O LEGADO E A JOVIALIDADE DA OAA
Respeitamos o legado e a história dos nossos mais velhos advogados e nutrimos a estas figuras colossal admiração e estima. Pois, têm um percurso árduo e inestimável na Ordem dos Advogados de Angola(oaa) e particularmente no Conselho Provincial de Benguela que está assente na nossa memória colectiva como indescritível inapagável e eterno.
“Os advogados têm uma herança, da qual nos congratulamos, pois é caracterizada por um testamento; assim se preserva a liberdade do donatário e a indeterminação da doação, como um reservatório de possíveis e permite-nos, em democracia, arbitrar entre prioridades do presente, experiência do passado e exigências do futuro que se entendem da missão aceite, do encargo assumido, e instruído na confiança - mais do que gerir na urgência- que permita a durabilidade da herança que se transmite às gerações futuras”. Extracto do programa eleitoral da lista A.
Não somos um grupo de arruaceiros e aventureiros, muitas vezes, a alternância, a ousadia e o “sangue novo” são interpretados como confusão e indisciplina. É verdade, que ao longo desta campanha eleitoral registaramse acções repugnantes. Porém, é a “irresponsabilidade” da jovem, aliás, Vossas Excelências já foram jovens e entendem isso. Longe de justificar o injustificável, apenas dizer que não é e nunca será o nosso foco. Ainda assim desculpas profundas pelos excessos. Obviamente, que não há uma ruptura a história e ao legado construído com suor e lágrimas dos nossos mais velhos advogados. Por isso, as lições do passado, conselhos e correcções do presente, construamos um Conselho coeso, unido e respeitado. Sem mais delongas uma última palavra aos jovens advogados e candidatos à advocacia. Não somos contra o ingresso de mais jovens a classe. Todavia, precisamos estudar muito mais e melhor, exercer a nossa actividade com urbanidade, deontologia profissional e espirito de missão nobre, curando os doentes e sedentos de justiça.
Uma vez li um trabalho de um politólogo africano que destacava a tendência dos dirigentes do continente em classificar os seus opositores com nomes de animais: desde jacarés, hienas, cães, ratos, pássaros, etc. Ja Kadhafi chamara a oposição armada de ratos.
Angola não foge a regra, não fôssemos um país africano. Creio que desde a luta armada, nós xingamos politicamente os opositores com epítetos avassaladores: cobra era um deles, que me lembro bem logo nos primórdios da independência. Já não me lembro de outros.
O pior deste hábito político- cultural foi o uso descontextualizado do provérbio “O CABRITO COME ONDE ESTÁ AMARRADO”. Trasladar um provérbio rural, do contexto restrito da sanzala para uma nação inteira, e fazer dele sintagma de governação, representa prova de ignorância política, má- fé e oportunismo. Portanto, os dirigentes africanos têm de ter mais cuidado e ponderar em que circunstâncias vão utilizar um provérbio ou criar uma metáfora, isto é, uma comparação entre um ser vivo ou objecto da vida e o estado da nação.
É que, às vezes, não estamos no mesmo avião. Ou, se bem ponderadas as coisas, o povo da Angola profunda ( incluído o dos muceques) não viaja de avião. Aqui ficaria mais certeiro utilizar a imagem do candongueiro. Que não tem cintos para apertar e onde os dirigentes só viajam uma vez na vida com uma humorista para inglês ver.