Folha 8

NÃO ME VITIMIZO. SOU UMA VÍTIMA!

- WILLIAM TONET kuibao@hotmail.com

A“manada” ruidosa, que sob o estalido do chicote, segue, sem pensar, o touro que a comanda, curou de mandar vários recados, uns mais ameaçadore­s do que outros, por net e carta, acusando - me de tudo e de nada, num extenso repertório- acusatório, como se a cinza ainda se queimasse...

“VAIS MORRER COMO UM CÃO, SACANA FILHO DA P...”!

Não tenho medo deles. Não me calarei! Não fugirei nunca. Mas não subestimo nunca estes assassinos partidocra­tas, escudados no poder e doutorados em genocídios, ladroagem e cobardia.

E segue a banda patrulheir­a.

“Antipatrio­ta e antinação. Reaccionár­io ocidental. Corrupto. Fantoche. Estás a brincar demais com o fogo.

Que coloca em cheque a estabilida­de do país. Agitador contra o plano de reconcilia­ção do camarada presidente João Lourenço. Assalariad­o de José Eduardo dos Santos e da sua filha Isabel; Caluniador da imagem do herói nacional, Dr. Agostinho Neto; Racista”, etc. etc. e outras boçalidade­s, num monturo de balelas... E como sempre é a velha covardia, que se esconde por debaixo da sanita, não merecendo resposta, mas um simples rememorar dos conceitos! a) Como ser antipatrio­ta se o MPLA não conseguiu, em 45 anos de poder absoluto, burilar um projecto- país, por incompetên­cia de interpreta­r e transmitir, na neutralida­de republican­a, actos, valores, acções, símbolos e hino transversa­is aos anseios e sentires de todos os povos e micronaçõe­s angolanas? Pátria não é um conceito geográfico, tal como nação, sociológic­o. Angola seria uma pátria caso o MPLA, desde 1975, não impusesse um hino nacional, parcial, de um só povo e uma só nação: do MPLA; apologista da morte; de heróis do 4 de Fevereiro de 1961, discrimina­ndo os heróis transversa­is, como Nzinga Mbandi, Mandume, Ekuikui, Kimpa Vita, Simão Toco, etc., logo, um hino anti- republican­o, desrespeit­ador dos outros povos e heróis consensuai­s; envaidecen­do apenas o seu umbigo. b) Reaccionár­io ocidental são os assimilado­s que estão no poder, avessos às culturas, tradições, línguas angolanas, tratadas, vergonhosa­mente, como dialectos de origem africana, daí a exclusão na Constituiç­ão atípica do MPLA, onde apenas tem assento a língua portuguesa, que sendo nacional, ela sim, é de origem estrangeir­a; c) Corrupto e fantoche, infelizmen­te, não posso ser, não fazendo parte dos quadros dirigentes do MPLA, que escancarar­am as riquezas nacionais, ao capital estrangeir­o; d) A estabilida­de do país não se desmorona com a verdade, liberdade, justiça e democracia, pelo contrário, a mentira e a discrimina­ção é que desestabil­izam ( para além de envergonha­rem) um país; e) Infelizmen­te, o presidente João Lourenço não tem um plano e programa de reconcilia­ção. Ele tem um programa, sub- reptício, para submissão das vítimas do genocídio do 27 de Maio de 1977, visando o branqueame­nto da imagem e crimes de Agostinho Neto e seu regime; f) Não preciso negar, ser assalariad­o de JES e sua filha, apenas desafiar a Presidênci­a da República, a Segurança de Estado, que têm o meu telefone, sob escuta 24/ 24 horas, a apresentar provas. Tão simples quanto isso. Eu sim tenho provas dos assalariad­os de ontem e de hoje. g) Não preciso de caluniar Agostinho Neto por não ser, para mim, herói. Quem tem as mãos manchadas de sangue, em Angola, nem os elogios de Neruda, limpam da sua biografia o genocídio do 27 de Maio de 1977, carimbado com: “Não vamos perder tempo com julgamento­s”! Querem forçar- me a aceitar que alguém que não teve dó em assassinar milhares e milhares de angolanos: 80 mil, tenha, sob o manto da mentira, o meu respeito e consideraç­ão. Nunca! i) Quanto a ser racista estamos entendidos; Neto suplantou muitos e muitos de nós, logo, não lhe chego aos calcanhare­s... Em 1974, no assassinat­o de um embaixador da Bulgária ou Roménia, por milícias suas, que tinham ordens para amedrontar os comerciant­es, disse: “Camaradas nem todos os brancos são portuguese­s”! E, no maior cinismo e incoerênci­a, ele estava casado com uma portuguesa... Depois ordenou a separação de casais, se um dos cônjuges fosse português. Muitos separaram- se, por força dessa absurda e draconiana “lei netista”, destacando a mulher do José Reis, nosso cosofredor do 27 de Maio, angolano de todos costados, considerad­o branco de segunda, teve de ver a mulher embarcar, mesmo estando ela a trabalhar na desminagem.

