ISABEL VAI ENTREGAR OS MILHÕES A JLO
O “talvez” de Isabel dos Santos a uma eventual candidatura ao cadeirão presidencial, na mais recente entrevista à RTP3, não foi avisado, quando o segundo ano de mandato de João Lourenço conhece muitas dificuldades do ponto de vista económico, logo era preciso alavancar, bem ou mal, o “jus imperium”, ante eventuais ameaças contra o poder instalado.
Em África, onde na maioria dos países, Angola não foge a regra, não existem instituições do Estado fortes, independentes e autónomas, mas chefes fortes, com o poder absoluto do Estado, a falta de contenção verbal de quem não detenha poder político ( nem tenha representantes em órgãos vitais) é um suicídio.
É certo que, agora, com essa invasão descarada contra o clã Dos Santos, muitas forças políticas internas e externas se vão unir. Isabel dos Santos vai devolver, muito seguramente, por orientação do pai, que não tinha noção do tamanho do punhal de muitos dos seus camaradas, por ele, também, feitos milionários, sem capacidade de justificação de tal estatuto económico, mais do que o bilião reclamado pelo Executivo de João Lourenço, por isso está a vender muitas das suas acções e participações no exterior.
O pai, muitas vezes impotente, para travar as filhas, tudo está a fazer para explicar a Isabel dos Santos para não só ir responder a Luanda, quando for notificada, como ainda, andar em sentido contrário a uma afronta, contra o presidente João Lourenço tenha ou não razão, e entregar- lhe tudo. Nesta empreitada, um tio paterno e um amigo americano estão a ser chamados para desempenhar papel relevante de convencimento. Para já, a China está na liderança de ser a nova potência colonizadora, dado o seu poder económico, que muito provavelmente, sairá reforçado com a aquisição das participações de Isabel dos Santos, no Eurobic e na EFACEC, depois de já ter adquirido a totalidade das acções de outro banco de capitais angolano, o Atlântico Europa de Carlos Silva.
Em sentido oposto, a Rússia, ante o controlo dos chineses não descarta a hipótese de oferecer a parte mais fraca, neste conflito assessoria informática de ponta, como outra, pois, enquanto os chineses não estão interessados em confrontos militares, os russos não afastam essa hipótese, uma vez, pretenderem recuperar a hegemonia que já detiveram em África, num passado recente.
Os Estados Unidos vão reforçar o controlo do petróleo e da economia, no geral, através do FMI, bem o seu poder de influência junto dos actores políticos angolanos. A contenda não será fácil, até mesmo pela movimentação dos exércitos da bajulação, indiferentes ao sofrimento do povo e estagnação da economia. Independente deste posicionamento das potências mundiais, a família Dos Santos teme que lhe possa acontecer o mesmo que a Nito Alves, quando, em 1977, Agostinho Neto incapaz, também, no segundo ano de mandato, justificar o descalabro económico do seu governo inventou não só o caso Kamanga, na economia, no celebre “Processo 105”, como mais grave, no plano político ergueu a espada do fraccionismo, mandando assassinar cerca de 80 mil militantes do próprio MPLA, tudo para consolidar o seu poder. “Se dúvidas haviam sobre uma eventual perseguição à nossa família, com a exoneração violenta dos filhos de todos os órgãos públicos, que tiveram o “agremment” dos tribunais, pois o tio, sempre perguntavam aos seus assessores jurídicos e tribunais se era ou não acertada a decisão de nomear um dos filhos. Depois veio a prisão injusta de Zenú, que não desviou nada do Fundo Soberano, pois o dinheiro está todo lá, tanto que implementaram o PIMM, depois acusam- no de responsabilidade no caso dos 500 milhões de dólares, quando ele nunca foi membro do Executivo. Mais tempos depois começaram a orientar para a retirada das fotos do engenheiro Eduardo dos Santos das instituições públicas e partidárias, culminando com a moeda nacional. Ora se a justificativa era de ele ser o maior e único corrupto em Angola, a opção não foi a melhor, pois, Agostinho Neto é considerado o maior assassino, por muitos, mas caricatamente, a sua imagem foi reabilitada pelo tio, que lhe consagrou herói nacional e fundador da Nação, tudo em prol da unidade do MPLA”, disse um sobrinho de Eduardo dos Santos, que “por razões óbvias só posso falar no anonimato, pois a baixa visibilidade da Segurança de Estado anda a vigiar- nos”, alegou.
O triste em todo este cenário é o silêncio da maioria dos dirigentes do MPLA, que actua como gado, que segue o pastor, nem que seja para o abismo, numa clara demonstração de “boçalidade intelectual”, quando devem alertar dos perigos de certas opções, capazes de comprometer o seu próprio futuro, como força política, cada vez mais descaracterizada pela maioria dos cidadãos, que defende, depois da ascensão de João Lourenço, a saída do MPLA do poder, como solução capaz de emprestar uma nova aurora, uma esperança diferente aos sonhos dos autóctones, pois ele é o covil da corrupção em Angola e a sua diminuição não acaba com combates endémicos ( contra determinadas pessoas), mas é sistémico ( entranhado nas costelas do partido no poder).
