NADA MUDOU, TUDO PIOROU
O show e trungungu autoritário de combate à corrupção, não consegue trazer contrapartida de impulsionamento da economia real, pelo contrário, afunda- a a cada dia e o cidadão pobre, desconsegue sair do fundo do precipício.
O que interessa, para a estabilidade social, ter 10 corruptos presos, por exemplo, contra 16 mil desempregados, sem nenhuma perspectiva, salvo a de aumentarem o exército dos miseráveis? O Presidente da República, na ânsia de querer fazer tudo sozinho, como salvador do país, sem uma agenda nacional estruturada, senão a de criticar, permanentemente, no insucesso, o passado, do qual, em tudo, de ruim, tem as suas impressões digitais, começa a desmoralizar quem acreditou ser ele uma opção de mudança.
Com o autoritarismo, a incompetência da equipa económica, repetimos, liderada por Manuel Júnior, está a decepcionar a classe empresarial, os investidores internos e externos ( na actual bagunça, ninguém vem investir em Angola) e o país profundo.
É urgente mudar de comportamento!
O quadro está ruim. As rotações governamentais, são uma tristeza, denotando terem muitos quadros competentes, inclusive, do seu partido, receio de integrar o gabinete presidencial, face à política actual de imprevisibilidade.
Faça as pazes com a sociedade, com a tribo política, com a economia, principalmente, com o dinheiro e respeite mais os empreendedores angolanos, que sem emprego, conseguem trabalhar e dar comida às famílias. Senhor Presidente, ser humilde não é burrice, não é fraqueza, pelo contrário, demonstra elevação e não deslumbre emotivo, pelo cargo, como dizia o político americano George C. Marshall: “Os pequenos actos que se executam são melhores que todos aqueles grandes que apenas se planejam,” acrescentando, “não é o suficiente apenas lutar. O espírito que levamos à batalha é que decide o resultado. É a moral que traz a vitória.“
Infelizmente, parece não ter havido um espírito de moral, nesta hercúlea batalha, daí, vermos, num de repente, a maioria da população pobre a ser combatida, com a famigerada Operação Resgate e outras, depois de o terem aplaudido, incluindo militantes da sua base ideológica. Paulatinamente, as bases têmlhe estado a retirar apoio, por ter hasteado tão alto a bandeira da crítica, contra, quem lhe entregou, o poder de bandeja e nada ter feito de melhor, senão a subida do preço dos produtos da cesta básica em mais de 500%. Senhor Presidente, uma fórmula de conter os preços é não subir tantos impostos, como lhe recomenda o neoliberalismo assassino, em prol do pobre e do empreendedor económico.
Os povos, ingenuamente, esperavam por emprego, pelo menos, os 500 mil, prometidos na campanha eleitoral, do MPLA, mas recebendo uma bacia de nada, foram à procura de trabalho, para não morrerem de fome e, eis, que no percurso, vêem sendo espancados e assassinados pelos bastões e balas da Polícia e dos “tonton macoutes” da Fiscalização. Não morrem da fome, morrem da truculência de um regime insensível, que pensa ser suficiente falar ao povo de combate à corrupção, fazer dos corruptos os bodes expiatórios para o insucesso governativo e pouco mais.
O povo tem honra e dignidade.
O povo não consegue roubar.
O povo quer apenas comer, com o fruto do seu trabalho, impedi- lo é um crime monstruoso, tal como vender as principais empresas públicas ao desbarato ao capital estrangeiro e militantes partidocratas ser um atentado contra a soberania angolana.
Tudo está mal e é preciso que os governantes saibam que o povo não come corrupção.
O povo espera há muito tempo, por um TPE ( Titular do Poder Executivo) capaz de incentivar a produção da vacina; COMIDA, para retirar da fome e miséria 20 milhões de pobres.
Este é um projecto exequível, à mão de semear, face à fertilidade dos nossos campos, bastando apenas inteligência para impulsionar a agricultura familiar e a distribuição. Convoque uma Conferência Nacional dos Ex- Regentes Agrícolas, para deles ouvir uma opinião avalisada sobre os solos, ouse caminhar, com os outros, que não têm vícios, porque Angola impõe.
E aqui vale mais uma máxima de Marshall “don’t fight the problem; decide it ( não lute contra o problema; resolva- o)”.
O que falta ao Presidente João Lourenço, para resolver o básico, ver o óbvio, em tempo de crise? Humildade, ante os sucessivos escândalos, também, no seu gabinete de roubalheira e corrupção. Não basta ter um exército de bajuladores e uma comunicação social subserviente. É preciso mais...
