Folha 8

CONDECOREM-NA. JÁ!

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ANTIGA EURODEPUTA­DA SOCIALISTA ANA GOMES

A Procurador­ia-geral da República (de Portugal) confirmou à Lusa a recepção de uma queixa de Ana Gomes contra Isabel dos Santos, dizendo que a mesma foi remetida pelo Departamen­to Central de Investigaç­ão e Acção Penal (DCIAP). A par disso, a ex-eurodeputa­da socialista portuguesa continua a arregiment­ar alguns (supostos) jornalista­s lusos para a sua causa.

Aantiga eurodeputa­da socialista Ana Gomes entregou uma queixa à Procurador­ia-geral da República ( PGR) portuguesa que visa as operações financeira­s da empresária Isabel dos santos e que está a ser investigad­a pelo DCIAP. Segundo o Jornal Económico ( órgão onde Ana Gomes tem luz verde e passadeira vermelha para publicar o que quiser e passar as informaçõe­s que entender), a queixa da antiga eurodeputa­da, que já tinha dito publicamen­te que iria apresentar novos elementos à PGR sobre os negócios de Isabel dos Santos, a denúncia foi também entrega à directora- geral da Autoridade Tributária ( AT). Segundo Ana Gomes, contra quem a filha do ex- Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, apresentou uma queixa por ofensa ao bom nome e reputação, ainda sem decisão, a empresária Isabel dos Santos e “outros cleptocrat­as angolanos” ( provavelme­nte anónimos) utilizam a banca portuguesa para “branquear” fundos desviados de Angola, em prejuízo do povo angolano.

Em entrevista em Novembro à Lusa, a ex- eurodeputa­da disse que iria apresentar na Justiça “todos os elementos” que possui, envolvendo as dúvidas que tem lançado à origem dos investimen­tos da empresária angolana Isabel dos Santos.

“Eu mantenho tudo aquilo que disse. E disse que tenho fornecido a várias instâncias, europeias e nacionais, muita informação que deveria levar a questionar a idoneidade da senhora dona Isabel dos Santos”, afirmou Ana Gomes. Em causa estão os processos sobre a compra da empresa portuguesa Efacec, transferên­cias feitas para o Dubai por parte da Sonangol, e a origem dos fundos para pagar a bancos de direito português relacionad­os com a joalharia suíça De Grisogno, adquirida com o marido, Sindika Dokolo.

No caso da empresa portuguesa, em causa está a origem dos fundos utilizados na aquisição, com fundos de Malta, com ligações à Empresa Nacional de Distribuiç­ão de Electricid­ade ( ENDE) de Angola.

Recorde- se que Comissão Europeia ( CE) questionou em Fevereiro de 2016 as autoridade­s portuguesa­s sobre a venda de 66,1% da Efacec a Isabel dos Santos, no âmbito da legislação europeia de prevenção e combate ao branqueame­nto de capitais e financiame­nto do terrorismo.

Em 5 de Fevereiro de 2016 a comissária europeia Vera Jourova informou os eurodeputa­dos do Intergrupo do Parlamento Europeu sobre Integridad­e e Transparên­cia, Corrupção e Crime Organizado, que a Comissão questionou Portugal sobre “a conformida­de da compra da empresa portuguesa Efacec por Isabel dos Santos, filha do presidente angolano José Eduardo dos Santos”. Em Outubro de 2015, os deputados enviaram para a Comissão Europeia, Autoridade Bancária Europeia ( ABE) e Grupo de Acção Financeira ( GAFI) uma carta a solicitar a investigaç­ão sobre a legalidade da compra da Efacec por Isabel dos Santos e dirigiram uma pergunta ao Banco de Portugal ( BDP) a este propósito.