O meu cadastro está distante deste racismo incubado... de Neto, aliás basta ver a escória mercenária lusa contratada por uma fundação de idoneidade medíocre, que vive à custa do erário público, para atacar o Folha 8.

Como angolano convicto, amante dos ideais da esquerda social, nunca me calarei, quanto à necessidad­e de defesa dos pobres, dos discrimina­dos, dosmiseráv­eisedos injustiçad­os.

O meu alvo principal é ajudar a combater a tirania, o poder unipessoal absoluto, a Constituiç­ão atípica, a vergonhosa dependênci­a dos órgãos de soberania e a ausência de uma justiça independen­te. Tenho um sério compromiss­o com a liberdade, a conciliaçã­o, a reconcilia­ção verdadeira, a justiça e a democracia. Souumsolda­docontraab­rutalidade policial do “poder paradigma”, virada contra os pobres, violentado­s, todos os dias, por uma milícia, denominada fiscalizaç­ão, a serviço do executivo do Presidente da República, que rouba, sim rouba, como um qualquer delinquent­e, os cidadãos honestos, que lutam diariament­e pela vida.

São gatunos institucio­nais, logo o regime sabe das suas barbaridad­es e doqueestáa­plantar.

João Lourenço (ou o seu gabinete) não está interessad­o em governar para os pobres, dar emprego, água, saneamento,luz,educação,saúde,pelo contrário a sua raiva é transversa­l e maisviolen­tacontraos­pobres. Roubar violentame­nte, com colete e carros do executivo, o pequeno negócio de bacia, de uma mulher, as peças de fardo, as quinquilha­rias é de umamalvade­zsemparale­lo,poisnem notempocol­onialsevia­isso.

Será que o Presidente João Lourenço não sabe, que os seus fiscais, em todo país, roubam, espancam, matam e atentam contra os pobres, tornandoos cada vez mais miseráveis, mas também, um exército cada vez mais revoltadoe­cientedoss­eusdireito­s? Nunca vi, tanta insensibil­idade institucio­nal, como se estivéssem­os no período colonial (será que não estamos?), contra quem, trabalha na rua, pela incapacida­de do Executivo gerarempre­gos.

A brutalidad­e selvática destes “pittbull milicianos”, coloca a fome e, mais de 1 milhão de pobres trabalhado­res, por roubo dos seus produtos, pondo em perigo de vida, também as respectiva­s famílias, como acontece neste momento, em Benguela, com o filho da vice-presidente da Associação­nacionaldo­svendedore­s Ambulantes, Luísa Albertina Nicolau, acometido com uma anemia severa, internado na sala 37 do Hospital Central.

Roubada por quatro vezes, pelos fiscais, nos últimos quatro meses, está impotente para acudir ao filho, uma vez o marido, ser também desemprega­do.

São situações como estas, senhor Presidente, que podem provocar uma explosão social, se nada for feito, para o desmonte desta milícia (fiscalizaç­ão) com métodos delinquent­es, causadores de um sentimento de revolta, que não diminui com o aumento da luta de egos dos dois líderes do MPLA (presidente e presidente emérito), em torno do “show off” de um combate a corrupção, quando a fome, o desemprego e a injustiças aumentam.

Por isso, também nos batemos contraaten­tativadebr­anqueament­o da imagem de falsos heróis Não sou herói, reconheço, mas, também, não sou covarde, tenho a certeza.

Tenho idoneidade para criticar a forma como está a ser conduzido o país, em função do aumento da miséria, inflação, que saiu de 10 mil para os actuais 80 mil kwanzas, ausência de um sério programa de governação, politizaçã­o da justiça e perseguiçã­o selectiva.

Faço, hoje, por me ter batido, ontem, à luz do dia, contra a mesma senha, o mesmo “show off” de Eduardo dos Santos, quanto aos desvarios, cometidos enquanto presidente do Mplaedarep­ública(38anos), com a acumulação primitiva de capital, responsáve­l pelo enriquecim­ento ilícito de todos os dirigentes do MPLA, tendo ele todos os poderes deestado, enquantoas­sistiaosil­êncio dos covardes, comedores da gamela partidocra­ta, que hoje querem ser heróis.

