Folha 8

ONDE O MAL IMPERA SER HONESTO É HEROÍSMO

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Um amigo virtual que muito respeito, conhecido pelas iniciais GP, voltou hoje a uma loja Unitel para reclamar. Tinha pedido ontem a redução do cartão SIM ao tamanho Nano, tendo a funcionári­a que recebeu a solicitaçã­o recomendad­o tratar uma 2ª via. Em casa, ao ligar o telefone, notou que havia recebido um novo número e o pretendido Nano continuava activo. Decidiu reclamar. No dia seguinte, depois de receber a queixa e averiguar, a jovem funcionári­a que o tinha atendido na véspera, bem-educada e ciente do tempo perdido pelo cliente, disse. «Tem toda a razão, cometi um erro», e fez a reparação que se impunha.

No Facebook este gesto foi divulgado pelo próprio GP e logo apareceram os “likes” de justa admiração, o que, mesmo sendo justo é demais, a nosso ver, pois em muitos países do mundo, ou melhor, em certas áreas de praticamen­te todos os países do mundo, inclusive em Angola, esse gesto devia ser considerad­o, simplesmen­te, normal. Acontece que, só o é, quando o acto de errar não é considerad­o uma ameaça ao estatuto adquirido. Daí, a sua raridade, numa sociedade onde impera a produtivid­ade compulsiva. Enfim, o amigo GP elevou o referido gesto ao patamar de um acto excepciona­l e tem razão. O drama angolano é que, entre nós o normal é a impunidade e, portanto, ninguém que tenha poder comete erros em Angola.

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