A POESIA DE JOSÉ LUÍS MENDONÇA E OS EDUARDISMOS
HISTÓRIA DA LITERATURA ANGOLANA
DTEXTO DE RAIMUNDO SALVADOR*
ecepção. Foi o sentimento que tomou conta de mim depois de folhear a última página da autobiografia do político N’zau Puna, um dos fundadores da UNITA liderada por Jonas Savimbi.
O livro, sem grandes revelações, tem algumas coisas interessantes. Interessante é saber que o autor apesar de ter rompido com Jonas Savimbi enaltece, em termos gerais, o legado do líder fundador do Galo Negro e a sua história na organização.
Puna, acho ser este o dado mais importante, confirma uma informação que no final dos anos 80 já era pública. A sua primeira mulher foi morta por Savimbi. E Puna apenas decide sair da UNITA quando descobre que seria morto pelo seu companheiro de armas e usado como bode expiatório da eliminação de Tito Chingunji e Wilson dos Santos. Se tal não acontecesse, provavelmente lá continuaria, apesar do assassinato da mãe dos seus filhos.
O veterano guerrilheiro não explica lá muito bem como conseguiu sair de Luanda antes das eleições de 92 sem que a
Brinde percebesse. Aterrou em Portugal num jacto privado com a família e passaporte diplomático. Quem o apoiou? Não disse! Nenhuma linha. E outra: Puna chama a “si” o protagonismo de vários actos que salvaram várias pessoas da forca. E coloca a sua assinatura em dezenas de acções que resultaram na melhoria das condições de vida das populações das “Terras Livres” de
Angola, como, segundo diz, uma farta produção agrícola. Ou seja, não tem sangue de inocentes nas mãos. Justifica alguns dos seus excessos, era temido, com a necessidade de disciplinar a tropa. E argumenta que o “harém” de mulheres, passe redundância, que tinha à disposição resultava da “gentileza” ou da simpatia das populações das sanzalas.
Omundo jurídico angolano na mais alta corte da magistratura anda em polvorosa. Um grupo cuja pretensão é deter o controlo absoluto das duas câmaras: Tribunal Constitucional e Tribunal Supremo se destaca, com a colocação de peões e, ou, afastando adversários. E, aqui, vale tudo, até arrancar olhos, como a investida, empreendida, sobre Manuel Aragão, depois de uma célebre reunião do CSMJ (Conselho Superior da Magistratura Judicial). Na política não há coincidência e o ruído seguido de impressões digitais do juiz jubilado do Tribunal Constitucional, Raul Araújo e do sponsor Rui Verde, em pareceres “draconianos”, quanto a extensão analítica de norma difusa, com laivos selectivo-discriminadores, do preceito jubilação, mas em balança viciada. Um jurista auto-apresentando como professor catedrático, ao esgrimir argumentos casuístas, compromete-se, fundamentalmente, se transitou pelos corredores e muros, onde existe jurisprudência a dividir as margens do rio: Tribunal comum versus tribunal de especialidade, onde um dos magistrados só aos 75 anos e, bem, jubilou? Será que Raul Araújo e Rui Verde, não conhecem Onofre dos Santos? Ou é mera coincidência, não o ter como referência, por facilitar o alvo a abater,
Manuel Aragão, como se fosse peça única e pioneira? (...segue)