NÃO ME VITIMIZO. SOU UMA VÍTIMA!
A“manada” ruidosa, que sob o estalido do chicote, segue, sem pensar, o touro que a comanda, curou de mandar vários recados, uns mais ameaçadores do que outros, por net e carta, acusando - me de tudo e de nada, num extenso repertório- acusatório, como se a cinza ainda se queimasse...
“VAIS MORRER COMO UM CÃO, SACANA FILHO DA P...”!
Não tenho medo deles. Não me calarei! Não fugirei nunca. Mas não subestimo nunca estes assassinos partidocratas, escudados no poder e doutorados em genocídios, ladroagem e cobardia.
E segue a banda patrulheira.
“Antipatriota e antinação. Reaccionário ocidental. Corrupto. Fantoche. Estás a brincar demais com o fogo.
Que coloca em cheque a estabilidade do país. Agitador contra o plano de reconciliação do camarada presidente João Lourenço. Assalariado de José Eduardo dos Santos e da sua filha Isabel; Caluniador da imagem do herói nacional, Dr. Agostinho Neto; Racista”, etc. etc. e outras boçalidades, num monturo de balelas... E como sempre é a velha covardia, que se esconde por debaixo da sanita, não merecendo resposta, mas um simples rememorar dos conceitos! a) Como ser antipatriota se o MPLA não conseguiu, em 45 anos de poder absoluto, burilar um projecto- país, por incompetência de interpretar e transmitir, na neutralidade republicana, actos, valores, acções, símbolos e hino transversais aos anseios e sentires de todos os povos e micronações angolanas? Pátria não é um conceito geográfico, tal como nação, sociológico. Angola seria uma pátria caso o MPLA, desde 1975, não impusesse um hino nacional, parcial, de um só povo e uma só nação: do MPLA; apologista da morte; de heróis do 4 de Fevereiro de 1961, discriminando os heróis transversais, como Nzinga Mbandi, Mandume, Ekuikui, Kimpa Vita, Simão Toco, etc., logo, um hino anti- republicano, desrespeitador dos outros povos e heróis consensuais; envaidecendo apenas o seu umbigo. b) Reaccionário ocidental são os assimilados que estão no poder, avessos às culturas, tradições, línguas angolanas, tratadas, vergonhosamente, como dialectos de origem africana, daí a exclusão na Constituição atípica do MPLA, onde apenas tem assento a língua portuguesa, que sendo nacional, ela sim, é de origem estrangeira; c) Corrupto e fantoche, infelizmente, não posso ser, não fazendo parte dos quadros dirigentes do MPLA, que escancararam as riquezas nacionais, ao capital estrangeiro; d) A estabilidade do país não se desmorona com a verdade, liberdade, justiça e democracia, pelo contrário, a mentira e a discriminação é que desestabilizam ( para além de envergonharem) um país; e) Infelizmente, o presidente João Lourenço não tem um plano e programa de reconciliação. Ele tem um programa, sub- reptício, para submissão das vítimas do genocídio do 27 de Maio de 1977, visando o branqueamento da imagem e crimes de Agostinho Neto e seu regime; f) Não preciso negar, ser assalariado de JES e sua filha, apenas desafiar a Presidência da República, a Segurança de Estado, que têm o meu telefone, sob escuta 24/ 24 horas, a apresentar provas. Tão simples quanto isso. Eu sim tenho provas dos assalariados de ontem e de hoje. g) Não preciso de caluniar Agostinho Neto por não ser, para mim, herói. Quem tem as mãos manchadas de sangue, em Angola, nem os elogios de Neruda, limpam da sua biografia o genocídio do 27 de Maio de 1977, carimbado com: “Não vamos perder tempo com julgamentos”! Querem forçar- me a aceitar que alguém que não teve dó em assassinar milhares e milhares de angolanos: 80 mil, tenha, sob o manto da mentira, o meu respeito e consideração. Nunca! i) Quanto a ser racista estamos entendidos; Neto suplantou muitos e muitos de nós, logo, não lhe chego aos calcanhares... Em 1974, no assassinato de um embaixador da Bulgária ou Roménia, por milícias suas, que tinham ordens para amedrontar os comerciantes, disse: “Camaradas nem todos os brancos são portugueses”! E, no maior cinismo e incoerência, ele estava casado com uma portuguesa... Depois ordenou a separação de casais, se um dos cônjuges fosse português. Muitos separaram- se, por força dessa absurda e draconiana “lei netista”, destacando a mulher do José Reis, nosso cosofredor do 27 de Maio, angolano de todos costados, considerado branco de segunda, teve de ver a mulher embarcar, mesmo estando ela a trabalhar na desminagem.