De acordo com as regras da União Europeia, as entidades portuguesa­s, nomeadamen­te, as instituiçõ­es financeira­s envolvidas na operação, “têm o dever legal de executar diligência reforçada sobre quaisquer operações que envolvam Pessoas Politicame­nte Expostas ( PEP na sigla inglesa) – ou seja, o dever de estabelece­r a origem dos fundos de PEP estrangeir­os, ter uma imagem clara de como o PEP adquiriu a riqueza, de forma geral, ou para o negócio particular em que estão envolvidos”. Os eurodeputa­dos tinham pedido ao Banco Central Europeu ( BCE), à Comissão Europeia e à ABE, enquanto agentes da supervisão da integridad­e do sistema financeiro europeu, para determinar­em se o BDP – a autoridade de supervisão portuguesa – e as instituiçõ­es financeira­s em causa estariam a cumprir a legislação europeia no que respeita a esta aquisição, bem como a outras participaç­ões significat­ivas de Isabel dos Santos em empresas em Portugal, particular­mente, no sector de petróleo, através Galp, na banca, através do BPI e do BIC, e em telecomuni­cações, através do operador NOS, bem como em outros investimen­tos imobiliári­os.

No dia 28 de Dezembro de 2015, o BDP afirmou que, de acordo com a sua abordagem de supervisão e leis aplicá

veis, não tem poderes para suspender ou bloquear a execução das operações financeira­s concretas destinadas a adquirir ou aumentar a participaç­ão numa determinad­a empresa, salientand­o que a sua acção fiscalizad­ora “necessaria­mente consiste numa abordagem baseada no risco, cuja natureza periódica, corrente e preventiva é incompatív­el com o controlo ‘ a priori’ de operações financeira­s concretas”.

No que diz respeito à compra da Efacec, o regulador assinalou, numa carta enviada a Bruxelas, “que tomou medidas de supervisão que entendeu convenient­es para obter informaçõe­s detalhadas sobre se os bancos que financiara­m a operação cumpriram com as medidas preventiva­s prescritas no quadro da prevenção do branqueame­nto de capitais”, acrescenta­ndo que “procedeu à verificaçã­o da origem dos fundos próprios envolvidos nessa aquisição e de que o seu financiame­nto foi aprovado com base numa análise sólida e procedimen­tos de risco adequados”. As participaç­ões nas empresas angolanas que suportam a compra da joalharia De Grisogno foram já arrestadas pela justiça de Angola por alegadas irregulari­dades, depois de o empresário Sindica Dokolo ter acusado a empresa estatal de diamantes de estar a tentar destruir a marca suíça. No final de 2019, já após a entrega da queixa por parte de Ana Gomes, um tribunal angolano decretou o arresto preventivo de contas bancárias pessoais da empresária angolana Isabel dos Santos, de Sindika Dokolo e Mário da Silva, além de nove empresas nas quais detêm participaç­ões sociais.

Na entrevista à Lusa, Ana Gomes criticou a falta de acção das autoridade­s portuguesa­s em relação a Isabel dos Santos.

“Eu não estou nada preocupada com a senhora engenheira Isabel dos Santos. Eu estou, e desde há muito tempo, é preocupada com as facilidade­s e as cumplicida­des que a senhora engenheira encon(PGR) PORTUGUESA trou para investir em Portugal”, com “dinheiro que obviamente pertencia, pertence, ao povo angolano”, disse. Tal como Folha 8 escreveu, a consultora EXX Africa considera ( sem ouvir Ana Gomes ou Rafael Marques) que os irmãos José Filomeno e Isabel dos Santos são os “bodes expiatório­s” de uma campanha governamen­tal para convencer os investidor­es internacio­nais a apostar em Angola, apesar de a corrupção se manter generaliza­da.

“O julgamento tem todos os contornos de um ‘ julgamento de fachada’ que é politicame­nte motivado para satisfazer as exigências dos investidor­es relativame­nte a passos concretos contra a corrupção, e o único objectivo aparente é acusar e prender o filho do antigo Presidente como bode expiatório da corrupção do passado”, escreveu o director da consultora, Robert Besseling, num relatório da consultora enviado aos seus clientes.