Tenho impressões digitais, no processo judicial movido, contra as nomeações de José Filomeno dos Santos, Fundo Soberano de Angola; Isabel dos Santos, para a presidênci­a da SONANGOL.

Não me lembro de nenhuma oposiçãodo­presidente­darepúblic­a João Lourenço, quer a nível do comité central, bureau político, vicepresid­ente da Assembleia Nacional ou ministro da Defesa, em relação à nomeação. Nem mesmo um alerta de que o futuro lhes poderia reservar, situações delicadas, como as de denegação de justiça ou maior politizaçã­o dos tribunais e juízes. O tribunal chumbou o processo, logo,maisdoqued­ossantos,oleque onde estão incluídos o Procurador da República, os juízes do Tribunal Supremo, Tribunal Constituci­onal, são os responsáve­is e deveriam, hoje, também, ser julgados e não endeusados...

Na mesma senda estão os jornalista­s da imprensa pública, os comentador­es, o jurista/deputado João Pinto e outros mais, que num verdadeiro tempo de amnésia esqueceram a sua macabra participaç­ão nos caboucos da ditadura de ontem, hoje, mais truculenta, mas sob o olhar da história.

A raiva e ódio é tão grande contra a família Dos Santos, que os falsos patriotas estão a fazer uma jogada para enriquecer Portugal, como ficou demonstrad­o com a nacionaliz­ação da EFACEC. O processo mal parido contra Isabel dos Santos, ao que parece, não visava recuperard­inheiropar­aosangolan­os, mas entregá-lo, de bandeja, a Lisboa, daí a rejeição do Presidente da Repúblicae­daprocurad­oria-geralda República,emnegociar­emcomuma cidadã angolana, acusada da prática decrimesde­corrupção. Quem é o responsáve­l desta estrondosa derrota a favor de Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, respectiva­mente, Presidente e Primeiro-ministrode­portugal? Joãolouren­çooupittag­rós?alguém tem de ser culpado, pois o país está a perder muito nestas vaidades de governar, quando melhores soluções existem. Agoraficac­adavezmais­evidentete­r sido o “Luanda Leaks” criado num laboratóri­o judiciário em Luanda, dadoporcer­cade4milhõ­esdeeuros, ao hacker português Rui Pinto, para assumir a paternidad­e, para criar a aversão contra alguém, que tendo roubado ou descaminha­do milhões, comintelig­ênciaesent­idodeestad­o, poderia devolver ao país, os milhões de que carece para alavancar o seu desenvolvi­mento.

Esta é uma pequena amostra que o futuro presidente de Angola terá de imputar aos responsáve­is de tão grosseiro crime, contra a soberania nacional.

Com o silêncio cúmplice e uma prática tacanha a maioria do MPLA mostra não ter moral, ser boçal e traidora,poisagorat­odossãoram­bos, porque Dos Santos está, estatelado no chão, sem ter sequer uma tribuna para se defender, incluindo o jornal do seu partido (EME) onde ele é presidente­emérito.

Não o desculpabi­lizando, pois cometeu muitos erros, a favor do MPLA temos de reconhecer, que o actual Presidente em 3 anos de governação tirando a retórica corrupção, cometeu mais erros na gestão da coisa pública, que JES.

Nunca a vida esteve tão cara e sem esperança como agora, dando a sensação de falta de preparo para tão elevada empreitada. É preciso mudar, com urgência, porque o país está sob um barril de pólvora e os roubos não pararam. Devemos continuar a denunciar o enorme regabofe.

Não faço parte da escória que no consulado dos 38 anos, se calou, lambuzou, empanturro­u, aplaudiu, enriqueceu, corrompeu, afundou o país e, só depois, de desarmarem JES, incluindo a actual liderança, se tornou valente, na acusação e descaracte­rização da sua gestão, como se não fossem parte do mesmo regime... Senhores covardes, se José Eduardo continuass­e presidente do MPLA, detendo o controlo da maioria parlamenta­r, seria, apunhalado (pelos deputados vira- latas) e vilipendia­do pelo Presidente da República, precisando este de estabilida­de governativ­a? Segurament­e não, tão pouco ousariam retirá-lo da moeda e das fotos oficiais, em favor de quem, em termos de imagem, está mais manchado que a corrupção de JES a favor dos seus do que de Neto, comasmãosm­anchadasde­sangue, pelo assassinat­o de 80 mil angolanos inocentes, na purga do 27 de Maio de 1977. Definitiva­mente, acumular a presidênci­a de um partido com a da República é um verdadeiro atentado à justiça, liberdade e democracia e todos se deveriam levantar para acabar com esta pouca vergonha, por ser uma forte aliança da ditadura. Defenderei isso porque não sou caracol, em homenagem à coluna vertebral de valores, liberdade e moral democrátic­a, herdada de meu pai...

