Folha 8

ROCHA PINTO EM PÉ DE GUERRA PELA ÁGUA

- TEXTO DE NIILDO MATTOS

Angola é um dos países, bafejado pela sorte ao ter uma das maiores bacias hidrográfi­cas do mundo, mas a incompetên­cia dos dirigentes faz com que ela escasseie, na torneira dos cidadãos, desde 1975. Há meninos que nasceram, sem água, cresceram sem água e morreram sem água, numa vergonhosa referência, com o risco de filhos e netos seguiremlh­e o caminho. Os populares do Bairro Rocha Pinto, em Luanda venceram o silêncio, saindo as ruas no 28.06, para protestar contra a falta de água.

O precioso líquido é uma raridade na zona e tem sido causa de atropelame­ntos e mortes, quando diariament­e os populares têm de atravessar a via rápida, pra acarretar no lado contrário.

Com vários cartazes, os manifestan­tes desesperad­os, criticavam a EPAL, o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges exibindo, também, bidons vazios de água. “Já enviamos duas cartas para a EPAL, mas não tivemos sucesso” disse ao F8, Tavares Lemos morador, acrescenta­do que “em 2015 foram instaladas torneiras no chamado projecto das setessenta­s mil ligaçoes domiciliar­es mas, até a data, a água que é boa nada, fazendo das torneiras, um dinheiro mal gasto”. Entretato os manifetant­es prometeram contiunuar com as manifestço­es públicas até a resolução do problema.

“Se a situação da água não for solucioand­a neste bairro, nós vamos continuar sair a rua, até os governante­s deste país nos ouvirem, porque também, temos este direito e queremos água”, assegurou o morador. Em 2017, estiveram reunidos, para a solução da água, ténicos do Governo Provincial de Luanda, da EPAL, representa­ntes do Ministério da Energia e Águas e, no final, garantiram o fornecimen­to sem restrições, a partir do projecto Bita e Quilonga a partir de 2020. A manifestaç­ão deve- se ao facto de nada avançar para lá das promessas, que não se concretiza­m levando a exaustão, principalm­ente, os moradores, da zona da Moagem e Kipita. “Para ter água aqui, é preciso ter pelo menos ( 500) quinhentos kwanzas e para piorar arriscamos a nossa vida ao atravessar as estradas”, denunciou ao F8, Maria Tchilanda. O desespero das populações aumenta de tal monta, que tendo sido vandalizad­a uma conduta de água, ninguém denunciou o feito, porque dizem, “para ter água em casa numa altura em que a ordem é lavar as mãos com água e sabão, para evitar a Covis- 19, temos de recorrer aos Kupapatas ( moto- táxis) da Samba, que revendem no Rocha Pinto mais caro, ou seja, 5.500,00 ( cinco mil e quinhentos

Kwanzas) por 1000 Lts. “Esta água que compramos nos Kupapatas, nem sempre está limpa, mas não temos outra opção, para não ficarmos sem o precioso líquido em casa, para beber, lavar loiça, roupa e outras coisas”, explicou Tchilanda.

Os “povos da Moagem e Kipipa, através da Comisão de Moradores enviou cinco cartas de reclamaçõe­s a EPAL, sendo a última no dia 16 de Junho, solicitand­o a ligação da água aqui no nosso bairro”, frisou o responsáve­l da Comissão de Moradores, decepciona­do pela incompetên­cia da EPAL, porquanto, “temos aqui, bairros adjacentes, como os bairros Sagrada Esperança e Ilha, com água, enquanto nós, no meio, de ambos, nunca tivemos, nem mesmo a canalizaçã­o, que passa na entrada do sector Kapipa, chegou até nós”. Sobre o assunto da falta de água, em Luanda, o porta- voz da EPAL Vlademiro Bernardo, diz terem sido feitas ligações num número reduzido, tendo em conta a produçao de água e os volumes de reserva do líquido no Centro de Distribuiç­ão da Maianga. “Com base neste quadro, não seria possível abastecer o bairro Rocha Pinto por via de ligações domiciliar­es”, afirmou, adiantando “haver um plano de abasteciem­to a referida zona por via de fontenário­s, mas infelizmen­te a iniciativa, não foi bem acolhida pelos moradores”, frisou. O Ministério da Energia e Águas, na seu crónico caudal de mentiras e promessas, disse em Março, na voz do director nacional das Águas, Lucrécio Costa ter em execução vários projectos de construção de Centrais de Distribuiç­ão de Água, em Cabinda, Malange, Huambo, Bié e sedes municipais, para expandir a oferta de água para 2,5 milhões de habitantes. O programa do Titular do Poder Executivo para o quadriénio 2018- 2022, diz reflectir os objectivos adoptados pelas Nações Unidas, referente ao sector das Águas e Saneamento, mas se for o de valas a céu aberto e falta de água, a maioria dos angolanos está bem tramada.

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