O meu cadastro está distante deste racismo incubado... de Neto, aliás basta ver a escória mercenária lusa contratada por uma fundação de idoneidade medíocre, que vive à custa do erário público, para atacar o Folha 8.
Como angolano convicto, amante dos ideais da esquerda social, nunca me calarei, quanto à necessidade de defesa dos pobres, dos discriminados, dosmiseráveisedos injustiçados.
O meu alvo principal é ajudar a combater a tirania, o poder unipessoal absoluto, a Constituição atípica, a vergonhosa dependência dos órgãos de soberania e a ausência de uma justiça independente. Tenho um sério compromisso com a liberdade, a conciliação, a reconciliação verdadeira, a justiça e a democracia. Souumsoldadocontraabrutalidade policial do “poder paradigma”, virada contra os pobres, violentados, todos os dias, por uma milícia, denominada fiscalização, a serviço do executivo do Presidente da República, que rouba, sim rouba, como um qualquer delinquente, os cidadãos honestos, que lutam diariamente pela vida.
São gatunos institucionais, logo o regime sabe das suas barbaridades e doqueestáaplantar.
João Lourenço (ou o seu gabinete) não está interessado em governar para os pobres, dar emprego, água, saneamento,luz,educação,saúde,pelo contrário a sua raiva é transversal e maisviolentacontraospobres. Roubar violentamente, com colete e carros do executivo, o pequeno negócio de bacia, de uma mulher, as peças de fardo, as quinquilharias é de umamalvadezsemparalelo,poisnem notempocolonialseviaisso.
Será que o Presidente João Lourenço não sabe, que os seus fiscais, em todo país, roubam, espancam, matam e atentam contra os pobres, tornandoos cada vez mais miseráveis, mas também, um exército cada vez mais revoltadoecientedosseusdireitos? Nunca vi, tanta insensibilidade institucional, como se estivéssemos no período colonial (será que não estamos?), contra quem, trabalha na rua, pela incapacidade do Executivo gerarempregos.
A brutalidade selvática destes “pittbull milicianos”, coloca a fome e, mais de 1 milhão de pobres trabalhadores, por roubo dos seus produtos, pondo em perigo de vida, também as respectivas famílias, como acontece neste momento, em Benguela, com o filho da vice-presidente da Associaçãonacionaldosvendedores Ambulantes, Luísa Albertina Nicolau, acometido com uma anemia severa, internado na sala 37 do Hospital Central.
Roubada por quatro vezes, pelos fiscais, nos últimos quatro meses, está impotente para acudir ao filho, uma vez o marido, ser também desempregado.
São situações como estas, senhor Presidente, que podem provocar uma explosão social, se nada for feito, para o desmonte desta milícia (fiscalização) com métodos delinquentes, causadores de um sentimento de revolta, que não diminui com o aumento da luta de egos dos dois líderes do MPLA (presidente e presidente emérito), em torno do “show off” de um combate a corrupção, quando a fome, o desemprego e a injustiças aumentam.
Por isso, também nos batemos contraatentativadebranqueamento da imagem de falsos heróis Não sou herói, reconheço, mas, também, não sou covarde, tenho a certeza.
Tenho idoneidade para criticar a forma como está a ser conduzido o país, em função do aumento da miséria, inflação, que saiu de 10 mil para os actuais 80 mil kwanzas, ausência de um sério programa de governação, politização da justiça e perseguição selectiva.
Faço, hoje, por me ter batido, ontem, à luz do dia, contra a mesma senha, o mesmo “show off” de Eduardo dos Santos, quanto aos desvarios, cometidos enquanto presidente do Mplaedarepública(38anos), com a acumulação primitiva de capital, responsável pelo enriquecimento ilícito de todos os dirigentes do MPLA, tendo ele todos os poderes deestado, enquantoassistiaosilêncio dos covardes, comedores da gamela partidocrata, que hoje querem ser heróis.
Tenho impressões digitais, no processo judicial movido, contra as nomeações de José Filomeno dos Santos, Fundo Soberano de Angola; Isabel dos Santos, para a presidência da SONANGOL.