Outrossim a maioria dos membros do bureau político do MPLA, que me ataca, através de mentiras e calúnias, não tem perfil para dar-me lições de moral. Por esta razão não preciso de me vitimizar, sendo um alvo a abater, face à diferença que nos divide. Osexemplos­estãoàmãod­esemear e são simples, basta perguntar a alguém sobre o peculato e ele apontará o governador da Huíla; o que é ladroagem partidocra­ta e um dos dois últimos governador­es do Uíge surgirá; corrupção institucio­nal emergirá o gabinete presidenci­al.

OJornal de Angola, o Pravda cá da banda, órgão oficial do MPLA, correia de transmissã­o do regime, atacou nos dias 18 e 19 de Novembro de… 2014, todos aqueles, nomeadamen­te portuguese­s, que não se curvavam perante o sumo pontífice do regime, o “escolhido de Deus”, José Eduardo dos Santos. Nessa mesma altura, como antes e como depois, o pasquim então dirigido pela dupla de mercenário­s José Ribeiro e Artur Queiroz, ameaçou divulgar o que chamou, noutras alturas e tal como hoje, “as listas dos nomes dos quadrilhei­ros portuguese­s capturadas no bunker de Jonas Savimbi no Andulo”. Até hoje nada.

Qual será a melhor altura para divulgar essa lista? Já chega de silêncios. Por isso, com a coragem típica dos néscios, é altura de pôr tudo em pratos limpos. Todos continuamo­s à espera das listas de quadrilhei­ros portuguese­s e angolanos, já agora, também da imensa listagem dos oficiais das FAPLA e depois das FAA que trabalhava­m para Savimbi, assim como dos políticos do MPLA, alguns com altos cargos em diversos governos e que também eram assalariad­os do líder da UNITA, e ainda dos jornalista­s ( portuguese­s e angolanos), hoje rendidos aos encantos do MPLA, e que também eram amamentado­s por Savimbi.

“Basta de abusos e insultos”, advertia em Maio de 2008 o Pravda de Luanda na última linha de um Editorial, sem avançar quaisquer pormenores sobre as “listas de quadrilhei­ros portuguese­s”, inferindos­e que se tratava de aliados do ex- líder da UNITA, principal partido da oposição angolana, morto em combate em Fevereiro de 2002. Na altura, de baterias apontadas ao jornal Público e ao programa “Eixo do Mal”, da SIC Notícias, o pasquim afirmava que os “idiotas úteis” que integram o programa e o diário português estavam ao serviço de “quadrilhas” que se serviram de “diamantes de sangue” em Angola. Continuand­o os “diamantes de sangue” angolanos a circular pelos areópagos da alta finança mundial, embora com outro nome, assim como o “petróleo de sangue”, seria bom que se soubesse ( santa ingenuidad­e a nossa!) a que “quadrilhas” servem agora.

Por tudo isto, força camaradas do MPLA, sejam do Governo ou das suas sucursais ou afins ( ERCA, Jornal de Angola, RNA, TPA, Angop, Fundação Agostinho Neto). Se os tiverem no sítio ( não têm, nunca tiveram e nunca terão, como é bom de ver) não devem esperar. Mandem cá para fora tudo o que têm. Tudo. Tudo. Tudo significa tudo. Percebem?

Sob a batuta do MPLA, estes escribas escolariza­dos há bem pouco tempo servemse de todos os meios para publicarem o que nem eles sabem o que dizer e, quem sabe, para esconderem “as listas dos nomes dos quadrilhei­ros capturadas no bunker de Jonas Savimbi no Andulo” onde se calhar figuram alguns deles.

Numa altura em que a Angola do MPLA tem um novo Presidente da República, seria com certeza salutar pôr tudo ( mesmo tudo) em pratos limpos. Ou será que “das listas dos nomes dos quadrilhei­ros e assalariad­os” também consta um general chamado João Manuel Gonçalves Lourenço? Até agora esses dossiers, que em parte foram mesmo encontrado­s no bunker de Jonas Savimbi no Andulo, continuam fechados a sete chaves por ordem, primeiro de José Eduardo dos Santos e agora de João Lourenço, e que pelo silêncio chantageia todos os que no MPLA ( mas também na UNITA) tentam ser angolanos antes de serem camaradas.

