MÉDICOS (ANGOLANOS) PARA QUÊ?
OAmeaçou partir para uma greve, nos próximos dias, caso não haja resposta do Presidente da República, a quem foi enviado um manifesto da classe médica angolana
Sindicato Nacional dos Médicos de Angola (Sinmea) ameaçou no 15.06 partir para uma greve, nos próximos dias, caso não haja resposta do Presidente da República, a quem foi enviado um manifesto da classe médica angolana. Não deveriam também ter enviado o manifesto ao Presidente do MPLA e ao Titular do Poder Executivo?
O presidente do Sinmea, Adriano Esteves, disse em conferência de imprensa que o sindicato está preocupado com o elevado número de médicos angolanos no desemprego, “o elevado índice de morbimortalidade” ( relação entre doenças e mortes) nos hospitais e a falta de condições de trabalho. Segundo Adriano Esteves, a exiguidade de médicos especialistas no país é também outra preocupação, bem como a criação de um sistema de saúde primário eficiente em Angola.
“Queremos manifestar o nosso descontentamento pelo facto de ainda termos médicos desempregados e o sindicato vai continuar a lutar no sentido de melhorarmos cada vez mais a prestação de serviço no nosso país”, referiu.
O dirigente sindical frisou que o Sinmea está a contar com todos os médicos, para “encontrar os melhores caminhos para diminuir o elevado índice de mortalidade e morbilidade no país”. “Nós não vamos descansar, enquanto sindicalistas, enquanto a população de Angola não tiver as mesmas oportunidades, precisamos que cada um, seja rico ou pobre, tenha as mesmas possibilidades e não é o que observamos no nosso país”, vincou num gesto de santificada ingenuidade sobre uma realidade cuja cura é uma miragem há 45 anos. O sindicalista salientou que o país tem actualmente no activo apenas 8.000 médicos, para uma necessidade de pelo menos 30.000 profissionais. Mas, contudo, continua a liderar o ranking da corrupção com duas características “sui generis”: Tem o maior número de corruptos por metro quadrado e são todos do… MPLA. Por sua vez, a vice- presidente do Sinmea, Domingas Matos, apontou que apesar das várias reclamações e apelos feitos pelo sindicato não há qualquer resposta das autoridades governamentais. Compreende- se que os membros do Governo ainda não tenham tido tempo para entender as reclamações. Talvez tenham lido, mas como há uma substancial diferença entre ler e entender, devem estar à espera de um tradutor cubano.
“É nesta ordem, que não temos outra saída se não partirmos para as nossas acções reivindicativas, só não partimos para uma greve neste período devido à situação que o país e o mundo vive, estamos em situação de calamidade pública e juridicamente não é permitida a greve neste período”, disse a sindicalista. Acresce, recorde- se, que e qualquer atitude que desagrade ao Presidente da República ( ou aos seus auxiliares directos que têm o cérebro nos intestinos) pode significar um atentado contra a segurança de Estado, crime que tem uma moldura penal máxima de obrigatoriedade de um processo de reeducação dado por jacarés famintos. Contudo, prosseguiu: “Tão logo se levante este período, nós o sindicato partiremos para uma, duas, três, quatro, quantas greves forem necessárias para que sejamos ouvidos, para que os nossos documentos e os nossos pedidos sejam olhados com o merecer que se impõe e sejamos atendidos”. Domingas Matos assegurou que, apesar da situação de calamidade, o sindicato não vai cruzar os braços e, embora não seja possível uma paralisação, há actividades que podem ser realizadas para fazer ouvir as suas vozes.
“A princípio começaremos por manifestações, faremos quantas forem necessárias e, se nos próximos 15 dias as respostas de tudo o que já foi apresentado não forem dadas, então daí mesmo o conselho nacional do sindicato vai reunir para sacar todas as actividades reivindicativas que sejam juridicamente aceitáveis nesta situação”, adiantou. E que tal, por exemplo, pedir a solidariedade dos colegas cubanos?