Não me lembro de nenhuma oposiçãodopresidentedarepública João Lourenço, quer a nível do comité central, bureau político, vicepresidente da Assembleia Nacional ou ministro da Defesa, em relação à nomeação. Nem mesmo um alerta de que o futuro lhes poderia reservar, situações delicadas, como as de denegação de justiça ou maior politização dos tribunais e juízes. O tribunal chumbou o processo, logo,maisdoquedossantos,oleque onde estão incluídos o Procurador da República, os juízes do Tribunal Supremo, Tribunal Constitucional, são os responsáveis e deveriam, hoje, também, ser julgados e não endeusados...
Na mesma senda estão os jornalistas da imprensa pública, os comentadores, o jurista/deputado João Pinto e outros mais, que num verdadeiro tempo de amnésia esqueceram a sua macabra participação nos caboucos da ditadura de ontem, hoje, mais truculenta, mas sob o olhar da história.
A raiva e ódio é tão grande contra a família Dos Santos, que os falsos patriotas estão a fazer uma jogada para enriquecer Portugal, como ficou demonstrado com a nacionalização da EFACEC. O processo mal parido contra Isabel dos Santos, ao que parece, não visava recuperardinheiroparaosangolanos, mas entregá-lo, de bandeja, a Lisboa, daí a rejeição do Presidente da Repúblicaedaprocuradoria-geralda República,emnegociaremcomuma cidadã angolana, acusada da prática decrimesdecorrupção. Quem é o responsável desta estrondosa derrota a favor de Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, respectivamente, Presidente e Primeiro-ministrodeportugal? Joãolourençooupittagrós?alguém tem de ser culpado, pois o país está a perder muito nestas vaidades de governar, quando melhores soluções existem. Agoraficacadavezmaisevidenteter sido o “Luanda Leaks” criado num laboratório judiciário em Luanda, dadoporcercade4milhõesdeeuros, ao hacker português Rui Pinto, para assumir a paternidade, para criar a aversão contra alguém, que tendo roubado ou descaminhado milhões, cominteligênciaesentidodeestado, poderia devolver ao país, os milhões de que carece para alavancar o seu desenvolvimento.
Esta é uma pequena amostra que o futuro presidente de Angola terá de imputar aos responsáveis de tão grosseiro crime, contra a soberania nacional.
Com o silêncio cúmplice e uma prática tacanha a maioria do MPLA mostra não ter moral, ser boçal e traidora,poisagoratodossãorambos, porque Dos Santos está, estatelado no chão, sem ter sequer uma tribuna para se defender, incluindo o jornal do seu partido (EME) onde ele é presidenteemérito.
Não o desculpabilizando, pois cometeu muitos erros, a favor do MPLA temos de reconhecer, que o actual Presidente em 3 anos de governação tirando a retórica corrupção, cometeu mais erros na gestão da coisa pública, que JES.
Nunca a vida esteve tão cara e sem esperança como agora, dando a sensação de falta de preparo para tão elevada empreitada. É preciso mudar, com urgência, porque o país está sob um barril de pólvora e os roubos não pararam. Devemos continuar a denunciar o enorme regabofe.
Não faço parte da escória que no consulado dos 38 anos, se calou, lambuzou, empanturrou, aplaudiu, enriqueceu, corrompeu, afundou o país e, só depois, de desarmarem JES, incluindo a actual liderança, se tornou valente, na acusação e descaracterização da sua gestão, como se não fossem parte do mesmo regime... Senhores covardes, se José Eduardo continuasse presidente do MPLA, detendo o controlo da maioria parlamentar, seria, apunhalado (pelos deputados vira- latas) e vilipendiado pelo Presidente da República, precisando este de estabilidade governativa? Seguramente não, tão pouco ousariam retirá-lo da moeda e das fotos oficiais, em favor de quem, em termos de imagem, está mais manchado que a corrupção de JES a favor dos seus do que de Neto, comasmãosmanchadasdesangue, pelo assassinato de 80 mil angolanos inocentes, na purga do 27 de Maio de 1977. Definitivamente, acumular a presidência de um partido com a da República é um verdadeiro atentado à justiça, liberdade e democracia e todos se deveriam levantar para acabar com esta pouca vergonha, por ser uma forte aliança da ditadura. Defenderei isso porque não sou caracol, em homenagem à coluna vertebral de valores, liberdade e moral democrática, herdada de meu pai...
