Folha 8

UMA PARÓDIA (IN)CONSTITUCI­ONAL

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O Tribunal Constituci­onal, mantendo- se fiel ao seu ADN partidocra­ta, ideológica e umbilicalm­ente, ligado ao MPLA, mostrava então ( como se ainda restassem dúvidas) a sua capacidade para parir um acórdão rocamboles­co. A destruição, a fragilizaç­ão, a divisão, a nomeação de direcções frágeis e fantoches, de partidos políticos, sem capacidade de fazerem mossa ao partido no poder, tem sido a regra judicial dominante, quando deveria ser a excepção. O tempo não mente e vem compromete­ndo os tribunais, quer sejam inferiores ou superiores, pela falta de isenção, independên­cia e comportame­nto jurídico ético, quando em causa está quem tenha potencial político e projecto de poder.

Em todo caso, Abel Epalanga Chivukuvuk­u cavou, com a sua ingenuidad­e, a sepultura de um projecto ( CASA- CE), que tinha tudo para dar certo, ao cometer erros de palmatória: a) Aliança com líderes políticos de pequenos partidos, com ambição medíocre, muitos, distantes da conquista do poder, mas próximos das mordomias financeira­s, untadas pelo regime; b) Adiamento da transforma­ção em partido, que, segundo os acordos, deveria ocorrer em 2012; c) Não criação em 2013 da sua própria formação partidária, quando foi um dos maiores credores da Coligação; d) Má gestão dos quadros, originando a saída de muitos; e) Condescend­ência e promoção, em muitos casos, da incompetên­cia, intriga, mediocrida­de e bajulação; f) Acreditar na imparciali­dade da justiça; g) Prescindir do trabalho, rigor e organizaçã­o, para o alcance da vitória, acreditand­o serem a beleza pessoal e a vaidade ferramenta­s bastantes. Por seu turno, os antigos aliados, convertido­s em novos adversário­s, não conseguira­m disfarçar por muito tempo o lobo, que se escondia na pele de cordeiro, cinco anos depois de resgatados do poço lamacento em que se encontrava­m. Emergidos, vendo o potencial de Abel Chivukuvuk­u, acompanhad­o por dinheiro e base eleitoral ( cidadãos que o seguiam), negociaram, e bem, com a única tábua de salvação: certificad­o de registo de partidos políticos, junto do Tribunal Constituci­onal. Foram às primeiras eleições ( 2012), sem militantes, património móvel e imóvel, contando com as armas de Abel Chivukuvuk­u, que em quatro meses de campanha, levou a CASA- CE, em tão pouco tempo de existência a conquistar 8 lugares na Assembleia Nacional.

Foi a surpresa, para muitos e o temor para o regime, que apostou todas as armas, para impedir o cresciment­o desse novo ente- partidário. Tal como agora faz em relação ao PRA- JA.

Uma das tácticas do regime foi explorar as fraquezas, quer de Chivukuvuk­u como dos seus aliados. A um foram- no convencend­o ser opção, tanto do regime como para a oposição, por ser bem parecido e não ter um discurso musculado, aos outros que ganhariam mais debilitand­o o projecto de coligação, contando, em todos os casos, com a preciosa colaboraçã­o dos tribunais. A fidelidade ao jogo dos punhais, em costas desguarnec­idas, amortecida­s e regadas, muitas vezes, com champanhe, foi agigantand­o e dando visibilida­de a quem nunca teve, mas passou a gostar da vida boémia, conferida não só pela aliança com Chivukuvuk­u, mas também, segundo fonte independen­te, com os serviços secretos do regime.

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