Chame, todas as inteligências, para o ajudarem a resolver os crónicos problemas, que o MPLA, demonstra incapacidade, face à crónica incompetência e insuperável capacidade de muitos dos seus escolhidos. Exemplos? Para quê? Se nem na Vila Alice, Marçal, Rangel, Precol, Bairro Operário conseguiram em 44 anos colocar água canalizada e, no Dondo onde o Kwanza banha a cidade, não há água nas torneiras, tal como na capital dos rios de Angola; Bié e, em Malanje, onde está a barragem de Kapanda não haja luz eléctrica. Angola tinha muitas fábricas, reabilite, por exemplo, através de financiamentos bonificados, por ano, 25 ( vinte e cinco) fábricas, com a participação de empresários angolanos, nos pólos industriais de Luanda ( Cazenga, Cuca, Viana); Benguela; Huambo; Namibe e Huíla, muitos dos imóveis transformados em armazéns, por terem sido, ideologicamente, entregues a militantes do MPLA, sem astúcia empreendedora. Este é o país real, estas são algumas opções viáveis, outras mais existirão... Os paliativos não são solução, por isso os cidadãos eleitores têm estado a ganhar consciência, rejeitando e, manifestado isso, nas redes sociais, nos bares, escolas, universidades e mercados, sobre a não renovação do “cheque” em branco. Mais grave a saturação está a causar sentimentos raciais, que devem ser analisados, seriamente. Angola é um país multirracial, onde existem desigualdades económicas visíveis, logo não é correcto, que as elites políticas utilizem as minorias ou maiorias, para os seus interesses inconfessos. Não defendo o racismo, nem o racismo encoberto, daí condenar a utilização das minorias como cobaias e as maiorias como matilha... Particularmente gostaria de ver um dirigente ou militante destemido, capaz de desafiar as grilhetas autoritárias e lançar mãos à reconstrução ou construção de um novo MPLA. Um MPLA com memória e história.
Um MPLA nacionalista e que não entregue a soberania económica ao capital estrangeiro.
Um MPLA comprometido, verdadeiramente, com a vida dos seus militantes e povos de Angola ( do que com a roubalheira e acomodação de um punhado de dirigentes).
Por esta razão, paulatinamente, os cidadãos vão se dando conta de o único ponto da agenda e projecto credível de João Lourenço, a dar certo, para gáudio da oposição e parte da sociedade civil, foi a destruição pública e partidária da imagem, reputação e nome de José Eduardo dos Santos, a quem, no estrangeiro, capital da antiga potência colonizadora, Lisboa, o Presidente da República, para surpresa geral, o condecorou com a medalha mais vil: corrupto maior, marimbondo- mor e único responsável pelo descalabro da economia de Angola, através da política da acumulação primitiva do capital.
Mais do que Eduardo dos Santos, o maior perdedor, na senda da “marimbondagem”, até aqui é o MPLA e o seu líder, ao demonstrar, mentalidade subserviente, subdesenvolvida, assimilada e complexada, ao lavar roupa suja, fora de casa e ridicularizar um dirigente, colocado nos estatutos, como seu presidente emérito.
Triste contradição. Com esta prática, o MPLA demonstra ser capaz de, também, indicar, um dia destes, para seu presidente e da República, um criminoso! Para nossa desgraça geral, nos bairros pobres e mercados, fundamentalmente, José Eduardo começa a ser, em tão pouco tempo, recordado, como o melhor e mais honesto dirigente do MPLA, pois untava, enriquecendo, todos os membros do Comité Central e Bureau Político do seu partido e, escondia todas as patifarias que muitos faziam, veja- se como reabilitou a imagem de um genocida como Agostinho Neto tornando- o fundador da Nação e herói nacional, em 1980, não prendeu os assassinos da DISA, não julgou intelectuais da Comissão de Lágrimas do 27 de Maio de 1977, responsáveis pelas maiores chacinas, no país, etc..
“Uma vergonha, ele, ao menos deu- vos a todos uma vida, negada à maioria dos angolanos, principalmente aos 20 milhões de pobres, a quem restavam as espinhas, dos vossos pratos. O Presidente João Lourenço é milionário e não por ter vendido as seringas do pai enfermeiro, mas porque José Eduardo lhe permitiu, também, desviar, ser latifundiário, comprar uma mansão nos Estados Unidos e investimentos em bancos, logo sem moral de o crucificar, pois todos fazem parte da mesma quadrilha”, acusa o político, João Milengo. Um MPLA ( com tantas empresas e acções, sendo um dos partidos mais ricos do mundo, através do desvio do património público) incapaz de dar uma refeição quente ou simples, sopa no refeitório, da sua sede, em Luanda, aos trabalhadores e funcionários de base, nunca dará aos demais autóctones angolanos, nem uma sandes de peixe frito.