Outrossim a maioria dos membros do bureau político do MPLA, que me ataca, através de mentiras e calúnias, não tem perfil para dar-me lições de moral. Por esta razão não preciso de me vitimizar, sendo um alvo a abater, face à diferença que nos divide. Osexemplosestãoàmãodesemear e são simples, basta perguntar a alguém sobre o peculato e ele apontará o governador da Huíla; o que é ladroagem partidocrata e um dos dois últimos governadores do Uíge surgirá; corrupção institucional emergirá o gabinete presidencial.
OJornal de Angola, o Pravda cá da banda, órgão oficial do MPLA, correia de transmissão do regime, atacou nos dias 18 e 19 de Novembro de… 2014, todos aqueles, nomeadamente portugueses, que não se curvavam perante o sumo pontífice do regime, o “escolhido de Deus”, José Eduardo dos Santos. Nessa mesma altura, como antes e como depois, o pasquim então dirigido pela dupla de mercenários José Ribeiro e Artur Queiroz, ameaçou divulgar o que chamou, noutras alturas e tal como hoje, “as listas dos nomes dos quadrilheiros portugueses capturadas no bunker de Jonas Savimbi no Andulo”. Até hoje nada.
Qual será a melhor altura para divulgar essa lista? Já chega de silêncios. Por isso, com a coragem típica dos néscios, é altura de pôr tudo em pratos limpos. Todos continuamos à espera das listas de quadrilheiros portugueses e angolanos, já agora, também da imensa listagem dos oficiais das FAPLA e depois das FAA que trabalhavam para Savimbi, assim como dos políticos do MPLA, alguns com altos cargos em diversos governos e que também eram assalariados do líder da UNITA, e ainda dos jornalistas ( portugueses e angolanos), hoje rendidos aos encantos do MPLA, e que também eram amamentados por Savimbi.
“Basta de abusos e insultos”, advertia em Maio de 2008 o Pravda de Luanda na última linha de um Editorial, sem avançar quaisquer pormenores sobre as “listas de quadrilheiros portugueses”, inferindose que se tratava de aliados do ex- líder da UNITA, principal partido da oposição angolana, morto em combate em Fevereiro de 2002. Na altura, de baterias apontadas ao jornal Público e ao programa “Eixo do Mal”, da SIC Notícias, o pasquim afirmava que os “idiotas úteis” que integram o programa e o diário português estavam ao serviço de “quadrilhas” que se serviram de “diamantes de sangue” em Angola. Continuando os “diamantes de sangue” angolanos a circular pelos areópagos da alta finança mundial, embora com outro nome, assim como o “petróleo de sangue”, seria bom que se soubesse ( santa ingenuidade a nossa!) a que “quadrilhas” servem agora.
Por tudo isto, força camaradas do MPLA, sejam do Governo ou das suas sucursais ou afins ( ERCA, Jornal de Angola, RNA, TPA, Angop, Fundação Agostinho Neto). Se os tiverem no sítio ( não têm, nunca tiveram e nunca terão, como é bom de ver) não devem esperar. Mandem cá para fora tudo o que têm. Tudo. Tudo. Tudo significa tudo. Percebem?
Sob a batuta do MPLA, estes escribas escolarizados há bem pouco tempo servemse de todos os meios para publicarem o que nem eles sabem o que dizer e, quem sabe, para esconderem “as listas dos nomes dos quadrilheiros capturadas no bunker de Jonas Savimbi no Andulo” onde se calhar figuram alguns deles.
Numa altura em que a Angola do MPLA tem um novo Presidente da República, seria com certeza salutar pôr tudo ( mesmo tudo) em pratos limpos. Ou será que “das listas dos nomes dos quadrilheiros e assalariados” também consta um general chamado João Manuel Gonçalves Lourenço? Até agora esses dossiers, que em parte foram mesmo encontrados no bunker de Jonas Savimbi no Andulo, continuam fechados a sete chaves por ordem, primeiro de José Eduardo dos Santos e agora de João Lourenço, e que pelo silêncio chantageia todos os que no MPLA ( mas também na UNITA) tentam ser angolanos antes de serem camaradas.
