NÃO SOMOS TODOS MATUMBOS
OS ALGEMADOS VINDOS DA RÚSSIA
Muito gosta o regime de João Lourenço de gozar com a nossa chipala, fazendo de todos nós um bando de malfeitores matumbos. Como se não soubéssemos que as nossas crianças são geradas com fome, nascem com fome e morrem, pouco depois, com fome. Isto, é claro, enquanto o rei- presidente do reino do MPLA, aterrou nas Astúrias ( recordam- se?) a bordo de “um avião de 320 milhões, com um luxo jamais visto na região, e um séquito gigante”. “Angola registou avanços consideráveis com o estabelecimento de um quadro legal de referência para a promoção e defesa dos direitos da criança em vários domínios, designadamente com a adopção da Lei sobre a Protecção e Desenvolvimento Integral da Criança, que incorpora os princípios da Convenção dos Direitos da Criança e da Carta Africana e os 11 Compromissos para a Criança, que se constituem, de facto, no núcleo de uma agenda nacional para a criança angolana”, lia- se num dos documentos que acompanham João Lourenço nas suas nababas viagens pelo mundo.
O Governo do reino nababo afirma igualmente que a materialização dos Planos de Reconstrução e Desenvolvimento Nacional, associados às Políticas e Programas de Protecção Social, têm favorecido a melhoria das condições de vida da população e, consequentemente, das crianças angolanas.
Será por isso, senhor general e emérito Presidente João Lourenço, que a esperança média de vida à nascença em Angola cifrou- se nos 52,4 anos, apenas à frente da Serra Leoa, com 50,1 anos? Diz o regime de João Lourenço que, apesar das condições conjunturais difíceis por que passa a economia nacional e internacional, o Governo vai continuar a desenvolver esforços significativos para reconstruir os sistemas e infra- estruturas sociais, para aumentar a oferta, cobertura e qualidade dos serviços de saúde materno- infantil, para a expansão da educação e para a implementação dos programas de vacinação, de água potável e saneamento, a fim de se verificarem progressos substanciais no Índice de Desenvolvimento Humano. Convenhamos, por último, que João Lourenço apenas está a fazer o que sempre fez, embora agora tenha todos os poderes. Ou seja, preocupar- se com os poucos que têm milhões para que tenham mais milhões. Quanto aos milhões que têm pouco ou nada, que aprendam a viver sem… comer.
Os milhões que têm pouco ou nada, que aprendam a viver sem… comer
Oassassino anda por aí, à solta, idoso, falando sozinho, ás vezes, com uma bíblia debaixo dos braços e, o curioso neste assassino é que mesmo depois de ter morto os maridos de tantas senhoras, ainda assim conseguiu fazer destas viúvas, suas reféns, durante muito tempo, algumas, até mesmo meados de 1980.
Eu aposto que acabou mesmo por se envolver sexualmente com muitas viúvas das suas vítimas, pois há um rolo muito grande de senhoras que, até hoje, nunca abriram a boca, nem mesmo para contar aos próprios filhos e filhas sobre o antes e o depois que aconteceu com elas como vítimas dos carrascos de seus maridos, mais por vergonha do que propriamente por medo delas mesmas, também, acabarem sendo mortas.
Não é comum a mulher angolana falar aberta e publicamente de que já foi violada sexualmente, tirando casos quando é treinada ou encomendada para queimar alguém na TPA, mesmo quando, por vezes, abriram as pernas com muito prazer.
Zeca Pinho não morreu por um triz, mas ainda deu em louco/maluco na cela ( 8 ), pois ainda me recordo tão bem como se fosse hoje, eram por aí, 21 horas e poucos minutos, com uma temperatura que rondava os 30/ 31 graus, na famosa e tenebrosa cela ( F ), repleta de tantos brancos e negros, grande parte com sinais de tortura, uns mais visíveis e outros menos, quando de repente, uma movimentação estranha com alguma agitação, tomou conta do pátio da cadeia. Cheguei mesmo a acreditar, de que já seria, para nós, os últimos instantes e suspiros de vida, pois bastou dar um espreitadela pelas grades com as luzes apagadas, para não sermos identificados, porque, quem espreitasse, na altura e fosse apanhado, poderia mesmo custar- lhe a vida e, qual não foi o meu espanto, afinal tinha acabado de entrar na cadeia, um grupo de detidos vindos na Rússia, onde se encontravam a tirar cursos ( quero mesmo acreditar) da Secreta e tinham vindo algemados desde lá, até Angola, eram eles, o Zeca Pinho, Bandeira, Lubato, Conceição, Pedrito, Didi Leitão, Chiquinho, Chegará e Nando Figueira, se a consciência não me atraiçoa. Conhecia- os todos e, entre eles, estavam amigos meus, até mesmo de algumas andanças, ainda no tempo do colono e mais tarde como militares.
Zeca Pinho não morreu por um triz, mas deu em maluco na cela 8
Deste grupo o mais torturado e que cheguei mesmo á acreditar que o matariam, visto que quando chegou, todos os seus amigos de infância do bairro Sambizanga, onde cresceu, já tinham sidos executados, foi o Zeca Pinho e, neste caso, autorizo- me em falar, hoje, pela segunda vez, do Zeca Pinho, que conheço desde o bairro Sambizanga, apesar de ser meu mais velho, porque acompanhei, se assim se pode dizer, o seu percurso como estudioso, a sua dedicação e sua participação, mesmo na clandestinidade, na altura aos comités clandestinos do MPLA que lhe custaram, algum tempo, como detido, na Cadeia da Polícia Secreta Portuguesa PIDE/ DGS.
Mas ali, Zeca Pinho passou noites e dias na pior cela daquela cadeia, um lugar que
sempre considerei como sendo o do último suspiro, onde se bebia da água do mesmo buraco raso onde se faziam as necessidades maiores, pois com as mãos sobre as fezes, para se filtrar a água que trazia consigo, os restos das tuas próprias fezes, que flutuavam na palma da mão.
Assim se matava a sede de quem fosse posto, naquela cela. O Zeca gritava dia e noite que parecia um louco, as vezes, com o seu próprio rosto pintado e mascarado com as suas próprias fezes, que já era até mesmo uma tortura para qualquer um, ver aquilo...