JOSÉ LUÍS MENDONÇA APRESENTA “SE OS MINISTROS MORASSEM NO MUCEQUE”
O escritor angolano José Luís Mendonça apresenta a 19 de Dezembro no auditório Pepetela do Centro Cultural Português, o seu mais recente romance “Se os ministros morassem no muceque” uma versão reformulada do romance “O reino das casuarinas” lançado em 2014.
Quando, em 2014, o crítico literário Rodrigues Vaz escreveu a sua recensão sobre o meu primeiro romance “O Reino das Casuarinas” e o chamou de “uma estreia ambiciosa”, disse que efectivamente, este é um romance ambicioso, talvez demasiado ambicioso. José Luís Mendonça quis abarcar nele muitas coisas, demasiadas coisas, e será esse o seu único defeito”. José Luís Mendonça confessa que seguiu o conselho do amigo “acatei o conselho do meu grande amigo Rodrigues Vaz. Voltei a mexer na obra e expurguei-a de muitas cenas e pensamentos que extravasavam sobremaneira o objectivo central da mesma, que era mostrar um período crucial da História de Angola, vivida por um cidadão comum e como a disputa política nesse período afectou dolorosamente uma geração completa de angolanos e mudou para sempre o curso normal da vida do país. Ficou intacta a utopia dos deserdados da Ilha de Luanda. E entram nesta nova narrativa acontecimentos e descrições de factos históricos omitidos na anterior, escrita ainda num tempo de excessiva auto-censura. A nova obra sai com o título inicial que havia criado em Paris, onde a escrevi, de 2010 a 2012 e, como verá quem a ler, está mais enxuta e mais fácil de seguir-lhe o fio à meada,” destaca o autor. Trata-se de um romance histórico com duas histórias narradas em paralelo. A do narrador auto-digético, Nkuku, que conta a sua experiência traumática desde o início da luta de libertação, em 1961, até 1987, e a história da fundação na Floresta da ilha de Luanda de um Reino, cuja população é composta por sete deficientes mentais (vulgo malucos), governados por uma mulher, a Rainha Eutanásia. Segundo o autor, “Parece que virar maluco pode ser uma estratégia de sobrevivência humana perante os lobos do próprio homem. Este livro é uma homenagem a essa classe de sombras que ninguém vê passar no tempo”. Um dos personagens centrais é o Primitivo, que tenta, em vão, resgatar valores e verdades ideológicas. Outro personagem é o gato Stravinsky, com particulares dotes musicais. A acção desenrola-se em vários cenários, entre a ex-alemanha Democrática e Angola dos anos 80, na época em que se iniciava a reestruturação da economia angolana, no quadro do Programa SEF (Saneamento Económico e Financeiro). Chamado a dar o seu contributo às teses do SEF, Nkuku, então funcionário do Ministério das Finanças, produz um ensaio intitulado “Se os Ministros Morassem no Musseque”, que lhe valeu ter sido despromovido.
Apalestra versa sobre a crítica literária em Angola, que segundo HELDER SIMBAD “não se funda numa prática regular e dá- se por via de longos hiatos. A pesquisa que efectuámos leva- nos a inferir que os escritores e algumas instituições, tais com a União dos Escritores Angolanos ( UEA), o então Instituto Nacional do Livro e do Disco ( INALD) - que viria a dar lugar ao Instituto Nacional das Indústrias Culturais ( INIC) - editoras e autores recorrem frequentemente a agências de tradução ou a pessoas singulares de outros países - em certos casos de expressão portuguesa - para a tradução de obras literárias. Parte dessa literatura traduzida circula em diferentes países, chegando a Angola sem ser analisada numa perspectiva crítica. (…) Certamente, as traduções de obras de autores nacionais demonstram algum reconhecimento internacional, mas a verdade é que, Angola ainda não atingiu os níveis de muitos países africanos e o número de menções ou nomeações em prémios literários internacionais fora do espaço lusófono pode servir de barómetro para medir o impacto das obras dos escritores angolanos lá fora. A Palestra subordina- se ao tema “A Tradução como Reconhecimento de uma Instituição Literária” e pretende discutir a questão da tradução literária em Angola, assim como a sua posição no contexto literário universal.”
Sobre a mesma temática, HELDER SIMBAD está prestes a lançar a obra “Tradução Literária: análise Contrastiva das Traduções de Coração Telúrico de Lopito Feijó ( Inglês/ Francês)”. Trata- se de uma obra científico- didáctica que discute o fenómeno da tradução literária do ponto de vista teórico e prático, isto é, da teoria à crítica da tradução. O autor parte da filosofia Analítica, servindo- se de métodos como o dialéctico, indutivo e hipotético- dedutivo, para reafirmar, reformular, negar e propor teorias.
Declaro a decisão adoptada”, anunciou María Claudia López Sorzano, secretária para a Cultura, Lazer e Desporto da cidade de Bogotá e que preside a reunião anual do Comité. Para além deste estilo musical, existem mais 39 candidaturas que estão a ser avaliadas pela UNESCO. A decisão foi acompanhada pelo ministro da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde, Abraão Aníbal Barbosa Vicente, e pelos artistas Nancy
Vieira e Manuel Candinho. Com expressão máxima em Cesária Évora, uma das figuras maiores de Cabo-verde, a morna tornou-se num marco cultural no mundo inteiro. A candidatura do país foi entregue em Março de 2018, com mais de 300 entrevistas e 1000 páginas sobre este património cultural.
De acordo com o dossiê da candidatura, a morna terá surgido no século XIX, não sendo consensual a origem do nome e ilha onde nasceu: Boa Vista ou Brava.