Mas agora o Presidente da República é outro. Portanto… Portanto nada. É que, segundo cópias e originais desses documentos ( muitos “estacionados” por homens de confiança de Jonas Savimbi em segurança em vários países da Europa), é verosímil que existam informações “úteis” e “escaldantes” também sobre o general
João Lourenço.
É mentira, Presidente? Se é mande revelar publicamente esses documentos. Doa a quem doer. Será pedir muito? Acabe, definitivamente, com acusações nunca provadas, de gentalha menor e que tem o cérebro no intestino, de que são paradigmas José Ribeiro e Artur Queiroz. Talvez esta questão explique que a UNITA/ Savimbi seja uma espinha que João Lourenço tem atravessada na garganta, o que aliás motivou a sua agressividade eleitoral contra o Galo Negro. Observadores ligados aos tempos áureos da UNITA consideram que João Lourenço temia que esses documentos fossem em parte revelados durante estas eleições, razão pela qual jogou ao ataque. Durante a campanha eleitoral, quem terá acalmado o ímpeto bélico de João Lourenço terá sido o próprio José Eduardo dos Santos, que lhe garantiu que ninguém da oposição iria falar do assunto. E não iria porque, tal como Jonas Savimbi tinha vastos dossiers sobre altos dignitários do MPLA, Dos Santos também os tinha ( e tem) sobre dirigentes da UNITA.
Aliás, toda esta vasta enciclopédia de informações de “quadrilheiros e assalariados” ( do MPLA a favor da UNITA e da UNITA a favor do MPLA) estão em boas mãos ( núcleo duro, sobretudo mas não só familiar) do clã Eduardo dos Santos, qual bomba atómica contra todos aqueles que – eventualmente – queiram desonrar o legado do “querido líder”. Repetimos. Continuamos, mesmo assim, à espera de um dia destes ver publicadas as listas de quadrilheiros ( portugueses, angolanos, congoleses, brasileiros, cubanos, russos etc.) e, já agora, também da imensa listagem dos oficiais das FAPLA e depois das FAA que trabalhavam para Savimbi, assim como dos políticos do MPLA, alguns com altos cargos no Governo e que também eram assalariados do líder da UNITA, e ainda dos jornalistas ( portugueses e angolanos), hoje rendidos aos encantos do MPLA, e que também eram muito bem amamentados por Savimbi.
Sob a ( obviamente, superior) Presidência de João Lourenço, Presidente do MPLA, o bureau político realizou a sua II Reunião Ordinária, utilizando o sistema de videoconferência, para os membros residentes fora de Luanda. “Entraremos amanhã no sétimo mês do ano, um ano que trouxe grandes desafios a todas as nações e povos do nosso planeta, com o surgimento e rápida expansão do novo coronavírus, que ao se tornar numa pandemia, ganhou a designação de Covid - 19”, disse João Lourenço, sublinhando que “desde cedo o Executivo vem mobilizando não só os recursos financeiros, materiais e humanos necessários, como também todas as forças vivas da nação, todas as vontades e sensibilidades da sociedade civil, que felizmente se sentiram parte da solução, tendo-se tornado em actores activos desta luta”. O estranho é a reunião de um órgão executivo do partido no poder decorrer sob o signo do monólogo. O chefe, João Lourenço fala e o restante, dos membros, cala, consente, bate palmas e, nem ousa contrariar, pois, no final, o comunicado final é composto 90% por palavras do líder.
Daí ter destacado que “embora a situação prevalecente de Covid-19 nos obrigue a prestar bastante atenção no combate à pandemia, não deixamos de olhar para a necessidade de atender também a outras conhecidas patologias como a malária, as doenças respiratórias agudas, as
doenças diarreicas agudas, a tuberculose e outras, responsáveis por muitas mortes, sobretudo de crianças”, tendo enfatizado que “mesmo em situação de crise económica que se arrasta desde 2016, nunca o país admitiu tantos médicos, enfermeiros e técnicos como agora, desde que em 2018 decidimos voltar a abrir os concursos de avaliação e ingresso de quadros para a Educação e a Saúde, depois de anos sem o fazer”. Prosseguindo, o Presidente considerou que “mesmo no actual contexto de pandemia da Covid-19, a prioridade continua a ser a economia nacional, a necessidade da sua diversificação, o aumento da produção local de bens e de serviços, o aumento das exportações e, consequentemente, o aumento da oferta de postos de trabalho. Esta foi sempre e continua a ser a prioridade das prioridades do Executivo”.
