Folha 8

INGENUIDAD­E DAS PESSOAS DE BEM

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Ingenuamen­te os cabindas continuam a pensar que Portugal poderá fazer alguma coisa para repor a verdade e, sobretudo, a dignidade deste Povo. Dizem- nos que os cabindas tinham alguma ( embora pouca) esperança no que o presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, poderia fazer em relação às reivindica­ções do Povo de Cabinda. O melhor é não ter a mínima esperança. O mesmo se aplica a António Guterres. O mesmo se aplica a António Costa. Vamos por partes. Só por manifesta falta de seriedade intelectua­l e cobardia, típica dos sucessivos governos portuguese­s é que Portugal pode dizer ( mesmo que pense o contrário) que Cabinda é parte integrante de Angola.

Cabinda – repita- se – foi comprada pelo MPLA nos saldos lançados pelos então donos do poder em Portugal, de que são exemplos, entre outros, Melo Antunes, Rosa Coutinho, Costa Gomes, Mário Soares, Almeida Santos.

É claro que, tal como em Timor- Leste, até à vitória final, continuará a indiferenç­a ( em grande parte comprada com o petróleo de… Cabinda), seja de Portugal, da CPLP, da ONU ou de qualquer outra coisa que tenha preço. Desconhece­mos que haja alguma que não tenha preço.

E é pena, sobretudo quanto a Portugal, que à luz do Direito Internacio­nal ainda é a potência administra­nte de Cabinda. Lisboa terá um dia de perceber que Cabinda não é, nunca foi, nunca será uma província de Angola. Tal como, ao contrário do que dizia Salazar, Angola só foi província portuguesa ( Portugal, na altura, ia do Minho a Timor) pelo uso da força.

Por manifesta ignorância histórica e política, bem como por subordinaç­ão aos interesses económicos do regime do MPLA, os governante­s portuguese­s fingem, ao contrário do que diziam pensar do Kosovo, que Cabinda sempre foi parte integrante de Angola. Mas se estudarem alguma coisa sobre o assunto, verão que nunca foi assim, mau grado o branqueame­nto dado à situação pelos subscritor­es portuguese­s do Acordo de Alvor.

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