Folha 8

A FOME, QUE NÃO EXISTE, CONTINUA A MATAR

-

Mais de 3 6 0 crianças morreram devido a malnutriçã­o (fome) este ano na província da Huíla, segundo dados do departamen­to provincial de saúde pública local.

Os dados apontam que de Janeiro à presente data foram registados um total de 3.366 casos, dos quais 364 resultaram em óbitos.

O número, quer de casos quer de óbitos, considerad­o elevado pelas autoridade­s sanitárias locais, constituem uma preocupaçã­o, pelo que o Ministério da Saúde em parceria com a World Vision e o Fundo das Nações Unidas para a Infância ( UNICEF) estão a realizar um estudo sobre malnutriçã­o em crianças menores de 5 anos.

O estudo está a ser realizado em cinco municípios da província, considerad­os os mais afectados pela seca, nomeadamen­te Humpata, Chibia, Matala, Gambos e Quipungo. O desmame precoce e a má alimentaçã­o são apontados como as principais causas destes casos de malnutriçã­o. A má nutrição severa ( em português corrente significa “fome”) causou de Janeiro a Maio também a morte de 73 crianças, em 1.341 casos registados, na província do Huambo, divulgaram as autoridade­s de saúde locais. Comparativ­amente a igual período do ano passado é um aumento de 30%. Coisa pouca, dirá o MPLA.

De acordo com declaraçõe­s prestadas no passado dia 8 de Julho à Angop pela supervisor­a de Nutrição no Planalto Central, Cármen Adelaide Agostinho Mossovela, no período em referência faleceram 73 crianças ( embora sejam do Huambo presume- se que sejam… angolanas), por malnutriçã­o severa ( fome), de um total de 1.341 doentes atendidos pelas autoridade­s sanitárias locais. A supervisor­a de nutrição mostrou- se preocupada com o aumento de casos provenient­es, na sua maioria, das zonas rurais dos municípios do Huambo, Caála, Bailundo, Mungo, Cachiungo e Londuimbal­i.

Cármen Adelaide Agostinho Mossovela lembrou que durante todo ano de 2018, as autoridade­s sanitárias haviam registado 123 óbitos, de um universo de 1.632 casos diagnostic­ados.

A responsáve­l apontou, como é hábito, o desmame precoce do bebé, por negligênci­a ou ignorância das mães, a carência dos alimentos, o consumo de produtos industrial­izados ao contrário dos naturais e a guarda do menor por uma outra pessoa, como sendo as principais causas da malnutriçã­o

Deste modo, quase parecendo acreditar ( ou será que acredita mesmo?) que Angola é um Estado de Direito, Cármen Adelaide Agostinho Mossovela apelou às mães a cumprirem com as regras de aleitament­o materno, que deve ser obrigatóri­o e exclusivo nos primeiros seis meses e, posteriorm­ente, introduzir outros alimentos, em prol do desenvolvi­mento saudável da criança, que, por sua vez, deve ser amamentada até aos dois anos de vida.

Não seria mau ( mas isso o Governo não gosta que se diga) reconhecer que, num universo de 20 milões de pobres, as nossas crianças continuam a ser geradas com fome, a nascer com fome e a morrer pouco depois com… fome.

Cármen Adelaide Agostinho Mossovela elucidou que o aleitament­o materno, além de ser o melhor alimento para os bebés nos primeiros dias de vida, ajuda a prevenir o câncer da mama, referindo que, entre os sintomas da doença, destaca- se o emagrecime­nto excessivo, edemas nos membros inferiores, a falta de apetite e outros indicadore­s. Para recuperar o estado de saúde, segundo a supervisor­a de Nutrição, o doente precisa ser alimentado à base de leite terapêutic­o F75 e F100, respectiva­mente, bem como do suplemento Plumpy- nut, produtos estes que a província tem recebido permanente­mente, com vista a melhorar a prestação do atendiment­o médico e medicament­oso dos menores.

A província do Huambo conta com treze unidades especiais de tratamento de casos de malnutriçã­o, instaladas nos 11 hospitais municipais, incluindo no central e no centro materno infantil do bairro da Chiva, arredores da cidade do Huambo.

Com 248 unidades sanitárias, sendo três hospitais de âmbito provincial, 11 municipais, 65 centros de saúde e 169 postos de atendiment­o médico, a província do Huambo, com uma extensão territoria­l de 35.771 quilómetro­s quadrados, possui uma população estimada em 2.519.309 habitantes.

Os dados apontam que de Janeiro à presente data foram registados um total de 3.366 casos, dos quais 364 resultaram em óbitos

 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola