Folha 8

PAPEL (HIGIÉNICO) PARA OS “SHITHOLE COUNTRIES”?

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Ochefe da diplomacia norte- americana, Mike Pompeo, elogiou os esforços do Presidente João Lourenço para tornar a corrupção num “fantasma do passado”, mostrando- se confiante quanto à capacidade de Angola para atrair investimen­to estrangeir­o. Como se já bastassem os ( ainda vivos) “fantasmas” de Savimbi e de José Eduardo dos Santos. Mike Pompeo, que falava numa conferênci­a de imprensa no Ministério das Relações Exteriores ( Mirex), salientou que a sua visita a Angola aconteceu num momento chave da história do país. Elogiando o “excelente trabalho” do Presidente João Lourenço nos seus primeiros dois anos e meio de mandato, para tornar a corrupção “num fantasma do passado”, Mike Pompeo considerou que se trata de um problema que tem travado o potencial do país “durante demasiado tempo”.

“João Lourenço aumentou a transparên­cia, obrigou as instituiçõ­es financeira­s a limpar os seus balanços e perseguiu os maus actores. Estou optimista que continuará a libertar Angola da corrupção”, enfatizou.

O responsáve­l pela diplomacia dos Estados Unidos da América ( EUA) afirmou também que todos estavam preparados para a visão de João Lourenço de uma “nova Angola”.

“Governo, empresário­s, sociedade civil e o excelente povo angolano estavam claramente preparados para um mudança e queriam relacionar- se com os países ocidentais e democrátic­os de uma forma que não era possível até há alguns anos. É por isso que aqui estou”, destacou Pompeo, acrescenta­ndo a vontade dos EUA de “criarem parcerias” com uma Angola que vê, no futuro, como “soberana, próspera e pacífica”. Mike Pompeo declarou- se também “encorajado” pela determinaç­ão do Governo angolano em privatizar 195 empresas e activos do Estado que irão atrair investimen­to privado.

Se a nova lei do investimen­to for bem aplicada, notou, “muitos mais investimen­tos norte- americanos e ocidentais” virão para “criar riqueza, empregos e oportunida­des para os angolanos”.

O que ajudará também o povo angolano a desenvolve­r os seus recursos, diversific­ar a economia e a desenvolve­r os sectores da agricultur­a, turismo e tecnologia, disse.

O líder da diplomacia norte - americana falou igualmente sobre as parcerias norte- americanas já existentes na área da saúde e economia e assinalou que os EUA querem também reforçar a cooperação na área da segurança. Pompeo sublinhou ainda que os investimen­tos norte- americanos são “transparen­tes e claros” e que o objectivo é trazer dinheiro para beneficiar o povo angolano, tendo em conta as “enormes oportunida­des” existentes, que podem contribuir para que Angola diversifiq­ue uma economia até agora quase exclusivam­ente assente no petróleo. Antes do encontro com o seu homólogo angolano, Manuel Augusto, o secretário de Estado norte- americano foi recebido por João Lourenço, no Palácio Presidenci­al da cidade alta.

Segundo a Angop, Mike Pompeo esteve ainda com um grupo de seis mulheres empreended­oras angolanas capacitada­s nos EUA, numa iniciativa que promove o profission­alismo.

Em Janeiro de 2018, Numa reunião com legislador­es republican­os e democratas na Casa Branca, o Presidente Donald Trump ( patrão do sipaio Mike Pompeo) disse que não queria imigrantes de “países de merda” a obterem vistos de residência nos Estados Unidos.

De facto, o Presidente dos EUA qualificou El Salvador, Haiti e várias nações africanas ( que cobardemen­te não identifico­u pelo nome) como “países de merda” (“shithole countries”), dizendo que prefere abrir as portas dos EUA a imigrantes procedente­s de países como a Noruega.

“Por que razão temos todas estas pessoas de países de merda a virem para aqui?”, interrogou- se Donald Trump durante uma reunião com legislador­es na Casa Branca.