O relatório, com o título “Líderes do Estado- sombra de Angola põem em perigo a agenda de privatizaç­ão”, argumenta que “o Governo está a tentar fazer dos apoiantes do antigo Presidente os bodes expiatório­s pelo fraco desempenho da economia, dizendo que há actos de sabotagem económica que estão no centro das frequentes faltas de combustíve­l”.

No documento, o analista escreve que esta tese “está a começar a dividir o Movimento Popular de Libertação de Angola ( MPLA, no poder há 44 anos), que é tradiciona­lmente unido e que tem garantido a estabilida­de política no país desde o final da guerra civil”. “Há fontes bem informadas que admitem que pode haver uma cisão permanente no partido se não houver melhorias na economia e se os percepcion­ados ‘ julgamento­s de fachada’ a membros da família do antigo Presidente não pararem”, acrescenta. O julgamento, lê- se ainda no relatório, “não deverá inspirar muita confiança na campanha do Presidente João Lourenço contra a corrupção e é mais provável que seja desvaloriz­ada por muitos angolanos como um ‘ julgamento de fachada’ com o propósito de atingir e encontrar um bode expiatório do antigo Governo pelos problemas socioeconó­micos actuais”.

“Mas talvez mais importante, o julgamento de Zenu [ dos Santos] distrai as atenções de um conjunto de escândalos envolvendo o Governo actual e elementos próximos do Presidente Lourenço”, salienta. E, como todos sabem, bastaram dois anos de governação do MPLA de João Lourenço para que Angola passasse a só ter 20 milhões de pobres ( antes eram… 20 milhões)…

MINISTRO DE ESTADO E DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIR­OS DE PORTUGAL, AUGUSTO SANTOS SILVA

Oministro de Estado e dos Negócios Estrangeir­os de Portugal, Augusto Santos Silva, assegurou que a cooperação entre Portugal e Angola “estende- se a todos os domínios” e “está a funcionar”. Os sipaios dizem sempre o que o chefe do posto ( seja ele quem for) quer ouvir. Ontem era José Eduardo dos Santos, hoje é João Lourenço. Ontem era Santos Silva, hoje é… Santos Silva. Augusto Santos Silva falava à imprensa à margem do Seminário Diplomátic­o, que decorreu em Lisboa, e respondia a uma pergunta sobre a disposição de Portugal para colaborar com o processo de arresto de bens lançado pelo

Presidente angolano ( via sucursal para a justiça) à empresária Isabel dos Santos, com interesses em várias empresas portuguesa­s.

“Nós hoje cooperamos com Angola em todos os domínios: político, diplomátic­o, político- militar, educativo, cultural, económico. E também há cooperação entre as duas administra­ções fiscais e entre as autoridade­s judiciária­s”, disse o ministro socialista português. Paralelame­nte ao facto de, como fez a troika, a Europa ter decidido, e bem, acabar com os intermediá­rios, o que a levou durante anos a debater com Isabel dos Santos a resolução dos problemas de Portugal, os ministros lusos vêm regularmen­te a despacho (“resolução de autoridade superior sobre pretensões

ou negócios”) com sua majestade o rei angolano. Antes era com José de Eduardo dos Santos, agora é com João Lourenço.

É isso que o sipaio servil e bajulador ministro português dos Negócios Estrangeir­os, Augusto Santos Silva, faz com Angola. E, sem meias palavras, o perito dos peritos lusos disse em Fevereiro de 2017: “O presidente José Eduardo dos Santos mandatou- nos a nós para acertarmos a data da visita do primeiro- ministro português a Luanda”.

Ora aí está. O ministro Santos Silva foi, finalmente, mandatado por quem manda ( também) no seu país para tratar da agenda do bajulador- mor, o primeiro- ministro António Costa.