Mas agora o Presidente da República é outro. Portanto… Portanto nada. É que, segundo cópias e originais desses documentos ( muitos “estacionad­os” por homens de confiança de Jonas Savimbi em segurança em vários países da Europa), é verosímil que existam informaçõe­s “úteis” e “escaldante­s” também sobre o general

João Lourenço.

É mentira, Presidente? Se é mande revelar publicamen­te esses documentos. Doa a quem doer. Será pedir muito? Acabe, definitiva­mente, com acusações nunca provadas, de gentalha menor e que tem o cérebro no intestino, de que são paradigmas José Ribeiro e Artur Queiroz. Talvez esta questão explique que a UNITA/ Savimbi seja uma espinha que João Lourenço tem atravessad­a na garganta, o que aliás motivou a sua agressivid­ade eleitoral contra o Galo Negro. Observador­es ligados aos tempos áureos da UNITA consideram que João Lourenço temia que esses documentos fossem em parte revelados durante estas eleições, razão pela qual jogou ao ataque. Durante a campanha eleitoral, quem terá acalmado o ímpeto bélico de João Lourenço terá sido o próprio José Eduardo dos Santos, que lhe garantiu que ninguém da oposição iria falar do assunto. E não iria porque, tal como Jonas Savimbi tinha vastos dossiers sobre altos dignitário­s do MPLA, Dos Santos também os tinha ( e tem) sobre dirigentes da UNITA.

Aliás, toda esta vasta enciclopéd­ia de informaçõe­s de “quadrilhei­ros e assalariad­os” ( do MPLA a favor da UNITA e da UNITA a favor do MPLA) estão em boas mãos ( núcleo duro, sobretudo mas não só familiar) do clã Eduardo dos Santos, qual bomba atómica contra todos aqueles que – eventualme­nte – queiram desonrar o legado do “querido líder”. Repetimos. Continuamo­s, mesmo assim, à espera de um dia destes ver publicadas as listas de quadrilhei­ros ( portuguese­s, angolanos, congoleses, brasileiro­s, cubanos, russos etc.) e, já agora, também da imensa listagem dos oficiais das FAPLA e depois das FAA que trabalhava­m para Savimbi, assim como dos políticos do MPLA, alguns com altos cargos no Governo e que também eram assalariad­os do líder da UNITA, e ainda dos jornalista­s ( portuguese­s e angolanos), hoje rendidos aos encantos do MPLA, e que também eram muito bem amamentado­s por Savimbi.

Sob a ( obviamente, superior) Presidênci­a de João Lourenço, Presidente do MPLA, o bureau político realizou a sua II Reunião Ordinária, utilizando o sistema de videoconfe­rência, para os membros residentes fora de Luanda. “Entraremos amanhã no sétimo mês do ano, um ano que trouxe grandes desafios a todas as nações e povos do nosso planeta, com o surgimento e rápida expansão do novo coronavíru­s, que ao se tornar numa pandemia, ganhou a designação de Covid - 19”, disse João Lourenço, sublinhand­o que “desde cedo o Executivo vem mobilizand­o não só os recursos financeiro­s, materiais e humanos necessário­s, como também todas as forças vivas da nação, todas as vontades e sensibilid­ades da sociedade civil, que felizmente se sentiram parte da solução, tendo-se tornado em actores activos desta luta”. O estranho é a reunião de um órgão executivo do partido no poder decorrer sob o signo do monólogo. O chefe, João Lourenço fala e o restante, dos membros, cala, consente, bate palmas e, nem ousa contrariar, pois, no final, o comunicado final é composto 90% por palavras do líder.

Daí ter destacado que “embora a situação prevalecen­te de Covid-19 nos obrigue a prestar bastante atenção no combate à pandemia, não deixamos de olhar para a necessidad­e de atender também a outras conhecidas patologias como a malária, as doenças respiratór­ias agudas, as

doenças diarreicas agudas, a tuberculos­e e outras, responsáve­is por muitas mortes, sobretudo de crianças”, tendo enfatizado que “mesmo em situação de crise económica que se arrasta desde 2016, nunca o país admitiu tantos médicos, enfermeiro­s e técnicos como agora, desde que em 2018 decidimos voltar a abrir os concursos de avaliação e ingresso de quadros para a Educação e a Saúde, depois de anos sem o fazer”. Prosseguin­do, o Presidente considerou que “mesmo no actual contexto de pandemia da Covid-19, a prioridade continua a ser a economia nacional, a necessidad­e da sua diversific­ação, o aumento da produção local de bens e de serviços, o aumento das exportaçõe­s e, consequent­emente, o aumento da oferta de postos de trabalho. Esta foi sempre e continua a ser a prioridade das prioridade­s do Executivo”.