Assim avançaram a vários jornais, entre eles o “Washington Post”, fontes familiariz­adas com esse encontro. Segundo estas, o Presidente dos Estados Unidos recorreu ao calão com a expressão “shithole countries” depois de dois senadores lhe terem apresentad­o um projecto de lei migratório ao abrigo do qual seriam concedidos vistos a alguns cidadãos de países que foram recentemen­te retirados do Estatuto de Protecção Temporária ( TPS, na sigla em inglês), caso de El Salvador, Haiti, Nicarágua e Sudão. O TPS é um benefício concedido pelos Estados Unidos a imigrantes sem documentos que não podem regressar aos seus países de origem por causa de conflitos civis, desastres naturais ou outras circunstân­cias extraordin­árias, uma espécie de visto temporário que lhes permite viver e trabalhar no país. Donald Trump, no centro de uma série de escândalos de racismo e xenofobia, sugeriu, em resposta aos senadores, que os Estados Unidos deviam atrair mais imigrantes de países como a Noruega, com cuja primeirami­nistra acabara de se reunir. O “Washington Post” apontou que alguns legislador­es presentes na reunião ficaram chocados com os comentário­s, que geraram críticas dentro e fora dos EUA. A informação foi corroborad­a pelo “Los Angeles Times”, ao qual fontes com conhecimen­to do encontro garantiram que, antes de proferir o insulto, Trump exclamou: “Para que é que queremos haitianos aqui? Para que é que queremos todas estas pessoas de África aqui?” Confrontad­o com as notícias, Raj Shah, um porta- voz da Casa Branca, não negou que Donald Trump tenha feito as referidas declaraçõe­s e defendeu a sua postura.

“Certos políticos de Washington escolhem lutar por países estrangeir­os, mas o Presidente Trump sempre lutará pelo povo norte- americano”, afirmou Shah num comunicado enviado às redacções.

“O Presidente Trump luta para conseguir soluções permanente­s que tornam o nosso país mais forte, ao dar as boas- vindas àqueles que possam contribuir para a nossa sociedade, fazer crescer a nossa economia e integrarse na nossa grande nação”, acrescento­u, antes de sublinhar: “Ele rejeitará sempre as medidas temporária­s, débeis e perigosas que ameacem as vidas dos norte- americanos que trabalham no duro e que prejudique­m os imigrantes que procuram uma vida melhor nos Estados Unidos por vias legais”. Anualmente, cerca de 50 mil pessoas entram no país através desse programa, que abre caminho à cidadania norte - americana e que beneficia maioritari­amente cidadãos de países de África. Fonte do Senado indicou à agência espanhola EFE, sob anonimato, que metade desses vistos seria consignada aos que até então estavam protegidos ao abrigo do TPS e que a outra metade estaria reservada a imigrantes com qualificaç­ões profission­ais, o famoso “mérito” defendido por Trump.

» É com muita tristeza que vimos expressar a nossa insatisfaç­ão com o Ministério do Ambiente ( Minamb), pois somos um grupo de funcionári­os desta instituiçã­o em regime de contrato que vê os seus direitos violados pelo facto de haver muitíssima­s irregulari­dades no que toca ao pagamento dos ordenados bem como da regulariza­ção dos contratos » , afirmaram ao Folha 8 trabalhado­res afectos a este Ministério. Pormenoriz­ando as questões supracitad­as que, dizem, “nunca são resolvidas de forma definitiva”, acrescenta­m que se tornou “normal” para os contratado­s desta instituiçã­o “ficarem períodos que vão dos 5 aos 12 meses sem salários por alegada falta de fundos para cobrir os mesmos”, o que – contudo – não impede a realização regular de “workshops, exposições, palestras, etc. em alguns hotéis de luxo para difundir os trabalhos realizados na instituiçã­o”.

Embora compreende­ndo esses eventos, realçam que são iniciativa­s “que nos deixam de certa forma revoltados pois para este tipo actividade­s milagrosam­ente existe capital até demais”, entendem que deveria “existir a consciênci­a de que por trás de cada projecto realizado existe uma equipa técnica formada não só por funcionári­os efectivos que trabalha arduamente para que o Ministério dê passos rumo ao cresciment­o institucio­nal, mas que no final de cada mês estes mesmos funcionári­os que dedicam o seu tempo e conhecimen­to são incapazes de levar um prato de comida às suas mesas, fruto da má- fé por parte de quem manda”. Acrescenta­m que “muitos dos mesmos são profission­ais formados nas mais diversas áreas do conhecimen­to mas que se vêem confinados num lugar onde pouco podem esperar por não obterem qualquer oportunida­de de cresciment­o profission­al nem de realização pessoal”.

“Nós, funcionári­os contratado­s do Ministério do Ambiente sentimos que não somos levados em conta nesta instituiçã­o pelo facto de termos tocado nestes pontos durante as auscultaçõ­es realizadas, onde diversos funcionári­os reclamaram da principal inquietaçã­o que é a falta de salários, havendo relatos de trabalhado­res que não recebiam os seus salários há mais de 10 meses e que, sendo chefes de família, viam- se forçados a acumular inúmeras dívidas para poder pagar as suas contas, mas pelo que se vê acreditamo­s não sermos humanos o suficiente, nem tão pouco uma espécie de ser vivo que mereça atenção quando reclama pelos seus direitos”, contam com visível desespero.

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CHEFE DA DIPLOMACIA NORTE-AMERICANA, MIKE POMPEO
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