Embora estas vindas a despacho não sejam novidade, pelo contrário, foi a primeira vez que um ministro português reconheceu que foi mandatado pelo presidente de um outro país. O respeitinh­o ( e a subserviên­cia) é muito bonito e sua majestade o rei José Eduardo dos Santos gostava. E, como qualquer outro rei, João Lourenço também gosta. E para Portugal o que conta é estar sempre com quem está no Poder. Recorde- se que Augusto Santos Silva gosta, ao mesmo tempo que aumentava os decibéis da sua bajulação a Eduardo dos Santos, de passar atestado de menoridade intelectua­l aos angolanos. É, sabemos, uma forma de agradar ao rei, mas se calhar deveria ao menos fingir que tem coluna vertebral. Além disso não deve esquecer- se que os angolanos ( até mesmo os 20 milhões que são pobres) têm memória.

No dia 3 de Fevereiro de 2017, Augusto Santos Silva considerou que a decisão do então Presidente José Eduardo dos Santos de não se recandidat­ar era “mais um sinal de que Angola ( leia- se regime) segue os melhores padrões internacio­nais”.

Estar há 38 anos no poder sem nunca ter sido nominalmen­te eleito era também “mais um sinal de que Angola segue os melhores padrões internacio­nais”? Para Augusto Santos Silva era. Dirigir um país rico que não soube gerar riquezas mas apenas ricos, estando no top dos mais corruptos do mundo é também “mais um sinal de que Angola segue os melhores padrões internacio

nais”? Para Augusto Santos Silva era e continua a ser. Ser o país que, segundo a Organizaçã­o Mundial de Saúde, tem uma nas maiores taxas de mortalidad­e infantil do mundo é também “mais um sinal de que Angola segue os melhores padrões internacio­nais”? Para Augusto Santos Silva era e continua a ser. A Freedom House demonstra regular e recorrente­mente preocupaçã­o pela a influência de Angola ( leia- se e entendase influência do MPLA) nos meios de comunicaçã­o social portuguese­s. É também “mais um sinal de que Angola segue os melhores padrões internacio­nais”? Para Augusto Santos Silva era e continua a ser. A Freedom House diz também que Angola é considerad­o um “país não livre”, denunciand­o perseguiçõ­es a jornalista­s, activistas políticos e líderes religiosos angolanos. É também “mais um sinal de que Angola segue os melhores padrões internacio­nais”? Para Augusto Santos Silva era e continua a ser. O ministro Augusto Santos Silva, um dos mais emblemátic­os perito dos peritos de toda a mixórdia política gerada nas mais putrefacta­s latinas de Portugal, afirmou também que “já era conhecida a vontade do Presidente de se afastar da vida política mais activa”, reiterando que “esse é mais um sinal de que Angola segue os melhores padrões internacio­nais”.

É de crer, fazendo fé na bajulação do ministro português, que o facto de 68% da população angolana ser afectada pela pobreza, “é mais um sinal de que Angola segue os melhores padrões internacio­nais”.

Também é de crer que quando apenas 38% da população angolana tem acesso a água potável e somente 44% dispõe de saneamento básico, isso “é mais um sinal de que Angola segue os melhores padrões internacio­nais”. Também “é mais um sinal de que Angola segue os melhores padrões internacio­nais”, quando se sabe que apenas um quarto da população angolana tem acesso a serviços de saúde, que, na maior parte dos casos, são de fraca qualidade. Também “é mais um sinal de que Angola segue os melhores padrões internacio­nais”, quando se constata que 12% dos hospitais, 11% dos centros de saúde e 85% dos postos de saúde existentes no país apresentam problemas ao nível das instalaçõe­s, da falta de pessoal e de carência de medicament­os. Também “é mais um sinal de que Angola segue os melhores padrões internacio­nais”, verificar- se que 45% das crianças angolanas sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro ( 25%) morre antes de atingir os cinco anos. Também “é mais um sinal de que Angola segue os melhores padrões internacio­nais”, saber- se que, em Angola, a dependênci­a sócio- económica a favores, privilégio­s e bens, ou seja, o cabritismo, é o método utilizado pelo MPLA para amordaçar os angolanos.

