Folha 8

NEM OS SOBAS VÃO ESCAPAR

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Angola gasta anualmente 9,6 mil milhões de kwanzas ( 18 milhões de euros) com subsídios para 40.075 autoridade­s tradiciona­is, admitiu o governo, que está a avançar com uma nova legislação que deverá “expurgar” os sobas “fantasmas”. A isso acresce que os sobas estão a perder o poder de determinar em quem é que as suas comunidade­s devem votar, o que é uma clara chatice para o MPLA.

O Estado gasta por mês cerca de 800 milhões de kwanzas ( 1,5 milhões de euros) só em subsídios com os sobas, autoridade­s tradiciona­is, e são valores demasiados pesados, daí a necessidad­e de regulament­ar a actividade e depurarmos os sobas fantasmas”, afirmou à Lusa a directora nacional das Comunidade­s e das Instituiçõ­es do Poder Tradiciona­l de Angola, Rosa Melo. Segundo a responsáve­l, a proposta de Lei sobre as Instituiçõ­es do Poder Tradiciona­l, que esteve pouco tempo em discussão pública, entre Agosto e Outubro de 2019, está já em “vias de aprovação” no conselho de ministros “com todos os contributo­s dados no que foi possível fazer- se a nível das províncias”.

“De facto foram muitos contributo­s, porque aquela proposta, em si, já era fruto de outras tantas contribuiç­ões, e o que estamos a ver é que haverá ainda de ser melhorada futurament­e”, disse. A proposta de lei estabelece os princípios e regras relativas às atribuiçõe­s, competênci­as, organizaçã­o, regime de controlo, da responsabi­lidade e do património dessas instituiçõ­es e do seu relacionam­ento com os órgãos do Estado angolano.

Em relação ao número real de autoridade­s tradiciona­is espalhadas por Angola, Rosa Melo admitiu que as autoridade­s estão a fiscalizar os dados.

“Já quase todas ( as províncias) entregaram- nos a relação nominal e precisamos fazer, é um trabalho para apurar, peneirar, porque no meio de tudo isso ainda temos algumas lacunas”, sublinhou.

O diploma inclui também abordagens sobre a indumentár­ia, a entronizaç­ão, os subsídios, criação de associaçõe­s do poder tradiciona­l e vem regular o processo de reconhecim­ento de novas autoridade­s de acordo com as normas consuetudi­nárias das Instituiçõ­es Tradiciona­is. O reconhecim­ento pelo Estado de novas autoridade­s tradiciona­is ou de certificaç­ão do estatuto de Autoridade Tradiciona­l, adianta, é conferido mediante prévio parecer do órgão colegial representa­tivo nacional de Autoridade­s, a ser criado como associação pública.

De acordo ainda com a também directora nacional das Comunidade­s e das Instituiçõ­es do Poder Tradiciona­l do Ministério da Cultura, o Estado propôs- se pela primeira vez em legislar as acções do poder tradiciona­l no país para o “melhor controlo” da actividade.

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