João Lourenço destacou que “com a maior abertura democrática da nossa sociedade, maior liberdade de expressão e de imprensa, maior independência dos órgãos de justiça, o combate contra a corrupção saiu do mero discurso dos políticos para algo de concreto, visível aos olhos do cidadão, que se tornou parte da solução com denúncias de factos que, uma vez comprovados, podem levar a condenação de seus actores”. O Presidente enfatizou que “depois dos ganhos obtidos pelo país em termos de reputação, o MPLA está proibido de passar mensagens erradas e desencorajadoras à sociedade, aos tribunais, aos investidores e à comunidade internacional”. Ao debruçar-se sobre a democracia, o Presidente realçou que “o país está em paz já lá vão 18 anos, durante os quais conseguimos ultrapassar a desconfiança então reinante entre nós e estamos hoje a construir uma sociedade democrática, onde ser-se militante de um partido político não é sinónimo de superioridade para com os demais cidadãos, nem confere privilégios especiais”, e enfatizou que “os canais de diálogo estão abertos a todos, sobretudo para os líderes partidários que têm no hemiciclo do Parlamento – com suas emissões hoje transmitidas em directo -, a arena perfeita para se exprimir livremente, a comunicação social, o Conselho da República e ainda a possibilidade real das audiências com o Chefe de Estado”.
Sobre o Plano Integrado de Intervenção nos Municípios, PIIM, João Lourenço recordou que comemoramos neste mês de Junho o primeiro aniversário do seu lançamento, “com a inauguração das primeiras obras na província da Huíla, ao que se seguirão outras por praticamente todos os municípios do país”.
Ao concluir a sua intervenção, o Presidente realçou que esta reunião debruçar- se- ia “entre outros assuntos não menos importantes, na organização do próximo Congresso da Organização da Mulher Angolana, OMA, que vai renovar os seus órgãos de direcção, para dar continuidade ao excelente trabalho que a organização vem realizando ao longo dos anos de sua existência, em prol da emancipação da mulher e da igualdade do género”.
O bureau político constatou que existe alinhamento entre o Plano de Acção para 2020-2022, resultante da avaliação Intercalar do Plano de Desenvolvimento Nacional 2018- 2022 e a proposta de revisão do Orçamento Geral de Estado 2020, tendo considerado como o orçamento possível face à conjuntura actual do país, caracterizada pela Covid- 19 e pela baixa do preço do petróleo. O bureau político recomendou que o Executivo estabeleça como cesta básica o conjunto de produtos exclusivamente de produção nacional, de acordo com os hábitos e costumes locais, aos quais se deverá priorizar concessão de financiamentos para a sua produção.
Por outro lado, e no âmbito dos mecanismos de obtenção rápida de divisas, recomendou que seja estabelecido uma lista de produtos agrícolas de produção nacional para exportação com demanda e mercados internacionais assegurados.
O bureau Político recomendou que o Executivo desenvolva um plano específico para melhoramento urgente das infra-estruturas de saneamento básico e que sejam identificadas fontes de financiamento para a viabilização de projectos de rápida execução, de menos custos e com benefícios no curto prazo, devendo ser dada a primazia às das províncias e localidades definidas como prioritárias para a alavancagem da produção interna. O bureau político congratulou-se com o facto de o Executivo, apesar da crise sanitária mundial da Covid-19 e da difícil situação económico- financeira, continuar empenhado no reforço do apoio ao sector social, visando contribuir na melhoria das condições de vida das populações e das famílias angolanas. Neste sentido, recomendou que o Executivo continue a assegurar o aumento contínuo do investimento social, que promova cada vez mais e melhores infra-estruturas sociais, programas de desenvolvimento local, serviços básicos de educação, saúde, assistência, combate à pobreza, protecção social e promoção da inclusão social. O bureau político aprovou as candidaturas de Loti Nolika, Joana Lina Ramos Baptista Cândido e Sérgio Luther Rescova Joaquim para os cargos de primeiros secretários provinciais do MPLA, do Huambo, de Luanda e do Uíge, respectivamente. Do mesmo modo, anuiu a resolução sobre a cessação do mandato de Vigílio da Ressurreição Bernardo Adriano Tyova do cargo de primeiro secretário provincial no Cunene e a indicação de Gerdina Didalelwa para assumir temporariamente a direcção do partido na referida província. Foi também aprovada a indicação de Nany de Ascensão dos Santos Vontade para exercer o cargo de director do Departamento para os Assuntos Políticos e Eleitorais do comité central.
