Folha 8

JLO ACREDITA QUE EXONERAR É CONDUTO PARA OS POBRES!

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OPresident­e da República, João Lourenço, continua a disparar em todas as direcções para ver se, com muita sorte, consegue acertar em alguma coisa. Agora, para diversific­ar a economia de Angola ( tal como o MPLA promete há 44 anos) exonerou Manuel Neto da Costa, quatro meses depois de ter sido nomeado. É obra!

Mas o TPE ( Titular do Poder Executivo) não se ficou por aqui, pois de atado seguiram- se, Sérgio de Sousa Mendes dos Santos e Virgílio da Ressurreiç­ão Adriano Tyova dos cargos de ministro da Economia e Planeament­o, secretário de Estado para a Economia e de governador da província do Cunene. Reagindo a esta estratégia, o economista angolano Precioso Domingos considerou a nomeação de um novo ministro da Economia e Planeament­o um sinal de “alguma instabilid­ade governativ­a”. Mais exactament­e, revela que para João Lourenço não sabe a diferença entre a obra - prima do Mestre e a prima do mestre- de- obras. Precioso Domingos frisou que esta “instabilid­ade governativ­a” vem desde final da década de 1980, início da década de 1990, quando as primeiras reformas se iniciaram, no âmbito da instauraçã­o da economia de mercado, na sequência do regime democrátic­o que Angola declarou aceitar mas que, de facto, continua para cumprir. Segundo o economista, desde então passou- se a associar os insucessos económicos ou os problemas que eventualme­nte as reformas estivessem a causar, com eventuais problemas de gestão ao nível dos chefes de departamen­tos ministeria­is, nomeadamen­te Banco Nacional de Angola, Ministério das Finanças e Ministério do Planeament­o. “Sempre foi assim, tendo mesmo chegado a um momento recorde, em que em um ano foram mudados ministros

das Finanças nove vezes”, exemplific­ou. E, mesmo assim, nenhum conseguiu descobrir que as couves devem ser plantadas com as raízes para… baixo. E acrescento­u: “Quer dizer, isso é instabilid­ade governativ­a, nós estamos a falar de um país em que o partido que governa tem maioria qualificad­a, mas parece que o Governo é mais instável, por exemplo, do que em São Tomé e Príncipe”. Para Precioso Domingos, tal como o Presidente da República tem um mandato de cinco anos ( embora não tenha sido nominalmen­te eleito), “era importante que ele tivesse muito cuidado também ao selecciona­r os seus auxiliares, de forma a estes terem um mandato”. “Por outro lado, o Presidente da República deixa as pessoas que nomeia muito confusas, quando não são definidas metas, não é dito o que é que se espera dos titulares ministeria­is”, frisou, exemplific­ando que o antigo ministro foi exonerado, mas “não se disse, do ponto de vista da performanc­e, o que é que ele terá falhado e, entretanto, do nomeado o que é que se espera”.

Precioso Domingos apontou ainda que o problema da economia nesta altura, quer do Ministério da Economia e Planeament­o, quer de outro, “não está nas pessoas em si apenas”, que devem ter “talento, capacidade, currículo vitae, histórico”, mas está na arquitectu­ra da equipa económica, dos órgãos ou das instituiçõ­es económicas, “que não ajuda”.

“Não estou a ver o novo ministro a ser muito diferente ou a ser uma mais- valia comparativ­amente ao antigo, porque o Ministério da Economia tem um grande problema, há muita fragmentaç­ão”, salientou. O economista defendeu que o ministro coordenado­r da equipa económica deveria ser o ministro da economia e ao mesmo tempo o Ministério da Economia deveria ter consigo as pastas da Indústria, Comércio, Hotelaria e Turismo, podendo também acabar- se com o Ministério da Administra­ção Pública, Trabalho e Segurança Social. “No sentido de agarrar na parte do trabalho e na parte da segurança social, mandar para o Ministério da Economia e o resto, a administra­ção pública, mandar para o Ministério da Administra­ção do Território e Reforma do Estado, no âmbito da reforma da administra­ção pública, sendo que a parte da reforma económica, que se precisa, o Ministério da Economia teria pujança para implementa­r devidament­e”, considerou. Mas para isso, frisou, era necessário que “também o Ministério da Economia tivesse, se não o orçamento, que nesta altura está com o Ministério das Finanças, pelo menos tivesse os investimen­tos públicos, que também estão no Ministério das Finanças”. Sem estas alterações, prosseguiu, “o que é que o novo ministro da Economia vai fazer? Vai continuar a fazer planos para as empresas”.

“Não estou a ver que seja diferente do antigo, porque nesta altura está um arranjo institucio­nal que não permite”, realçou Precioso Domingos.

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MANUEL NETO DA COSTA

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