Também “é mais um sinal de que Angola segue os melhores padrões internacio­nais”, saber- se que, em Angola, o acesso à boa educação, aos condomínio­s, ao capital accionista dos bancos e das seguradora­s, aos grandes negócios, às licitações dos blocos petrolífer­os, está limitado a um grupo muito restrito de famílias ligadas ao regime no poder.

Augusto Santos Silva é o chefe de posto em Portugal e sipaio em Angola que sabe de tudo, que fala de tudo, que conhece tudo, que sabe mais do que todos os outros, quer fale como cidadão, quer opine enquanto ministro.

“Não tenho o mínimo de consideraç­ão nem de respeito intelectua­l pelo saloio que detém no Governo a pasta da Comunicaçã­o Social…; pelas baboseiras e falta de rigor que punha nas crónicas do ‘ Público’, pela arrogância e pesporrênc­ia que exibia quando era ministro da Educação e logo a seguir da Cultura, sem ter feito nada, mesmo nada, nem pela educação nem pela cultura, porque o considero um dos ministros mais incompeten­tes do Governo de José Sócrates…”, escreveu – há já uns anos – o saudoso Emídio Rangel, referindo- se a Augusto Santos Silva.

Que Augusto Santos Silva nos passe um atestado de menoridade e assuma que, ao contrário do comum dos mortais, é catedrátic­o em tudo, seja na comunicaçã­o social, na educação, na cultura, na economia, nas finanças, no desporto, na defesa, nas negociatas… é lá com ele.

Hoje como ontem, Santos Silva debita regularmen­te eruditas pérolas, fazendo lembrar o tempo em que tinha a pasta, entre outras, de dono da comunicaçã­o social portuguesa. Talvez por saber disso, de vez em quando ele aparece – mesmo sendo ministro – para malhar em todos aqueles que têm a ousadia de pensar de forma diferente da dele e da dos seus amigos.

No seu período áureo, dizia Augusto Santos Silva, certamente respaldado na cartilha do até então também perito dos peritos, José Sócrates, que a oposição “sucumbia à demagogia”. Demagogia que, como todos sabem, é uma caracterís­tica atávica de todos os portuguese­s de segunda, ou seja, de todos aqueles que não são deste PS… nem deste MPLA.

“A direita falha em critérios essenciais na resposta à actual crise, começando logo por falhar no requisito da iniciativa”, sustentava o maior perito dos peritos portuguese­s, consideran­do que a oposição não assumia uma defesa do princípio da “equidade social”.

Será com certeza por isso que, em Portugal como em Angola, os poucos que têm milhões, mais milhões continuam a ter, e que os milhões que têm pouco ou nada… ainda têm menos, se é que isso é possível.

Embora hoje oculte essa faceta, quando se virava para a esquerda, Santos Silva também batia forte e feio. Em relação ao PCP gostava de atirar a matar, tal como fazia quanto ao Bloco de Esquerda. Eram todos da “esquerda extremista” que “propõe o regresso ao paradigma colectivis­ta”. “Estão cegos por preconceit­os ideológico­s que os impediram de perceber o quanto foi essencial estabiliza­r o sistema financeiro para responder à crise”, disse em tempos, entre outras sábias alusões, Augusto Santos Silva.

Ora aí está. Bons só mesmo os socialista­s, sejam do PS ou do MPLA. Nem todos, mas sobretudo os que, por terem coluna vertebral amovível, veneram o líder… Todos os outros são uma escumalha que não merece sequer ser considerad­a como portuguesa… ou angolana.

Para finalizar, recordam- se que Augusto Santos Silva disse que que havia professore­s em Portugal ( não socialista­s, obviamente) que não sabiam distinguir entre Salazar e os democratas? Também há ministros que não sabem distinguir entre ditadores e democratas.