Quem governa mal a própria casa, detecta nela defeitos e vícios, insanáveis, não tem condições de gerir um quarteirão, tão pouco um país, por carência de higiene intelectual.
O país precisa, urgentemente, de um Pacto de Regime, para, na união, todos serem partícipes na reconstrução de um novo projecto Angola.
Finalmente, óh mwene, “amandjangue tchialinga mbuim, tchalungula ava vayua”.
Analistas ( João Paulo Batalha, presidente da direcção da Associação Cívica Integridade e Transparência, e Orlando Castro, Director- Adjunto do Folha 8) saúdam arresto de bens da empresária em Portugal, mas há quem fale em “acerto de contas mal feito”. Isabel dos Santos acusa justiça angolana de provocar “danos injustificáveis” às empresas portuguesas.
“Arrestar não só os bens pessoais, como o produto de contas bancárias, mas os activos que constituem o império económico e financeiro de Isabel dos Santos em Portugal, como a NOS, o Eurobic ou a Efacec, é fundamental para começar a desmontar este império sujo que Isabel dos Santos criou com enorme cumplicidade das autoridades políticas e regulatórias portuguesas”. É desta forma que João Paulo Batalha, presidente da direcção da Associação Cívica Integridade e Transparência, comenta a recente decisão da justiça portuguesa, tomada em Março, de congelar as participações da filha do ex- Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, em empresas como a NOS e Efacec.
Para João Paulo Batalha, este é um passo importante para evitar que Isabel dos Santos fuja com o referido património e se ponha a salvo da justiça, quer portuguesa quer angolana. Em Janeiro deste ano, as autoridades angolanas solicitaram a colaboração da justiça portuguesa para o arresto das participações que Isabel dos Santos detém nas sociedades NOS, Efacec e no Eurobic, como via para obter garantia de retorno patrimonial de 1,2 mil milhões de dólares ( cerca de 1,15 milhões de euros).
Também o jornalista angolano Orlando Castro louva a atitude. No entanto, o director- adjunto do Jornal “Folha 8” considera que este é um imbróglio que não consegue separar o que é da justiça e o que é da política: “De certa forma, a justiça portuguesa está a ser instrumentalizada pela PGR [ Procuradoria Geral] de Angola, porque, por exemplo, em Angola, as empresas da Isabel dos Santos não estão a sofrer um tratamento nem sequer aproximado do que a justiça portuguesa está a fazer com as suas empresas”, nota. Esta quarta- feira ( 15.04), a Winterfell, empresa de Isabel dos Santos que controla a Efacec, acusou a justiça angolana de provocar “danos injustificáveis” às empresas portuguesas e estar a usar indevidamente a justiça em Portugal para “fins não legais e desproporcionais”. Em comunicado citado pela agência Lusa, a empresa salienta que a justiça angolana, além de ter arrestado bens num valor superior ao suposto crédito reclamado a Isabel dos Santos ( 1,1 mil milhões de euros), dá um tratamento diferente a empresas portuguesas e angolanas, solicitando medidas judiciais em Portugal que não foram aplicadas em Angola.
Como exemplo, a Winterfell lembra que, em Angola, “o procurador não solicitou o bloqueio das contas das empresas, nem impediu que fossem pagos salários, rendas, impostos, água e luz”, enquanto em Portugal “pediu o bloqueio das contas, impedindo- as de operar e forçando a sua insolvência, levando ao despedimento de uma centena de trabalhadores”, situação agravada pela crise decorrente da pandemia de Covid- 19.
Para Orlando Castro, “a PGR angolana deu um passo maior do que a perna e agora não sabe como é que háde descalçar a bota. E, portanto, está de alguma forma a tentar que a justiça portuguesa faça o trabalho que a PGR angolana não consegue fazer”.
O analista considera que “o próprio processo movido contra a engenheira [ Isabel dos Santos] é um processo juridicamente mal feito e que politicamente tenta mostrar uma realidade que, de facto, não corresponde aos factos” e vai mais longe: “Quer o Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa, quer a justiça portuguesa, em geral, não têm a noção de que este é um caso político, um acerto de contas mal feito por parte da PGR angolana”.
