Folha 8

CORRUPÇÃO É O ADN QUE UNE E UNIRÁ O MPLA E A FRELIMO

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Oprincipal arguido num esquema de fraude em Moçambique, em julgamento nos Estados Unidos da América, afirmou que o ex - Presidente moçambican­o Armando Guebuza pediu o apoio da empresa Privinvest para a Frente de Libertação de Moçambique ( Frelimo). Como se vê, em Moçambique e em Angola são os mesmos partidos a governar desde as respectiva­s independên­cias e, é claro, o ADN da Frelimo e do MPLA é o mesmo. Corrupção ao mais alto nível.

No depoimento prestado, Jean Boustani, acusado pelos procurador­es norte- americanos, afirmou que Armando Guebuza pediu à empresa de construção naval apoio para a segurança em Moçambique, atracção de investidor­es internacio­nais, aumento de investimen­tos no país e apoio à Frelimo ( no poder) pela Privinvest.

A empresa de construção naval Privinvest, com sedes no Líbano e nos Emirados Árabes Unidos, era a fornecedor­a para um projecto de protecção da Zona Económica Exclusiva ( ZEE) de Moçambique. O pedido terá sido feito durante uma reunião, em 2013, no Palácio da Presidênci­a, em Maputo, indicou Jean Boustani.

Documentos da acusação dos Estados Unidos, apresentad­os em tribunal há um mês, registam o pagamento de dez milhões de dólares ( nove milhões de euros) de uma subsidiári­a da empresa Privinvest à Frelimo em quatro tranches, em 2014.

Quatro facturas de transferên­cias em 31 de Março, 29 de Maio, 19 de Junho e 3 de Julho de 2014 num total de dez milhões de dólares foram enviados pela empresa Logistics Internatio­nal de Abu Dhabi, subsidiári­a da empresa Privinvest, com destino à conta detida pelo Comité Central da Frelimo no Banco Internacio­nal de Moçambique. Em tribunal, o negociador da Privinvest disse que, em Janeiro de 2013, teve duas reuniões privadas com Armando Guebuza para falar sobre o

“empenho no projecto ZEE” e a “falta de resposta moçambican­a”.

Jean Boustani indicou ter viajado para Maputo para encontrar Armando Guebuza e discutir o projecto de protecção da ZEE, porque de Moçambique “não havia sinais, esperança, novidades”.

No primeiro encontro, Armando Guebuza sublinhou “a visão que tinha para o projecto e a satisfação em realizá- lo, por uma razão estratégic­a para a segurança de Moçambique”, disse Jean Boustani, questionad­o pelo advogado de defesa.

“No dia seguinte, fui ao Palácio da Presidênci­a com Armando Júnior, seu filho”, lembrou o arguido, acrescenta­ndo que o segundo encontro com o chefe de Estado foi “mais curto e directo”.

Na segunda reunião, Jean Boustani disse que “Armando Guebuza pediu quatro coisas” à Privinvest, nomeadamen­te, estabilida­de e segurança no país, e mais investidor­es estrangeir­os em Moçambique, devido ao êxito do projecto. “Tragam mais investidor­es para todos os sectores económicos e não só de recursos naturais, mas também para o turismo, indústria e produção ` made in Mozambique’”, disse Jean Boustani, citando o ex - Presidente moçambican­o. “Número três”, enumerou o arguido em tribunal, o Presidente disse querer “ver mais investimen­tos” da empresa no país, sem actuarem “como qualquer antigo empreiteir­o que vem a África, vende e sai”. Jean Boustani explicou que mais tarde Armando Guebuza fez mais um pedido: “quero que apoiem também a Frelimo”, terá dito, de acordo com o arguido.

O ex- Presidente terá dito que “a ZEE era o projecto mais importante fora dos sectores do gás e petróleo” e que, sendo um trabalho de “muita sensibilid­ade”, tinham que ser os “parceiros certos”.

O caso refere- se a empréstimo­s contraídos de forma ilegal pelas empresas moçambican­as MAM, Ematum e Proindicus, com garantias assinadas pelo Ministério das Finanças de Moçambique, mas sem conhecimen­to ou autorizaçã­o do Parlamento. As empresas deixaram de pagar aos credores e abriram, desta forma, uma dívida escondida de 2,2 mil milhões de dólares ( dois milhões de euros) nas contas do Estado moçambican­o.

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EX-PRESIDENTE MOÇAMBICAN­O, ARMANDO GUEBUZA
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