O bureau político reiterou o seu apoio a João Manuel Gonçalves Lourenço, Presidente do MPLA e da República, e encoraja- o a continuar a trabalhar com a mesma determinação e afinco na resolução dos principais problemas que ainda afligem o povo angolano.
O presidente do MPLA, João Lourenço, destacou no 31.06 os esforços dos últimos dois anos no combate à corrupção em Angola e sublinhou que o partido “está proibido de passar mensagens erradas” sobre este assunto. Ficam assim também impedidos de recordar que o próprio Presidente disse que viu roubar, ajudou a roubar, beneficiou do roubo… mas que não é ladrão. No discurso da 2. ª reunião ordinária do bureau político, o também Presidente da República ( não nominalmente eleito) e Titular do Poder Executivo, abordou a pandemia de Covid- 19 e a situação económica e política do país e deixou recados às vozes críticas da luta contra a corrupção, em especial no que toca aos processos judiciais contra Isabel dos Santos. “Alguns consideram apenas bons resultados o maior ou menor número de pessoas arroladas, detidas ou condenadas ou que o Estado já devia ter recuperado todos os activos, o que a todos os títulos não é realista, uma vez que o dinheiro criou em alguns a ilusão e falsa sensação de impunidade, não fazendo voluntariamente a devolução dos activos que ao povo angolano pertencem”, sublinhou João Lourenço
Recorde- se que Sindika Dokolo, marido de Isabel dos Santos, disse à rádio MFM que João Lourenço “conseguiu todo o seu património, incluindo casas localizadas nos Estados Unidos de América, à custa da corrupção”. Também Adalberto da Costa Júnior, líder da UNITA, afirma que “a maioria dos governantes angolanos não consegue justificar o seu património”. O presidente do MPLA acrescentou que “ao Estado e à justiça angolana não resta outra escolha senão o de alcançar o mesmo objectivo pelos meios legais ao seu alcance incluindo a cooperação judiciária internacional”. Recorde- se que, de facto ( de jure há diferenças), o Estado/ MPLA é dono da justiça, sendo esta um mero instrumento na mão de um partido que quer perpetuar- se no Poder, custe o que custar. O Presidente angolano mencionou “as vozes que se levantam no sentido de que a luta contra a corrupção está a ser mal gerida e que a melhor saída seria organizar um debate no seio do MPLA para resolver o problema” dentro da formação política, mas realçou que este não é só um problema do MPLA.
Tem razão. É um problema de todo o país, embora se saiba que até agora os corruptos conhecidos são todos do MPLA. Assim, importa – segundo o partido – fazer tudo para que Angola deixe de ser o MPLA e passa apena ser… do MPLA.
“É um problema dos angolanos e da sociedade no seu todo, nenhuma força política pode se arrogar o direito de a monopolizar, sob pena de ser entendido como uma tentativa de branqueamento dos seus”, disse o chefe de Estado João Lourenço indicou que o debate sobre as grandes questões nacionais é sempre bem- vindo desde que não se circunscreva a um único partido político e que “a luta contra a corrupção não leve o poder político a interferir contra a justiça, colocando em causa a independência dos tribunais”.
É claro que o MPLA não interfere “contra a justiça, colocando em causa a independência dos tribunais”. E não interfere porque a justiça e os tribunais apenas cumprem as ordens superiores do MPLA. E por regra cumprem bem. Basta ver os casos em que primeiro é lavrada a sentença e só depois é feito o julgamento, cumprindo a regra de que até prova em contrário todos somos… culpados.
“Depois dos ganhos obtidos pelo país em termos de reputação, o MPLA está proibido de passar mensagens erradas e desencorajadoras à sociedade, aos tribunais, aos investidores e à comunidade internacional”, vincou. No passado dia 13 de Março, João Lourenço avisou que não é possível dispensar a justiça no combate à corrupção e que vai continuar esta luta apesar da “resistência organizada” que tem encontrado.