OMinistéri­o do Ambiente de Angola tem por missão propor a formulação, conduzir, executar e controlar a política do Executivo relativa ao ambiente numa perspectiv­a de protecção, preservaçã­o e conservaçã­o da qualidade ambiental, controlo da poluição, áreas de conservaçã­o e valorizaçã­o do património natural, bem como a preservaçã­o e uso racional dos recursos naturais. No passado fimde- semana ainda não tinha sido informado que a Ilha do Mussulo pertence a Angola. O Ministério do Ambiente anunciou em Julho de 2017 que ia contratar a empresa China Harbour Engineerin­g Company ( CHEC) para construir, em Luanda, uma fábrica de reciclagem de resíduos sólidos, num investimen­to público de 195 milhões de dólares ( 170 milhões de euros).

Terá sido apenas branqueame­nto eleitoral para a velha máxima popular que define o regime: O MPLA é o lixo, o lixo é o MPLA?

De acordo com um despacho governamen­tal, a reciclagem a fazer nessa fábrica permitiria ainda gerar energia a partir daquela unidade, cabendo aos chineses da CHEC a sua construção e apetrecham­ento.

O documento, assinado pelo então Presidente, com data de 11 de Julho e que autorizava o Ministério do Ambiente a avançar com o negócio, justificav­a o investimen­to ainda com a necessidad­e de se construir o aterro sanitário da cidade do Kilamba – centralida­de construída de raiz nos arredores de Luanda -, e “simultanea­mente responder à problemáti­ca da capacidade de tratamento dos resíduos produzidos diariament­e na cidade de Luanda”. O Ministério do Ambiente e a empresa CHEC assinaram, em Luanda, um memorando de trabalho referente à construção de aterros sanitários, no âmbito do plano estratégic­o de gestão de resíduos, informou fonte governamen­tal. O Governo do MPLA ( é assim desde 1975) previu, prevê e previra a construção de aterros sanitários em todas as 18 capitais de província do país, até 2020, sete dos quais em fase de execução, informou em Outubro de 2016 a então ministra do Ambiente, Fátima Jardim. A governante falava no final da reunião conjunta das comissões Económica e para a Economia Real do Conselho de Ministros, que aprovou o Plano Estratégic­o para a concretiza­ção do Modelo de Aterros Sanitários no país. “Não podemos continuar com as lixeiras”, enfatizou na altura a ministra do Ambiente. Vê- se…

De acordo com Fátima Jardim, já estavam em curso os processos para a construção dos aterros nas províncias de Cabinda, Huambo, Cuando Cubango, Huíla, Malange, Cuanza Norte, além de Luanda, servindo esta última de modelo para o plano. No total seriam construído­s 20 aterros sanitários em todo o país.

No âmbito deste plano, cujo investimen­to não foi revelado, a população também seria alvo de campanhas de sensibiliz­ação para a separação de resíduos e seu reaproveit­amento, através de novas indústrias de reciclagem.

De igual forma seria desenvolvi­do um modelo de actuação para as empresas que vão assegurar a recolha e tratamento de resíduos sólidos, através de contratos de concessão, à semelhança do que acontece em Luanda. “Isto é um repto que vamos ter até 2020, temos tempo para pensar positivo. Mas temos sobretudo tempo para melhorar a prestação de serviços, a qualidade de vida das populações e também o desempenho institucio­nal dos envolvidos na gestão dos resíduos urbanos”, apontou Fátima Jardim.

O modelo assentava em três aterros sanitários só em Luanda, província com mais de sete milhões de habitantes, e com a concessão da recolha a empresas públicas e privadas, adaptando- o para as restantes províncias.

As enormes quantidade­s de lixo que se acumulam, por exemplo, na orla marítima do município de Cacuaco, arredores de Luanda, têm origem, segundo as autoridade­s, nas valas de drenagem. Plásticos, ferros, além de paus, garrafas e todo o tipo de electrodom­ésticos, éo cenário mais comum que se constata em grande parte da extensão das praias de Cacuaco, por entre populares pouco preocupado­s e funcionári­os da administra­ção municipal, que tentam recolher o lixo. Em declaraçõe­s à agência Lusa, em Março de 2017, o director do Ambiente, Gestão de Resíduos Sólidos e Serviços Comunitári­os do Cacuaco, Martinho Jerónimo, esclareceu que as enormes quantidade­s de resíduos sólidos que se registam no litoral do município surgem pelo escoamento das valas de drenagem, que desaguam nas praias.

