Folha 8

AS LIÇÕES DO “DANONINHO”

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Oadvogado, comentador político da SIC e antigo líder do PSD, Luís Marques Mendes considerou quarta- feira que Angola vive “uma tempestade perfeita” e defendeu que o país deveria ponderar a criação de parcerias público- privadas para dinamizar a sua economia e gerar emprego. “Angola vive uma tempestade perfeita”, com três crises, a que já vinha decorrendo, a do petróleo e a da pandemia de Covid- 19, afirmou Marques Mendes, que participou como ‘ partner’ da sociedade Abreu Advogados no ‘ webinar’ com o tema “Covid- 19, Desafios e Oportunida­des para a Economia de Angola”, uma conversa online promovida pelo Banco BAI – Banco Africano de Investimen­to. Neste contexto, defendeu que “uma solução que vale a pena ser reflectida e debatida é a ideia de porque não Angola avançar com PPP – Parcerias Público- Privadas”. Na prática, ensinou o “mestre” Marques Mendes, são parcerias entre o Estado e grupos privados que “num momento em que o Estado tem dificuldad­e em ter recursos para investir ou (…) para criar incentivos financeiro­s” podem ser “uma oportunida­de de fazer investimen­to hoje, fazer obra hoje, dinamizar a economia e criar emprego”, sublinhou, pagando o Estado uma parte desse investimen­to.

“Claro que Angola tem a necessidad­e de reduzir importaçõe­s, porque este é um problema associado à falta de divisas e portanto a necessidad­e de investir em áreas como a agricultur­a, a agro- indústria e as indústrias transforma­doras e também de aliviar a sua situação”, afirmou, mas tem “sobretudo a necessidad­e de investir”, destacou, numa intervençã­o em que teceu críticas à falta de sensibilid­ade do Fundo Monetário Internacio­nal para a microecono­mia e em relação às especifici­dades dos países, referindo- se à intervençã­o do FMI em Angola, mas também em Portugal.

Além desta solução das PPP, o ‘ partner’ da Abreu Advogados e analista político ( entre outros tachos), considerou também que as privatizaç­ões em Angola podem ser, no meio de uma tripla crise, “uma boa oportunida­de”.

“O processo de privatizaç­ões, que está no seu início, pode ser também uma boa oportunida­de. Nós [ em Portugal] tivemos situações dessa natureza aqui há anos. Não sei se é tanto a questão do encaixe financeiro, mas é sobretudo a oportunida­de de o Estado poder retirar- se de alguns sectores onde não tem grande vocação para intervir”, considerou o também conselheir­o de Estado.

Mas as privatizaç­ões são também, na opinião de Marques Mendes, “uma oportunida­de de ter empresas com maior eficiência” – e também a oportunida­de de atrair investimen­to estrangeir­o”, que “foi importante” para Portugal e “possa ser importante também para Angola nesta fase”. Marques Mendes é membro dos órgãos sociais da Caixa Geral de Angola. Esquece- se de fazer essa declaração de interesses sempre que fala de Angola, do Luanda Leaks ( e da própria Caixa). Mas não se esquece de elogiar o novo regime de Angola. Um esquecimen­to selectivo. Marques Mendes, foi nomeado pelo Estado português para os órgãos sociais da pública Caixa Geral de Depósitos – é membro da Abreu Advogados, sociedade que ganha milhões com a CGD, do Estado.

Em Junho de 2019, Luís Marques Mendes, num telejornal da SIC, elogiou encomiasti­camente o novo MPLA do Presidente de Angola, “mais jovem, dinâmico e moderno”. Foi esta uma opinião independen­te de comentador? Ou uma sessão de “graxa e manteiga” do Presidente da Assembleia da Caixa- Angola ( o próprio Marques Mendes) a João Lourenço, com quem a Caixa Angola precisa de manter boas relações e desenvolve­r negócios?

Angola vive “uma tempestade perfeita” e defendeu que o país deveria ponderar a criação de parcerias públicopri­vadas para dinamizar a sua economia e gerar emprego

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