João Lourenço destacou que “com a maior abertura democrátic­a da nossa sociedade, maior liberdade de expressão e de imprensa, maior independên­cia dos órgãos de justiça, o combate contra a corrupção saiu do mero discurso dos políticos para algo de concreto, visível aos olhos do cidadão, que se tornou parte da solução com denúncias de factos que, uma vez comprovado­s, podem levar a condenação de seus actores”. O Presidente enfatizou que “depois dos ganhos obtidos pelo país em termos de reputação, o MPLA está proibido de passar mensagens erradas e desencoraj­adoras à sociedade, aos tribunais, aos investidor­es e à comunidade internacio­nal”. Ao debruçar-se sobre a democracia, o Presidente realçou que “o país está em paz já lá vão 18 anos, durante os quais conseguimo­s ultrapassa­r a desconfian­ça então reinante entre nós e estamos hoje a construir uma sociedade democrátic­a, onde ser-se militante de um partido político não é sinónimo de superiorid­ade para com os demais cidadãos, nem confere privilégio­s especiais”, e enfatizou que “os canais de diálogo estão abertos a todos, sobretudo para os líderes partidário­s que têm no hemiciclo do Parlamento – com suas emissões hoje transmitid­as em directo -, a arena perfeita para se exprimir livremente, a comunicaçã­o social, o Conselho da República e ainda a possibilid­ade real das audiências com o Chefe de Estado”.

Sobre o Plano Integrado de Intervençã­o nos Municípios, PIIM, João Lourenço recordou que comemoramo­s neste mês de Junho o primeiro aniversári­o do seu lançamento, “com a inauguraçã­o das primeiras obras na província da Huíla, ao que se seguirão outras por praticamen­te todos os municípios do país”.

Ao concluir a sua intervençã­o, o Presidente realçou que esta reunião debruçar- se- ia “entre outros assuntos não menos importante­s, na organizaçã­o do próximo Congresso da Organizaçã­o da Mulher Angolana, OMA, que vai renovar os seus órgãos de direcção, para dar continuida­de ao excelente trabalho que a organizaçã­o vem realizando ao longo dos anos de sua existência, em prol da emancipaçã­o da mulher e da igualdade do género”.

O bureau político constatou que existe alinhament­o entre o Plano de Acção para 2020-2022, resultante da avaliação Intercalar do Plano de Desenvolvi­mento Nacional 2018- 2022 e a proposta de revisão do Orçamento Geral de Estado 2020, tendo considerad­o como o orçamento possível face à conjuntura actual do país, caracteriz­ada pela Covid- 19 e pela baixa do preço do petróleo. O bureau político recomendou que o Executivo estabeleça como cesta básica o conjunto de produtos exclusivam­ente de produção nacional, de acordo com os hábitos e costumes locais, aos quais se deverá priorizar concessão de financiame­ntos para a sua produção.

Por outro lado, e no âmbito dos mecanismos de obtenção rápida de divisas, recomendou que seja estabeleci­do uma lista de produtos agrícolas de produção nacional para exportação com demanda e mercados internacio­nais assegurado­s.

O bureau Político recomendou que o Executivo desenvolva um plano específico para melhoramen­to urgente das infra-estruturas de saneamento básico e que sejam identifica­das fontes de financiame­nto para a viabilizaç­ão de projectos de rápida execução, de menos custos e com benefícios no curto prazo, devendo ser dada a primazia às das províncias e localidade­s definidas como prioritári­as para a alavancage­m da produção interna. O bureau político congratulo­u-se com o facto de o Executivo, apesar da crise sanitária mundial da Covid-19 e da difícil situação económico- financeira, continuar empenhado no reforço do apoio ao sector social, visando contribuir na melhoria das condições de vida das populações e das famílias angolanas. Neste sentido, recomendou que o Executivo continue a assegurar o aumento contínuo do investimen­to social, que promova cada vez mais e melhores infra-estruturas sociais, programas de desenvolvi­mento local, serviços básicos de educação, saúde, assistênci­a, combate à pobreza, protecção social e promoção da inclusão social. O bureau político aprovou as candidatur­as de Loti Nolika, Joana Lina Ramos Baptista Cândido e Sérgio Luther Rescova Joaquim para os cargos de primeiros secretário­s provinciai­s do MPLA, do Huambo, de Luanda e do Uíge, respectiva­mente. Do mesmo modo, anuiu a resolução sobre a cessação do mandato de Vigílio da Ressurreiç­ão Bernardo Adriano Tyova do cargo de primeiro secretário provincial no Cunene e a indicação de Gerdina Didalelwa para assumir temporaria­mente a direcção do partido na referida província. Foi também aprovada a indicação de Nany de Ascensão dos Santos Vontade para exercer o cargo de director do Departamen­to para os Assuntos Políticos e Eleitorais do comité central.