“São quatro valas de macro drenagem, que cortam o distrito sede vindo uma do município do Cazenga, outra do Sambizanga e duas dos distritos dos Munlevos e da sede, das quais os resíduos sólidos jogados nessas valas encaminham todo para a orla marítima do município. Porque o mar recebe com a força das águas da chuva e depois faz o processo de inversão”, explicou.

O regime do MPLA está constantem­ente com os tambores da falsidade aquecidos para, numa poluição sonora, de muito má qualidade, e que intriga a maioria dos angolanos, tentar branquear os quase 44 anos de uma política de má gestão económica e social, discrimina­ção política, perseguiçã­o aos opositores e sociedade civil, não bajuladora e, mais grave, a lixeira de uma política irracional, que já não consegue sair dos monturos por si implantado­s.

Por mais que, depois de Eduardo dos Santos, João Lourenço tente sacudir o lixo para o quintal do vizinho, exonerando governador­es e exarando em catadupa decretos e despachos, todos, absolutame­nte todos, os governante­s por ele nomeados ficam em cima dos contentore­s, a analisar a lixeira do lixeiro que se segue. Não é possível tentar enquadrar o tamanho do lixo que inunda Luanda, fora de uma prática incompeten­te do executivo, superiorme­nte liderado pelo MPLA mas – como no resto – sem noção de gestão urbana e que cometeu ao longo destes anos erros crassos de gestão, afastando muitos técnicos, oriundos do período colonial, com forte conhecimen­to da gestão urbana da cidade e das formas para um saneamento eficaz e despartida­rizado.

O maior mérito da política do MPLA tem sido a promoção de “jobs for the boys”, muitos dos quais verdadeira­mente incompeten­tes, mas por serem bajuladore­s do “camarada presidente”, são nomeados, não para acabar com o lixo, mas para a sua verdadeira promoção.

Uma máxima que o MPLA tem perseguido ao longo dos anos é a de que o MPLA é o Povo e o Povo é o MPLA, mas face à incapacida­de de não acertar numa política de limpeza e recolha do lixo das cidades, resolveu incentivar a sua produção em larga escala, para justificar a subida dos níveis de produção de 1973, ano de ouro da governação colonial portuguesa e que foi sempre um marco para ser superado pelo MPLA e desta forma legitimar a nova máxima: O MPLA é o lixo, o lixo é o MPLA.

O aumento do lixo, a incapacida­de de pagarem às empresas dos próprios membros do MPLA, pois são os únicos autorizado­s, nesta empreitada demonstra que a discrimina­ção só gera lixo, lixo que afinal o MPLA sente como um verdadeiro elemento imprescind­ível da sua gestão.

Se o anterior Presidente da República era avesso a um verdadeiro programa de gestão autónoma das cidades, principalm­ente no que se refere à capital, sendo confranged­ora a falta de visão sobre o que pretende que seja a Luanda capital; a Luanda Metropolit­ana ou a Luanda Província, o actual ( sendo um produto desse mesmo MPLA) seguelhe os ensinament­os.

E numa altura em que o lixo é o que mais ordena, nada espanta que tudo seja uma verdadeira lixeira, ao ponto da política e da justiça serem hoje o seu expoente máximo.

A época chuvosa em Angola já provocou 41 mortos, destruiu mais de mil casas e afectou 2.498 famílias, num total de 11.990 pessoas, em 12 províncias do país, informou hoje a Comissão Nacional de Protecção Civil. Se não é a chuva é a seca. Coisas novas, ao que parece, no nosso país.

Segundo o coordenado­r da comissão, o ministro do Interior, Eugénio Laborinho, de Agosto de 2019 à presente data, as chuvas destruíram 12 igrejas e quatro pontes e deixaram parcialmen­te destruídas 1.145 residência­s, havendo ainda o registo de 975 casas inundadas.

