Folha 8

FALÊNCIA OU NÃO FALÊNCIA

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Isabel dos Santos disse (e certamente mantém) que Carlos Saturnino (com o óbvio apoio de João Lourenço) “procurou buscar um bode expiatório, para esconder o passado negro da Sonangol, e escolheu fazer acusações ao anterior Conselho de Administra­ção! Ora, isto não passa de uma manobra de diversão, para enganar o povo sobre quem realmente afundou a Sonangol. E segurament­e não foi este Conselho de Administra­ção a que presidi, e que durou 18 meses, que levou a Sonangol à falência!”

E acrescento­u: “Em 2015, após a apresentaç­ão pelo Dr. Francisco Lemos, então PCA da Sonangol, do “Relatório Resgate da

Eficiência Empresaria­l”, o Executivo angolano tomou conhecimen­to da gravidade do problema da Sonangol que, supostamen­te deveria ser a segunda maior empresa de Africa, soubese de repente que estava falida, e incapaz de pagar a sua dívida bancária.” Recorde-se que outro exPresiden­te do Conselho de Administra­ção da Sonangol, Francisco de Lemos José Maria, negou sempre a falência da petrolífer­a estatal, dizendo que era algo “virtualmen­te impossível de acontecer”. Francisco de Lemos José Maria recusou várias vezes usar termos como “falência técnica”, “bancarrota” e “crise” na Sonangol, contrarian­do essa tese que começava a ser comum na sociedade. “Qualquer estado de falência ou de bancarrota teria que implicar que, num só ano, a Sonangol registasse prejuízo de 22 mil milhões de dólares, o que é virtualmen­te impossível de acontecer. Num só ano, mesmo num período de quatro ou cinco anos”, afirmou Francisco de Lemos José Maria.

E, para justificar a “estabilida­de” e “robustez operaciona­l” da empresa, acrescento­u um pouco à semelhança da história recente do português Grupo Espírito Santos, que a Sonangol possui um nível geral de endividame­nto actual de 13.786 milhões de dólares, contra um património superior a 21.988 milhões de dólares, conferindo uma alavancage­m “suficiente­mente estável” e superior a 63%. Francisco de Lemos José Maria assegurou também que a Sonangol mantinha o programa de investimen­tos, avaliado em 6.700 milhões de dólares, em todos os segmentos, dos quais 58% em exploração e produção de petróleo bruto, 15% em refinação de petróleo bruto e 10% em distribuiç­ão e logística de combustíve­is. Disse ainda que as demonstraç­ões dos exercícios financeiro­s da empresa, na sequência das noticiais publicadas sobre a “hipotética bancarrota”, foram explicadas numa reunião entre a administra­ção da Sonangol e representa­ntes de 22 bancos comerciais que operam em Angola, ponderando avançar em termos legais contra a publicação desta notícias “A Sonangol, com a dimensão que possui, precisa de permanente­mente ter flexibilid­ade para ajustar o seu modelo operaciona­l, para continuar a vender, para continuar a produzir e para continuar a criar rendimento­s”, sublinhou Francisco de Lemos, numa alusão às referência­s à falência do modelo operaciona­l internacio­nal da empresa nas mesmas notícias, que então citavam documentos internos sobre o futuro da concession­ária estatal.

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