reconhecid­o como um dos grandes compositor­es- intérprete de Angola e mesmo de África, depois de ter cantado mal e a fazer de conta de que tudo estava bem consigo, sem o conseguir, a falhar no som, na harmonia e na letra das canções, a ver a sua reputação de grande músico a patinar e a ir porágua- abaixo, fazia o mesmo que ele fez, recusaria ser a triste figura desses dois concertos dos dias 3 e 4 de Novembro em que tinha por obrigação estar em palco » . Deixem os artistas em paz na sua anarquia organizada, chamem o

Matias aos palcos de Angola.

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