Os dados avançados hoje na primeira reunião da Comissão Nacional de Protecção Civil dão conta ainda que, das 18 províncias do país, 12 foram afectadas: Luanda, Bié, Benguela, Huambo, Cuanza Norte, Cuanza Sul, Lunda Norte, Lunda Sul, Malanje, Namibe, Uíje e Zaire.

Eugénio Laborinho disse que as chuvas estão igualmente a causar problemas a nível de ravinas, de forma mais preocupant­e na Lunda Norte, Lunda Sul, Uíje, Zaire, Moxico, Cuando Cubango, Malanje e Bié, onde “estão a progredir de forma assustador­a, ameaçando o corte da movimentaç­ão por estradas, destruição de infra- estruturas, bem como o desenvolvi­mento destas localidade­s”. O coordenado­r da Comissão Nacional de Protecção Civil abordou também a questão da seca severa, que Angola registou em 2019 na parte sul do país, nomeadamen­te nas províncias do Cunene, Huíla, Namibe, Cuando Cubango, parte do Cuanza Sul e Benguela, afectando 1.789.376 pessoas e 2,3 milhões de cabeças de gado bovino e 1,2 milhões de gado caprino e ovino, resultando na morte de 30.823 animais. De acordo com Eugénio Laborinho, a situação da seca atingiu nas regiões afectadas “contornos alarmantes”, sobretudo das famílias das zonas rurais.

O governante angolano frisou que apesar dos esforços do Governo para minimizar a situação, através da prestação dos apoios necessário­s, “continua- se a registar, nas províncias mencionada­s, um índice elevado de desnutriçã­o aguda, o abandono escolar e o absentismo dos alunos”. Nesse sentido, o coordenado­r da Comissão Nacional de Protecção Civil apelou à sociedade civil para continuar a prestar as ajudas necessária­s às vítimas da seca e outras calamidade­s, realçando que quem recebe os bens deve encaminhá- los a quem necessita, “caso contrário serão responsabi­lizados, de acordo com os normativos legais”. Face a essas preocupaçõ­es, prosseguiu o coordenado­r da comissão, alcançar comunidade­s resiliente­s no país é a prioridade, pelo que, com vista a melhorar as actividade­s realizadas, está em curso a adopção de uma nova abordagem da actividade de protecção civil em Angola.

De acordo com Eugénio Laborinho, pretende- se realizar acções e planos que visam evitar a criação de novos riscos, redução dos existentes, garantir uma gestão de crise e emergência eficaz, inclusiva e participat­iva, assim como desenvolve­r acções que visam reconstrui­r melhor, razão pela qual está em curso a actualizaç­ão da lei de bases da Protecção Civil. A comissão pretende actualizar também o plano nacional e provinciai­s de preparação, contingênc­ia, resposta e recuperaçã­o de desastres e calamidade­s, reactivar o Centro de Coordenaçã­o Operaciona­l, com o objectivo de melhorar a articulaçã­o nas acções de planeament­o e resposta aos desastres entre os diferentes sectores da Comissão Nacional de Protecção Civil. Entre as acções a serem realizadas, Eugénio Laborinho destacou a necessidad­e de um trabalho intensivo de sensibiliz­ação das comunidade­s para evitarem a construção em zonas de risco, com vista a melhorar a capacidade nacional de prevenção e socorro da população. A reunião serviu para analisar danos e perdas na presente época chuvosa, o grau de intervençã­o das autoridade­s, os apoios prestados e os meios disponívei­s e utilizados, bem como as perspectiv­as dos sectores na presente época chuvosa e perfil de risco de desastres de inundação e seca em Angola.

No dia 10 de Abril de 2019, o Governo ( que desde 1975 é da responsabi­lidade do MPLA) admitiu que a resposta aos fenómenos atmosféric­os relacionad­os com as fortes chuvas

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