Eu que sempre me bati contra Eduardo dos Santos, quando ele tinha todo poder absoluto, assisto hoje de camarote, aos covardes e bajuladores de ontem, transformados em heróis, pontapeando, um homem, sem poder, influência, no chão e doente. Assim é fácil ser Rambo.
A pergunta que não se cala é: Onde andavam? Porque não falavam, sendo maioria ( bureau político, comité central, etc.), para o impedir de cometer tantos erros?
Numa análise justa e imparcial se alguém, tem de ser responsabilizado antes de José Eduardo e filhos é essa maioria silenciosa e perniciosa, que se aboletou de tudo ante o sofrimento geral e agora, covardemente, quer transformar Dos Santos como o único responsável pela corrupção, quando ele foi e é o dirigente do MPLA mais honesto, pois a todos untou, com milhões sempre que quisessem os milhões do erário público.
Oex- governador Valter Filipe já tem sentença determinada, antes mesmo do final do julgamento do “Caso 500 milhões” e do apuramento da eventual responsabilidade, quanto à tentativa de burla ao Estado ou branqueamento de capitais.
“Nos processos jurídicos do novo regime, sendo os adversários, constituídos arguidos, mesmo que tenham razão e provas bastantes de não cometimento de ilícitos, por orientação política e para mobilização popular, eles serão sempre condenados, inicialmente”, disse, em exclusivo ao Folha 8, o jurista Manuel José, acrescentando já haver “uma sentença elaborada pelo tribunal, fruto de uma “ordem superior” do Palácio presidencial, independente das provas que possam ser arroladas no processo, pela defesa, incluindo as respostas do ex- Titular do Poder Executivo, porquanto a ordem é: condenar, mesmo que seja com base na presunção, aqui, vigorando sempre a presunção da culpa, nunca a da inocência”, asseverou. A ser verdade, estamos diante de uma moldura penal de prisão, embasando um novo preceito legal, exclusivamente, como no tempo de Hitler, Mussolini, Stalin, Franco, Salazar e outros, quando em causa estivessem inimigos. Aí a lei, nunca era aplicada a estes, mas sim toca musculada do autoritarismo, raiva, vingança e convicção, numa espécie de presunção partidocrata.
“É triste vermos este cenário com a cumplicidade da justiça, cada vez mais partidarizada, sustentado no epíteto: marimbondos. Hoje não se sabe quem, na verdade, eles são ou, melhor, se alguma vez, foram filhos de outro partido, que não o do poder”.
“Na realidade, as semelhanças são muitas entre as duas barricadas porque ambos fruto da mesma “árvore genealógica”, que é o epicentro da corrupção em Angola, desde 1975: o MPLA”. Pelos dados, uma pena de prisão maior, entre 8 a 12 anos, aguarda pelo ex- governador do BNA, dois a três anos, será a de José Filomeno dos Santos, por cumplicidade na alegada trama, que poderá, no entanto, ser suspensa. Jorge Gaudens Pontes, o homem que esteve na base dos contactos para o financiamento e que entregou o dossier ao seu amigo de infância ( Zenu dos Santos à época presidente do Fundo Soberano) para este entregar ao pai, na altura Presidente da República, uma pena entre quatro a oito anos, por autoria moral e tentativa de burla qualificada.
Esta arquitectura condenatória, segundo a convicção do jurista, será arbitrada, no final, pelo tribunal, em cumprimento das ordens superiores, baseado no “jus imperium” da vingança e do ódio, presidencial. “Mas já está tomada, em função do carácter partidário e dependência dos tribunais em Angola, mesmo os superiores, como o Supremo e Constitucional, uma vez todos os juízes serem não só nomeados, como indicados, pelo Presidente da República, logo devem- lhe cega vassalagem e obediência”.
Na opinião do nosso interlocutor, se alguém não deveria ter sido constituído réu, inicialmente, neste processo, goste- se ou não, seria Filomeno dos Santos, por nunca ter sido membro auxiliar do Titular do Poder Executivo. A sua acção foi de mero intermediário ( levar a carta- proposta de financiamento, entregue pelo amigo de infância, Jorge Gaudens Pontes, ao pai, então Presidente da República) se assim quisermos falar e, depois, convidado a participar em algumas reuniões, no exterior, com os potenciais financiadores e a equipa do executivo, sem qualquer poder de decisão ou prática de actos materiais no processo. “Num processo isento e imparcial, ainda mesmo na instrução preparatória, ele ( Zenu dos Santos) deveria ter sido notificado como declarante e, se outros dados que não os apontados existissem, de maior envolvimento, então seria convertido em réu”, não tendo sido isso que aconteceu é tudo muito suspeito e direccionado, assegura.
' Mesmo que tenham razão e provas bastantes de não cometimento de ilícitos, por orientação política e para mobilização popular, eles serão sempre condenados, inicialmente