“É evidente que a perda repentina dos direitos abismais que alguns pensam ser um direito divino inquestionável, tinha de criar resistência organizada na tentativa de fazer refrear o ímpeto das medidas em curso”, declarou o presidente no seu discurso de abertura da III Reunião ordinária do Comité Central do MPLA, partido no Poder desde 1975 e dentro do qual João Lourenço foi um dos mais altos dignitários, a ponto de ter sido escolhido por José Eduardo dos Santos como seu sucessor. Sem citar nomes ( como é típico do MPLA), João Lourenço falou de pessoas que tiveram “uma ambição desmedida, mas que deviam, pelo contrário, agradecer a acção do executivo”. Compreendese que não cite nomes. Se o fizesse teria de começar por referir o nome de… João Lourenço.
“Se deixássemos a festa continuar talvez viessem a morrer de congestão de tanto comer”, ironizou João Lourenço, refastelado que está por ter sido um dos que tinha acesso privilegiado à gamela mas que, graças ao marimbondo José Eduardo dos Santos, se transformou em dono dessa mesma gamela João Lourenço reforçou a propaganda de que foi o MPLA que “teve coragem de encabeçar a luta contra estes fenómenos negativos e condenáveis” ao reconhecer os danos causados pela corrupção e nepotismo à economia e aos cidadãos, mas acrescentou que esta luta já não é só do MPLA e da oposição, e sim de toda a sociedade angolana. Isto, é claro, se a sociedade angolana não colocar em dúvida o domínio político, económico e financeiro do novo messias, João Lourenço.
Uma luta que, disse João Lourenço, “penalizará aqueles que dela desistirem ou pretenderem regressar ao passado”. Passado que, recorde- se, teve como uma das principais figuras o mesmo João Lourenço, então beneficiário directo e, por isso, submisso ministro de José Eduardo dos Santos.
O combate à corrupção que João Lourenço diz que elegeu como bandeira do seu mandato presidencial tem merecido elogios da comunidade internacional, mas também suscitado algumas vozes críticas que acusam o executivo de ser selectivo elegendo como alvos os familiares e próximos do ex- presidente José Eduardo dos Santos. A filha mais velha, Isabel dos Santos, é actualmente arguida num processo crime devido à sua gestão na petrolífera do MPLA ( Sonangol) durante 18 meses e viu igualmente a justiça arrestar os seus bens e participações sociais num processo em que o Estado reclama mil milhões de dólares e em que, mais uma vez, João Lourenço pôs em prática a máxima de que, quem ele quiser, será culpado até prova em contrário. No discurso, João Lourenço fez questão de sublinhar que é a sociedade angolana que exige a continuação desta luta “pelos ganhos morais, de reputação e económicos” que o país beneficiará. É verdade. Pena foi, e é, que João Lourenço tenha demorado tanto tempo a reconhecer que viu roubar, que participou nos roubos, que beneficiou dos roubos, mesmo dizendo que – apesar disso – não é, nem foi, ladrão.
João Lourenço deixou também recados às “vozes discordantes” da forma como a luta vem sendo desenvolvida, nomeadamente pessoas e instituições que julgam que é possível combater a corrupção com campanhas de educação
e sensibilização e apelo ao patriotismo, dispensando a acção da justiça. Justiça que confunde, conscientemente, o fundo do corredor com o corredor de fundo, branqueando a incompetência generalizada em que se verifica, cada vez mais, que mudaram algumas moscas mas mantendo a mesma merda. Todas essas acções são importantes e necessárias, mas – diz – “servem para educar e prevenir os cidadãos para não enveredar por caminhos errados”, já que sendo a corrupção um crime, para quem nela está envolvido, “não há forma de se evitar a intervenção dos órgãos de justiça”, salientou João Lourenço.
João Lourenço assinalou ainda que o Estado ( leia- se MPLA) foi “benevolente e magnânimo” ao dar um período de graça de seis meses, quase equivalente a uma amnistia, para quem quisesse repatriar voluntariamente os capitais no exterior ou os bens ilicitamente adquiridos no país. “A anterior situação beneficiou muita gente de dentro e de fora que obviamente não está satisfeita com o actual quadro e, por isso, luta com todas as forças para ver se ainda possível voltar a reinar no paraíso e usam todos os meios para descredibilizar o processo em curso”, acusou o chefe do executivo angolano, garantindo ainda que vai manter a postura e coragem política face ao fenómeno da corrupção, pois assim “o partido sairá mais forte” e em melhores condições de enfrentar os desafios que tem pela frente.