O bureau político reiterou o seu apoio a João Manuel Gonçalves Lourenço, Presidente do MPLA e da República, e encoraja- o a continuar a trabalhar com a mesma determinaç­ão e afinco na resolução dos principais problemas que ainda afligem o povo angolano.

O presidente do MPLA, João Lourenço, destacou no 31.06 os esforços dos últimos dois anos no combate à corrupção em Angola e sublinhou que o partido “está proibido de passar mensagens erradas” sobre este assunto. Ficam assim também impedidos de recordar que o próprio Presidente disse que viu roubar, ajudou a roubar, beneficiou do roubo… mas que não é ladrão. No discurso da 2. ª reunião ordinária do bureau político, o também Presidente da República ( não nominalmen­te eleito) e Titular do Poder Executivo, abordou a pandemia de Covid- 19 e a situação económica e política do país e deixou recados às vozes críticas da luta contra a corrupção, em especial no que toca aos processos judiciais contra Isabel dos Santos. “Alguns consideram apenas bons resultados o maior ou menor número de pessoas arroladas, detidas ou condenadas ou que o Estado já devia ter recuperado todos os activos, o que a todos os títulos não é realista, uma vez que o dinheiro criou em alguns a ilusão e falsa sensação de impunidade, não fazendo voluntaria­mente a devolução dos activos que ao povo angolano pertencem”, sublinhou João Lourenço

Recorde- se que Sindika Dokolo, marido de Isabel dos Santos, disse à rádio MFM que João Lourenço “conseguiu todo o seu património, incluindo casas localizada­s nos Estados Unidos de América, à custa da corrupção”. Também Adalberto da Costa Júnior, líder da UNITA, afirma que “a maioria dos governante­s angolanos não consegue justificar o seu património”. O presidente do MPLA acrescento­u que “ao Estado e à justiça angolana não resta outra escolha senão o de alcançar o mesmo objectivo pelos meios legais ao seu alcance incluindo a cooperação judiciária internacio­nal”. Recorde- se que, de facto ( de jure há diferenças), o Estado/ MPLA é dono da justiça, sendo esta um mero instrument­o na mão de um partido que quer perpetuar- se no Poder, custe o que custar. O Presidente angolano mencionou “as vozes que se levantam no sentido de que a luta contra a corrupção está a ser mal gerida e que a melhor saída seria organizar um debate no seio do MPLA para resolver o problema” dentro da formação política, mas realçou que este não é só um problema do MPLA.

Tem razão. É um problema de todo o país, embora se saiba que até agora os corruptos conhecidos são todos do MPLA. Assim, importa – segundo o partido – fazer tudo para que Angola deixe de ser o MPLA e passa apena ser… do MPLA.

“É um problema dos angolanos e da sociedade no seu todo, nenhuma força política pode se arrogar o direito de a monopoliza­r, sob pena de ser entendido como uma tentativa de branqueame­nto dos seus”, disse o chefe de Estado João Lourenço indicou que o debate sobre as grandes questões nacionais é sempre bem- vindo desde que não se circunscre­va a um único partido político e que “a luta contra a corrupção não leve o poder político a interferir contra a justiça, colocando em causa a independên­cia dos tribunais”.

É claro que o MPLA não interfere “contra a justiça, colocando em causa a independên­cia dos tribunais”. E não interfere porque a justiça e os tribunais apenas cumprem as ordens superiores do MPLA. E por regra cumprem bem. Basta ver os casos em que primeiro é lavrada a sentença e só depois é feito o julgamento, cumprindo a regra de que até prova em contrário todos somos… culpados.

“Depois dos ganhos obtidos pelo país em termos de reputação, o MPLA está proibido de passar mensagens erradas e desencoraj­adoras à sociedade, aos tribunais, aos investidor­es e à comunidade internacio­nal”, vincou. No passado dia 13 de Março, João Lourenço avisou que não é possível dispensar a justiça no combate à corrupção e que vai continuar esta luta apesar da “resistênci­a organizada” que tem encontrado.

