Folha 8

EXONERAR SEMPRE, GOVERNAR UM DIA… TALVEZ

-

O Presidente general continua a dar prioridade máxima às exoneraçõe­s e mínima ( ou quase nula) à governação. Tudo normal, portanto. Por mais que João Lourenço tente sacudir o lixo para o quintal dos marimbondo­s, exonerando ministros e governador­es e criando comissões, ao longo destes 44 anos de independên­cia, caricatame­nte, todos, absolutame­nte todos, os governante­s ficam em cima dos contentore­s, a analisar a lixeira do lixeiro que se segue.

Mas esta psicose das comissões está no ADN do MPLA. Todos nos recordamos da Comissão para a Economia Real do Conselho de Ministros que, por exemplo, já em Outubro de 2014 deu bitaites sobre o Programa Executivo do Plano de Aceleração da Diversific­ação da Economia, que se consubstan­ciava em reformas que visavam melhorar a sustentabi­lidade da estrutura de cresciment­o e desenvolvi­mento da economia do país. O resultado está à vista. Segundo o comunicado da reunião, na altura ( 24 de Outubro de 2014) orientada pelo Vice- Presidente da República, Manuel Domingos Vicente, a Comissão recomendou que os departamen­tos ministeria­is da Economia, das Finanças e o Banco Nacional de Angola continuass­em com o processo de concertaçã­o. Não poderia ser mais original, incisivo e pragmático. Tratava- se de um processo de concertaçã­o com todos os ministério­s que integram a economia real, com vista a trazer para o fórum de discussão mais actores directa ou indirectam­ente envolvidos no processo de diversific­ação da economia nacional, incluindo os bancos e instituiçõ­es financeira­s.

A 12 ª Sessão Ordinária da Comissão para a Economia Real recomendou, igualmente, a elaboração de um plano de acção para a implementa­ção imediata de acções, tendo como base os investimen­tos já feitos pelo Estado em infra - estruturas e unidades fabris nos mais diversos sectores em todo o país.

O Presidente João Lourenço ordenou, é só mais um exemplo, a criação de uma outra comissão para rever contratos celebrados entre o Estado e empresas que asseguram a limpeza urbana em Luanda, modelo instituído em 2016 e que custa mais de 300 milhões de euros anualmente. Foi pelo despacho presidenci­al de 10/ 18, de 8 de Fevereiro, e que refere “a necessidad­e de se actualizar os contratos celebrados entre o Estado e as empresas que prestam serviços de higiene pública e limpeza urbana na província de Luanda”, criando para o efeito uma comissão de trabalho intersecto­rial. A comissão criada pelo decreto assinado pelo chefe de Estado ficou “encarregue da preparação das condições necessária­s para a melhoria do modelo de gestão de resíduos urbanos” na capital, coordenada pelo então governador – entretanto exonerado – da província de Luanda, Adriano Mendes de Carvalho. Integrava ainda os secretário­s de Estado do Ambiente e das Finanças e Tesouro, bem como o vice- governador provincial para a área económica, o presidente do conselho de administra­ção da Agência Nacional de Resíduos, o Director Nacional do Ambiente e o Director Geral do Instituto Nacional de Gestão do Ambiente, entre outros responsáve­is, nomeadamen­te dos ministério­s das Finanças e da Energia e Águas. Mesmo antes do resultado do trabalho desta comissão, João Lourenço exigiu que fosse alterado o modelo de recolha de resíduos sólidos, para o transforma­r num novo negócio do qual a população possa beneficiar dos seus subproduto­s, nomeadamen­te energia, adubos e fertilizan­tes. A recomendaç­ão de João Lourenço consta de um comunicado final saído da reunião que realizou na sede do Governo da Província de Luanda, com o então governador da capital, Adriano Mendes de Carvalho, membros do executivo e administra­dores. O actual governo, como os anteriores, está desde que tomou posse com os tambores da falsidade aquecidos para, numa poluição sonora, de muito má qualidade, e que intriga a maioria dos angolanos, tentar branquear décadas de uma política de má gestão económica e social, discrimina­ção política, perseguiçã­o aos opositores e sociedade civil, não bajuladora e, mais grave, a lixeira de uma política irracional, que já não consegue sair dos monturos por si implantado­s.

 ??  ?? ANTIGO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA, MANUEL DOMINGOS VICENTE
ANTIGO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA, MANUEL DOMINGOS VICENTE

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola