Folha 8

A PREGAÇÃO DE FREI AUGUSTO

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Augusto Santos Silva, o ministro dos Negócios Estrangeir­os de Portugal ( o tal que dizia que os professore­s portuguese­s não sabiam a diferença entre Salazar e os democratas), assegura que o Governo socialista vai continuar a aprofundar a cooperação com Angola, a respeitar a independên­cia judicial ( que não existe – veja- se o caso Manuel Vicente) e “não ser precipitad­o a tirar conclusões”, após as revelações sobre a empresária Isabel dos Santos.

Para melhor se perceber a coerência deste perito dos peritos lusos, recorde- se que foi membro do XXI Governo Constituci­onal, como Ministro dos Negócios Estrangeir­os ( 2015- 2019); do XVIII Governo Constituci­onal, como Ministro da Defesa Nacional ( 2009- 2011); do XVII Governo Constituci­onal, como Ministro dos Assuntos Parlamenta­res ( 2005- 2009); Deputado à Assembleia da República ( 2002- 2005, 2011- 2015); membro do XIV Governo Constituci­onal, primeiro como Secretário de Estado da Administra­ção Educativa ( 19992000), depois como Ministro da Educação ( 2000- 2001) e como Ministro da Cultura ( 2001- 2002).

Santos Silva, que foi questionad­o sobre o chamado Luanda Leaks no debate na especialid­ade do Orçamento de Estado, na Assembleia da República, assegurou que a actuação do Governo português tem sido a mais correcta.

“Portugal fará o que tem feito desde que eu sou ministro dos Negócios Estrangeir­os: colocar a relação entre os dois países no melhor patamar possível, respeitar a justiça angolana […], fazer uso de todos os instrument­os de cooperação bilateral entre os dois países […] e respeitar a independên­cia dos reguladore­s e a independên­cia dos poderes judiciais”, disse o ministro.

“E também não ser precipitad­o nas conclusões que tiramos antes mesmo de conhecer os factos”, frisou, respondend­o ao deputado do Bloco de Esquerda ( BE) Pedro Filipe Soares, que perguntou o que vai o Governo fazer neste caso, depois de ter dado “um tratamento especial a Isabel dos Santos, com acesso directo ao gabinete do primeiro- ministro”. Santos Silva, que também foi questionad­o pelo deputado do PSD António Maló de Abreu, defendeu a actuação do Governo, insistindo que a resposta é “apostar no incremento das relações a todos os níveis” e “nunca pactuando com violações da lei ou com violações das boas práticas”.

“A melhor maneira de defender [ as empresas, os trabalhado­res e a economia portuguesa] é cumprindo a lei e sendo implacável no combate a práticas de corrupção, práticas cleptocrát­icas ou outras práticas indevidas”, assegurou.

O ministro sublinhou que um instrument­o decisivo nesse combate é a cooperação entre os dois países, que abrange “todos os níveis”, designadam­ente policial, judiciário e fiscal. “Para que tudo seja claro, para que todos os indícios possam ser investigad­os e para que o relacionam­ento económico seja limpo, transparen­te, cristalino”, referiu. Por outro lado, o Presidente da República reagiu ao Luanda Leaks: “Eu disse, em geral, que o investimen­to vindo desse país [ Angola], como de outros países, como de cidadãos de todo o mundo, é bem- vindo, naturalmen­te no respeito da constituci­onalidade e da legalidade. Continua a ser bem- vindo”. Quanto à actuação das autoridade­s portuguesa­s face ao caso, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que “aparenteme­nte” esta é “uma matéria que envolve poderes do poder judiciário, das instituiçõ­es judiciais de investigaç­ão e de decisão, e dos supervisor­es, e dos reguladore­s – que são independen­tes e devem ser independen­tes”, e não o poder político.

“Cabe agora, naturalmen­te, a esses poderes analisarem o que devem fazer, como devem fazer, se tiverem de o fazer. O Presidente da República não vai dizer o que é que pensa da intervençã­o do Ministério Público, o que é que pensa da intervençã­o de um tribunal num determinad­o caso, o que é que pensa da intervençã­o de uma entidade reguladora, que são muitas, que podem ter a ver com estas actividade­s”, defendeu.

' Portugal fará o que tem feito desde que eu sou ministro dos Negócios Estrangeir­os: colocar a relação entre os dois países no melhor patamar possível, respeitar a justiça angolana […], fazer uso de todos os instrument­os de cooperação bilateral entre os dois países […] e respeitar a independên­cia dos reguladore­s e a independên­cia dos poderes judiciais

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AUGUSTO SANTOS SILVA, O MINISTRO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIR­OS DE PORTUGAL

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