É esperança de João Paulo Batalha que seja possível devolver ao povo angolano grande parte dos activos desviados, mas considera também fundamental investigar a origem da fortuna de Isabel dos Santos e os crimes de corrupção, de favorecimento e de branqueamento de capitais que eventualmente lhe são imputados, respectivamente em Angola e Portugal. O presidente da Integridade e Transparência considera que a justiça portuguesa continua a agir de forma tímida e pede mais investigação sobre as cumplicidades políticas e económicas que permitiram à filha primogénita de José Eduardo dos
Santos ser tão bem recebida em Portugal e acumular o seu vasto património. Em causa, afirma, estão “as responsabilidades não só de Isabel dos Santos, mas de toda esta rede que a ajudou a montar todo este império e que continua provavelmente activa no apoio a outras altas figuras do Estado angolano”, também elas com fortunas de origem suspeita ou desconhecida e que continuam a fazer negócios e a trazer para Portugal muita riqueza acumulada de forma suspeita. Recentemente, a plataforma Projecto de Investigação ao Crime Organizado e Corrupção ( OCCRP, sigla em inglês), revelou que mais de uma dezena de entidades de influência da elite angolana e seus familiares usaram o sistema bancário para desviar centenas de milhões de dólares para fora do país, incluindo companhias alegadamente associadas a Isabel dos Santos.
É um imbróglio que não consegue separar o que é da justiça e o que é da política: “De certa forma, a justiça portuguesa está a ser instrumentalizada pela PGR [Procuradoria Geral] de Angola, porque, por exemplo, em Angola, as empresas da Isabel dos Santos não estão a sofrer um tratamento nem sequer aproximado do que a justiça portuguesa está a fazer com as suas empresas
* Correspondente da DW
João Lourenço já disse que viu roubar, participou nos roubos, beneficiou dos roubos. No entanto, garante que apesar disso tudo não é ladrão… A semana passada o Jornal Expansão revelou que o presidente da Assembleia Nacional ( AN), Fernando da Piedade Dias dos Santos “Nandó” recebia um subsídio de renda de casa de 17 milhões de kwanzas por mês. Segundo o director do Gabinete de Comunicação e Imagem da Assembleia Nacional, foi tudo uma gralha da AN. Mais ou menos como dizer que “Nandó” tinha dormido com o José Maria quando ele dormira com a Maria José.
“Quanto a um possível subsídio atribuído ao presidente da Assembleia Nacional, o que ocorreu foi uma gralha técnica que resultou na inserção do montante ao qual está referenciado como sendo subsídio de renda de casa, quando deveria ser serviços de manutenção e de conservação”, refere a anedótica nota da AN.
Assim, a pedagógica nota da Assembleia Nacional integrará, com efeitos retroactivos a 1975, a jurisprudência do MPLA. Por exemplo: a Polícia matou a tiro, recentemente, um jovem de 16 anos que com os irmãos circulava nas ruas da capital de um país que também eles julgavam ser o seu.
O que se passou foi “uma gralha técnica que resultou na inserção” de balas nas armas quando, segundo as instruções do ministro Eugénio Laborinho, deveriam ter sido municiadas com rebuçados e chocolates. Também é falso que João Lourenço tenha visto roubar, tenha participado nos roubos, tenha beneficiado dos roubos. Tudo não passou de “uma gralha técnica que resultou na inserção” errada dos verbos ver, participar e beneficiar. João Lourenço esbanja para seu proveito próprio ( e respectivo séquito bajulador) dinheiro que é tirado do erário público? Esbanja. Se não esbanja, alegaremos que se trata de “uma gralha técnica que resultou na inserção” errada dos verbo esbanjar. A Angola de João Lourenço é um dos países mais corruptos do mundo e com lugar de destaque mundial a nível da mortalidade infantil? É. No entanto, se não for… alegaremos que se trata de “uma gralha técnica que resultou na inserção” errada da… verdade.
Na Angola de João Lourenço, 68% da população é afectada pela pobreza, a taxa de mortalidade infantil é das mais altas do mundo, apenas 38% da população tem acesso a água potável e somente 44% dispõe de saneamento básico. Esta é a verdade. Mas se der para o torto, alegaremos que se tratou de “uma gralha técnica que resultou na inserção”… de qualquer coisa.
Nandó tinha dormido com o José Maria quando ele dormira com a Maria José” - GRALHA TÉCNICA (da Assembleia Nacional)