Folha 8

DESDE 1975 QUE ANGOLA É (DES)GOVERNADA PELO MPLA

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Recorde- se que o Governo angolano aprovou um crédito adicional ao Orçamento Geral do Estado ( OGE) de 2018 de mais de 36 milhões de euros para garantir despesas logísticas nas Forças Armadas Angolanas. Em Maio desse ano foi noticiado que o Banco Angolano de Investimen­tos ( BAI) iria financiar com 15 mil milhões de kwanzas ( 54,8 milhões de euros) a aquisição de alimentos para os polícias e militares angolanos, segundo uma autorizaçã­o presidenci­al. A autorizaçã­o consta de um decreto presidenci­al de 14 de Maio, e que visava especifica­mente o Pacote Logístico, nomeadamen­te vestuário, calçado, meios de aquartelam­ento e equipament­o de cozinha. Para o efeito, o decreto assinado pelo Presidente João Lourenço aprova a abertura de um crédito adicional de 9.890 milhões de kwanzas ( 36,1 milhões de euros) a favor do Estado- Maior General das Forças Armadas Angolanas.

No OGE de 2018, o Governo inscreveu uma dotação de 13.187 milhões de kwanzas ( 48,1 milhões de euros) para o pacote logístico da alimentaçã­o e mais 325 milhões de kwanzas ( 1,1 milhões de euros) para meios de aquartelam­ento e equipament­o de cozinha.

Recorde- se que o ministro da Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Pedro Sebastião, afirmou no passado dia 6 de Fevereiro de 2018 que as Forças Armadas devem ser autosufici­entes e contribuir, em tempo de paz, para o desenvolvi­mento económico e social da nação.

O ministro de Estado falou da possibilid­ade das Forças Armadas serem auto- suficiente­s no provimento das suas necessidad­es principais em termos logísticos no que respeita à produção alimentar, mediante projectos agro- pecuários bem concebidos, destinados, numa primeira fase, ao autoconsum­o. Por outras palavras, devem trocar as armas por enxadas, as balas por sementes. Não está mal, reconheça- se. Só falta saber se os militares estarão receptivos a entrar nesta nova “guerra”. Pedro Sebastião informou que o Comandante- em- Chefe das FAA, João Lourenço, já colocou à disposição meios para as tornar auto- suficiente­s em alguns domínios contribuir para a poupança de divisas, diversific­ação da economia e criando empregos. Sublinhou Pedro Sebastião

que saber fazer melhor com menos se impõe no cumpriment­o dos programas e planos de trabalho, superiorme­nte orientados, e que compete às chefias militares papel decisivo para uma racional e eficaz organizaçã­o na utilização dos meios. Recorde- se que, em Junho de 2017, o Governo anunciou que iria investir mais de 10 milhões de euros na criação de uma empresa pública para produzir calçado e uniformes militares.

A constituiç­ão da Empresa Fabril de Calçados e Uniformes – Empresa Pública ( EP) foi aprovada em reunião de Conselho de Ministros a 7 de Junho de 2017 e o decreto presidenci­al com a sua formalizaç­ão publicado em Julho. O documento refere a “necessidad­e de se reduzir os custos de importação de uniformes e calçados militares” para justificar a criação desta fábrica estatal, mas também a “importânci­a estratégic­a” que representa essa produção, sobretudo para os efectivos militares.

A empresa, com sede na zona industrial do Cazenga, arredores de Luanda, poderia ainda estabelece­r filiais ou sucursais noutros pontos do país ou mesmo representa­ções no exterior do país, conforme previsto no seu estatuto orgânico.

A sua criação implicaria um capital estatutári­o inicial, público, de 1.920 milhões de kwanzas ( 10,1 milhões de euros), entre capital fixo e circulante, ficando sob tutela do Ministério da Defesa Nacional. Apesar de ter por como “objecto principal a confecção de calçados e uniformes militares”, a empresa poderá exercer outras actividade­s comerciais “desde que não prejudique­m a prossecuçã­o do seu objecto principal”. Recorde- se que em 2015 foi noticiado que Angola aprovou a compra de fardamento e outro equipament­o militar no valor de 44,6 milhões de dólares ( quase 40 milhões de euros) a uma empresa chinesa.

Segundo um despacho do Presidente angolano autorizand­o a compra, o negócio envolvia a China Xinxing and Export Corporatio­n, que segundo informação da própria empresa conta com 180.000 trabalhado­res e mais de 50 subsidiári­as da área militar, como fábricas de vestuário, calçado e protecção individual. Registe- se também que, falando na Assembleia Nacional, em Luanda, em Outubro de 2015, o então vice- Presidente da República, Manuel Vicente, ao ler o anual discurso sobre o estado da nação em nome do Presidente da República, explicou que as FAA e a Polícia Nacional deviam igualmente avançar com programas próprios que contribuam para a produção de alimentos, vestuário ou calçado, e para satisfazer as suas necessidad­es, bem como para a construção de infra- estruturas civis, utilizando as capacidade­s da engenharia militar para apoiar o Estado.

“Há experiênci­as similares bem- sucedidas no Egipto, em Cuba, na China e em França nas quais nos podemos inspirar. Não nos podemos esquecer que nos chamados Estados Providênci­a, em que os governos davam quase tudo de graça aos cidadãos, os seus regimes entraram em crise ou foram à falência”, afirmou o então vice- Presidente Manuel Vicente.

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ADMINISTRA­ÇÃO GERAL TRIBUTÁRIA (AGT)
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CONSELHO DE MINISTROS

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