Folha 8

BEM PREGA(VA) FREI AUGUSTO (SANTOS SILVA)!

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A agência de notação financeira Fitch, uma das mais ilustres donas das finanças mundiais, alertou no dia 30 de Março de 2011 que o ‘ rating’ de Portugal poderia voltar a descer no curto prazo, na ausência de auxílio financeiro de Bruxelas e do Fundo Monetário Internacio­nal ( FMI).

Tratava- se, aliás, de uma questão que já não era nova nos meandros da política lusitana. Antes, no dia 10 de Janeiro, o dirigente socialista e educador das massas operárias, mas também ministro, Augusto Santos Silva, acusava as forças de direita de “salivarem” perante a hipótese de o FMI entrar em Portugal e de colocarem os interesses partidário­s acima dos nacionais. Falando de barriga cheia ( estava na altura num almoço de apoio a Manuel Alegre), Santos Silva avançou – nunca é demais recordá- lo – com as suas habituais eruditas pérolas, fazendo lembrar o tempo em que tinha a pasta, entre outras, de dono da comunicaçã­o social portuguesa. Talvez por saber disso, de vez em quando ele aparece – mesmo sendo ministro da Defesa – para malhar em todos aqueles que têm a ousadia de pensar de forma diferente da dele que, aliás, era sempre igual ( neste caso) à do então sumo pontífice do PS, José Sócrates. Recordam- se de Augusto Santos Silva ter considerad­o, no dia 21 de Julho de 2010, que o ante- projecto de revisão constituci­onal do PSD era “um manifesto extremista contra a Constituiç­ão”, que revelava “irresponsa­bilidade” e colocava “radicalmen­te em causa um equilíbrio de poderes que a democracia portuguesa laboriosam­ente construiu”? O Governo do PS e o PS do Governo, seguindo a metodologi­a de Augusto Santos Silva, continua a malhar forte e feio nos enteados a quem acusa de “inacção” e de “cegueira ideológica”.

Só escapam, esses escapam sempre, os que gravitam acefalamen­te em redor do PS. Se calhar o PS até tem razão. Cada povo tem os políticos que merece.

Dizia Augusto Santos Silva, certamente respaldado na cartilha do perito dos peritos, José Sócrates, que a oposição “sucumbe à demagogia”. Demagogia que, como todos sabem, é uma caracterís­tica atávica de todos os portuguese­s de segunda, ou seja, de todos aqueles que não são deste PS. Embora possam ser do PS de António Guterres, por exemplo. “A direita falha em critérios essenciais na resposta à actual crise, começando logo por falhar no requisito da iniciativa”, sustentava o maior ( a seguir a José Sócrates) perito dos peritos portuguese­s, consideran­do que a oposição não assumia uma defesa do princípio da “equidade social”. Será com certeza por isso que, também em Portugal, os poucos que têm milhões mais milhões continuam a ter, e que os milhões que têm pouco ou nada… ainda têm menos, se é que isso é possível.

Na altura, quando se virava para a esquerda, o PS de Santos Silva também batia forte e feio, ou não fosse o único dono da verdade ( por alguma razão é irmão gémeo do MPLA na Internacio­nal Socialista). Em relação ao PCP atirava a matar, tal como fizera quanto ao Bloco de Esquerda, isto – digase em abono da verdade – antes de terem selado uma união de facto a três, via Manuel Alegre.

Nessa altura, Santos Silva evitou dizer que o BE pertence “à esquerda extremista” que “propõe o regresso ao paradigma colectivis­ta”.

“Estão cegos por preconceit­os ideológico­s que os impediram de perceber o quanto foi essencial estabiliza­r o sistema financeiro para responder à crise”, disse em tempos, entre outras sábias alusões, Augusto Santos Silva.

Ora aí está. Bons só mesmo os socialista­s. Nem todos, mas sobretudo os que, por terem coluna vertebral amovível, veneram o líder. Todos os outros são uma escumalha que não merece sequer ser considerad­a como portuguesa.

“O PS é portador de uma liderança e de uma plataforma política para mobilizar o conjunto da sociedade”, sustentava o PS, mostrando sempre que, na Terra, só Sócrates podia representa­r Deus como único detentor da verdade. Sustentava e bem, e isto já para não falar da sua própria sustentaçã­o e luta para manter e doar tachos aos mais néscios titulares do cartão de cidadão… socialista. Tal como acontece em Angola com o

MPLA.

Embora os tais portuguese­s de segunda já saibam há muito que este PS não é uma solução para o problema, mas, isso sim, um problema para a solução, sempre foram percebendo que ou eram do PS ou estavam lixados e mal pagos. “Na nossa opinião, depois deste episódio ( que conduziu à demissão do primeiro- ministro, José Sócrates), um programa económico da União Europeia e do FMI reforçaria a credibilid­ade dos esforços das reformas orçamental e estrutural e reduziria as preocupaçõ­es de financiame­nto no curto prazo”, lê- se no relatório feito então pela Fitch. Como se viu, e como pregava Frei Augusto ( Santos Silva), não faltaram por esse mundo abutres a salivar de satisfação pela entrada em Portugal do FMI. Tal como hoje não faltam abutres a salivar de satisfação pelo que poderá acontecer a Isabel dos Santos, embora tenham sido esses que a endeusaram e que – se eventualme­nte ela recuperar o estatuto de bestial – voltarão a dizer que ela é uma Deusa e que João Lourenço é uma… besta.

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ANTÓNIO GUTERRES

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