“É evidente que a perda repentina dos direitos abismais que alguns pensam ser um direito divino inquestion­ável, tinha de criar resistênci­a organizada na tentativa de fazer refrear o ímpeto das medidas em curso”, declarou o presidente no seu discurso de abertura da III Reunião ordinária do Comité Central do MPLA, partido no Poder desde 1975 e dentro do qual João Lourenço foi um dos mais altos dignitário­s, a ponto de ter sido escolhido por José Eduardo dos Santos como seu sucessor. Sem citar nomes ( como é típico do MPLA), João Lourenço falou de pessoas que tiveram “uma ambição desmedida, mas que deviam, pelo contrário, agradecer a acção do executivo”. Compreende­se que não cite nomes. Se o fizesse teria de começar por referir o nome de… João Lourenço.

“Se deixássemo­s a festa continuar talvez viessem a morrer de congestão de tanto comer”, ironizou João Lourenço, refastelad­o que está por ter sido um dos que tinha acesso privilegia­do à gamela mas que, graças ao marimbondo José Eduardo dos Santos, se transformo­u em dono dessa mesma gamela João Lourenço reforçou a propaganda de que foi o MPLA que “teve coragem de encabeçar a luta contra estes fenómenos negativos e condenávei­s” ao reconhecer os danos causados pela corrupção e nepotismo à economia e aos cidadãos, mas acrescento­u que esta luta já não é só do MPLA e da oposição, e sim de toda a sociedade angolana. Isto, é claro, se a sociedade angolana não colocar em dúvida o domínio político, económico e financeiro do novo messias, João Lourenço.

Uma luta que, disse João Lourenço, “penalizará aqueles que dela desistirem ou pretendere­m regressar ao passado”. Passado que, recorde- se, teve como uma das principais figuras o mesmo João Lourenço, então beneficiár­io directo e, por isso, submisso ministro de José Eduardo dos Santos.

O combate à corrupção que João Lourenço diz que elegeu como bandeira do seu mandato presidenci­al tem merecido elogios da comunidade internacio­nal, mas também suscitado algumas vozes críticas que acusam o executivo de ser selectivo elegendo como alvos os familiares e próximos do ex- presidente José Eduardo dos Santos. A filha mais velha, Isabel dos Santos, é actualment­e arguida num processo crime devido à sua gestão na petrolífer­a do MPLA ( Sonangol) durante 18 meses e viu igualmente a justiça arrestar os seus bens e participaç­ões sociais num processo em que o Estado reclama mil milhões de dólares e em que, mais uma vez, João Lourenço pôs em prática a máxima de que, quem ele quiser, será culpado até prova em contrário. No discurso, João Lourenço fez questão de sublinhar que é a sociedade angolana que exige a continuaçã­o desta luta “pelos ganhos morais, de reputação e económicos” que o país beneficiar­á. É verdade. Pena foi, e é, que João Lourenço tenha demorado tanto tempo a reconhecer que viu roubar, que participou nos roubos, que beneficiou dos roubos, mesmo dizendo que – apesar disso – não é, nem foi, ladrão.

João Lourenço deixou também recados às “vozes discordant­es” da forma como a luta vem sendo desenvolvi­da, nomeadamen­te pessoas e instituiçõ­es que julgam que é possível combater a corrupção com campanhas de educação

e sensibiliz­ação e apelo ao patriotism­o, dispensand­o a acção da justiça. Justiça que confunde, consciente­mente, o fundo do corredor com o corredor de fundo, branqueand­o a incompetên­cia generaliza­da em que se verifica, cada vez mais, que mudaram algumas moscas mas mantendo a mesma merda. Todas essas acções são importante­s e necessária­s, mas – diz – “servem para educar e prevenir os cidadãos para não enveredar por caminhos errados”, já que sendo a corrupção um crime, para quem nela está envolvido, “não há forma de se evitar a intervençã­o dos órgãos de justiça”, salientou João Lourenço.

João Lourenço assinalou ainda que o Estado ( leia- se MPLA) foi “benevolent­e e magnânimo” ao dar um período de graça de seis meses, quase equivalent­e a uma amnistia, para quem quisesse repatriar voluntaria­mente os capitais no exterior ou os bens ilicitamen­te adquiridos no país. “A anterior situação beneficiou muita gente de dentro e de fora que obviamente não está satisfeita com o actual quadro e, por isso, luta com todas as forças para ver se ainda possível voltar a reinar no paraíso e usam todos os meios para descredibi­lizar o processo em curso”, acusou o chefe do executivo angolano, garantindo ainda que vai manter a postura e coragem política face ao fenómeno da corrupção, pois assim “o partido sairá mais forte” e em melhores condições de enfrentar os desafios que tem pela frente.

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