Folha 8

TODOS, MENOS O POVO BENEFICIAR­AM

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Oactivista e professor universitá­rio Domingos da Cruz considera que as revelações sobre a empresária Isabel dos Santos mostram que “existe uma teia de corrupção internacio­nal” que vai muito para além das investigaç­ões em Angola. “Não é surpresa nenhuma a participaç­ão de governos ocidentais naquilo que se acusa ser corrupção de Isabel dos Santos, a família e os amigos, todos membros do antigo regime, isto é uma teia de corrupção internacio­nal, não é uma questão meramente interna de Angola”, disse o activista em declaraçõe­s à Lusa.

“Isto não significa que Isabel dos Santos e família não sejam responsáve­is, eles têm toda a responsabi­lidade, mas é preciso que fique clara a hipocrisia do mundo ocidental”, vincou o autor da tradução do livro ‘ From dictatorsh­ip to Democracy: A Conceptual Framework for Liberation’, escrita por Gene Sharp, pela qual foi condenado a uma pena de prisão. Comentando as revelações feitas no 20.01.20 pelo Consórcio Internacio­nal de Jornalismo de Investigaç­ão ( ICIJ), Domingos da Cruz disse: “Os dados mostram claramente que o que Isabel dos Santos e o pai fizeram em relação a Angola tem envolvimen­to da comunidade internacio­nal, de governos e outras personalid­ades em diferentes partes do mundo, da Europa até aos Estados Unidos da América”. Questionad­o sobre quais os países e quais as personalid­ades, respondeu: “Os jornalista­s envolvidos nessa investigaç­ão começaram a lançar os primeiros dados e há outros que hão- de vir e mostram claramente o envolvimen­to dos governos em várias partes do mundo”. Na resposta, acrescento­u que “há várias empresas do sector privado dos EUA que contribuír­am considerav­elmente para que o povo angolano estivesse no nível de miséria em que está hoje” e escusou- se a apontar nomes: “Não gostaria de avançar mais nada, o trabalho está em curso e haverá mais revelações a caminho”, concluiu. Domingos da Cruz, que foi um dos entrevista­dos pela equipa de jornalista­s do ICIJ na preparação dos relatórios disponibil­izados no 20.01 ao final da tarde, diz que não foi surpreendi­do pela divulgação dos dados e lembra que repetidas vezes tem dito o mesmo.

“Sempre dissemos que o país estava a saque e nem sequer éramos ouvidos pela comunidade internacio­nal, pelo contrário, havia cumplicida­de, neste sentido; as pessoas envolvidas são tão ladras e corruptas quanto a Isabel e isso é uma lição para os africanos em geral, porque quando os tempos e os interesses mudam, mudam também as vontades, e temos de aprender a estar virados para dentro e para os nossos interesses”, defendeu.

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ACTIVISTA E PROFESSOR UNIVERSITÁ­RIO, DOMINGOS DA CRUZ
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