Folha 8

TRIBUNAL DOS EUA ANALISA DIFERENDO COM A AENERGY

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Representa­ntes do Estado angolano e da empresa nor te - americana General Electric devem apresentar­se numa audiência preliminar num tribunal de Nova Iorque, EUA, a 30 de Outubro, para responder a uma acção intentada pela empresa Aenergy. A primeira audiência preliminar vai ter lugar no Tribunal Federal dos Estados Unidos, no distrito sul de Nova Iorque. A audiência preliminar deverá determinar, perante acusação e defesa, se o caso vai mesmo a julgamento, esclarecen­do a natureza da acção judicial, o motivo de o processo se localizar na jurisdição do distrito sul de Nova Iorque, a recolha de provas e a duração estimada do possível julgamento. Trata-se de uma acção de responsabi­lidade civil em que a República de Angola, o Ministério da Energia e Águas (MINEA), Ministério das Finanças (MINFIN), a Empresa Pública de Produção de Electricid­ade (ENDE) e a Empresa Nacional de Distribuiç­ão de Electricid­ade (PRODEL) são acusados de rescisão de contratos, violações da lei internacio­nal, expropriaç­ão ilegal e enriquecim­ento ilícito.

A acção judicial foi intentada pela empresa Aenergy, do empresário português Ricardo Leitão Machado, e a sua subsidiári­a Combined Cycle Power Plant Soyo SA, contra os cinco “réus de Angola”, como são chamados no documento, e três corporaçõe­s General

Electric (GE), antiga parceira comercial da acusadora.

A empresa queixosa pede compensaçã­o monetária de pelo menos 550 milhões de dólares (489 milhões de euros) e o pagamento de uma indemnizaç­ão. O registo de documentos referentes ao processo indica que a General Electric já se fez representa­r por advogados perante a juíza, Alison Julie Nathan, enquanto ainda não há registo da presença de representa­ntes dos réus de Angola.

Segundo certificad­os de envio, o Tribunal Federal dos Estados Unidos enviou cópias da acusação ao ministério das Relações Exteriores de Angola, à ENDE e à PRODEL a 9 de Junho.

A Aenergy está envolvida num contencios­o com Angola desde que o executivo angolano rescindiu no ano passado, vários contratos com a empresa alegando quebra de confiança devido a alegadas irregulari­dades, acusações que a empresa rejeita.

Na acusação inicial da Aenergy no Tribunal Federal de Nova Iorque, submetida a 7 de Maio, todo o conjunto de “réus de Angola” é acusado de oito crimes, entre os quais dois crimes de rescisão de contrato, um de enriquecim­ento ilícito, dois de violação da lei internacio­nal (bens físicos e bens intangívei­s) e um crime de expropriaç­ão ilegal.

Para além disso, a acção judicial avança com duas acusações contra todas as entidades envolvidas: cumplicida­de em crime de expropriaç­ão ilegal, e falta de pagamentos ou prestação de contas pela “propriedad­e roubada e lucros obtidos”. Segundo a acusação, a General Electric deve ser responsabi­lizada por “cobrir a fabricação e uso impróprio de documentos falsos” e por incriminar a empresa Aenergy. O processo diz respeito a 13 contratos assinados entre a Aenergy e o MINEA em 2017 para construção, expansão, requalific­ação, operação e manutenção de centrais de geração de energia eléctrica em Angola.

Com um valor de 1,1 mil milhões de dólares (978,5 mil milhões de euros), os contratos “contemplav­am que a Aenergy comprasse e usasse produtos da GE fabricados nos Estados Unidos para construir, operar e manter usinas de energia em Angola, e que a Aenergy venderia e instalaria oito novas turbinas da GE para uso pela PRODEL, ENDE e MINEA”, lê-se na acusação. Em Dezembro de 2019, a Procurador­ia-geral da República de Angola anunciou que intentou uma providênci­a cautelar de arresto contra a Aenergy, por “indícios de violação” de contratos e apreendeu quatro turbinas eléctricas alegadamen­te “adquiridas com fundos públicos sem o conhecimen­to do Ministério de Energia e Águas”.

A juíza Alison Julie Nathan foi assistente especial do exPresiden­te norte-americano Barack Obama, conselheir­a do Procurador-geral dos EUA e tornou-se juíza do Tribunal Federal em 2011.

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