AS LIÇÕES DO “DANONINHO”
Oadvogado, comentador político da SIC e antigo líder do PSD, Luís Marques Mendes considerou quarta- feira que Angola vive “uma tempestade perfeita” e defendeu que o país deveria ponderar a criação de parcerias público- privadas para dinamizar a sua economia e gerar emprego. “Angola vive uma tempestade perfeita”, com três crises, a que já vinha decorrendo, a do petróleo e a da pandemia de Covid- 19, afirmou Marques Mendes, que participou como ‘ partner’ da sociedade Abreu Advogados no ‘ webinar’ com o tema “Covid- 19, Desafios e Oportunidades para a Economia de Angola”, uma conversa online promovida pelo Banco BAI – Banco Africano de Investimento. Neste contexto, defendeu que “uma solução que vale a pena ser reflectida e debatida é a ideia de porque não Angola avançar com PPP – Parcerias Público- Privadas”. Na prática, ensinou o “mestre” Marques Mendes, são parcerias entre o Estado e grupos privados que “num momento em que o Estado tem dificuldade em ter recursos para investir ou (…) para criar incentivos financeiros” podem ser “uma oportunidade de fazer investimento hoje, fazer obra hoje, dinamizar a economia e criar emprego”, sublinhou, pagando o Estado uma parte desse investimento.
“Claro que Angola tem a necessidade de reduzir importações, porque este é um problema associado à falta de divisas e portanto a necessidade de investir em áreas como a agricultura, a agro- indústria e as indústrias transformadoras e também de aliviar a sua situação”, afirmou, mas tem “sobretudo a necessidade de investir”, destacou, numa intervenção em que teceu críticas à falta de sensibilidade do Fundo Monetário Internacional para a microeconomia e em relação às especificidades dos países, referindo- se à intervenção do FMI em Angola, mas também em Portugal.
Além desta solução das PPP, o ‘ partner’ da Abreu Advogados e analista político ( entre outros tachos), considerou também que as privatizações em Angola podem ser, no meio de uma tripla crise, “uma boa oportunidade”.
“O processo de privatizações, que está no seu início, pode ser também uma boa oportunidade. Nós [ em Portugal] tivemos situações dessa natureza aqui há anos. Não sei se é tanto a questão do encaixe financeiro, mas é sobretudo a oportunidade de o Estado poder retirar- se de alguns sectores onde não tem grande vocação para intervir”, considerou o também conselheiro de Estado.
Mas as privatizações são também, na opinião de Marques Mendes, “uma oportunidade de ter empresas com maior eficiência” – e também a oportunidade de atrair investimento estrangeiro”, que “foi importante” para Portugal e “possa ser importante também para Angola nesta fase”. Marques Mendes é membro dos órgãos sociais da Caixa Geral de Angola. Esquece- se de fazer essa declaração de interesses sempre que fala de Angola, do Luanda Leaks ( e da própria Caixa). Mas não se esquece de elogiar o novo regime de Angola. Um esquecimento selectivo. Marques Mendes, foi nomeado pelo Estado português para os órgãos sociais da pública Caixa Geral de Depósitos – é membro da Abreu Advogados, sociedade que ganha milhões com a CGD, do Estado.
Em Junho de 2019, Luís Marques Mendes, num telejornal da SIC, elogiou encomiasticamente o novo MPLA do Presidente de Angola, “mais jovem, dinâmico e moderno”. Foi esta uma opinião independente de comentador? Ou uma sessão de “graxa e manteiga” do Presidente da Assembleia da Caixa- Angola ( o próprio Marques Mendes) a João Lourenço, com quem a Caixa Angola precisa de manter boas relações e desenvolver negócios?
Angola vive “uma tempestade perfeita” e defendeu que o país deveria ponderar a criação de parcerias públicoprivadas para dinamizar a sua economia e gerar emprego