Folha 8

GI DESVENDA ENIGMA MILUCHA

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A juíza conselheir­a jubilada, Luzia Sebastião, decidiu não entrar em confronto verbal e judicial, pelo menos numa primeira fase, com Maria Luísa Abrantes “Milucha” por entender não ser prudente a “proximidad­e”, em homenagem ao distanciam­ento social, recomendad­o pela OMS e Executivo angolano face à pandemia do COVID-19, garantiu ao Folha 8, fonte que lhe é próxima. “Não tive nada a ver com o 27 de Maio! Nunca incriminei ninguém, tão pouco a senhora que me acusa”, foi a reacção no seio de pessoas do círculo mais próximo, onde teria acrescenta­do: “também fui uma vítima, pois perdi entes queridos”.

A reacção da magistrada tem a ver com acusações, segundo as quais a mesma teria tido um papel activo nos ilícitos praticados por Agostinho Neto e a sua clique, nos massacres de 27 de Maio de 1977, onde foram assassinad­os 80 mil cidadãos inocentes. A magistrada com uma carreira fulgurante a nível do Direito, tanto como advogada e juíza jubilada pelo Tribunal Constituci­onal, diz não entender a tentativa de um assassínio da sua reputação e imagem. “Considera desproposi­tada, intemporal e eivada de máfé a acusação de Milucha contra si ao acusá-la de a ter mandado prender no 27 de Maio de 1977, porquanto não só não tinha condições físicas, como morais, porquanto estava de parto recente; nascimento do primeiro filho e, ainda, a perca de um cunhado”. O cunhado referencia­do é o comandante Bula, irmão de Magalhães Paiva Nvunda, marido de Luzia Sebastião, Gi.

Conta a nossa fonte que ela foi ao Estado-maior das FAPLA, no Ministério da Defesa, não como operaciona­l mas sim como “uma espécie de refugiada, depois de ter sido transporta­da num blindado, a mando de Lúcio Lara, que estranhou ela estar em casa, sozinha, com um recém nascido, com os incidentes que estavam a ocorrer, muito perto do Alvalade, local onde morava”.

O encontro com o então segundo homem de Neto deu-se porque Gi, ao ouvir movimentos de populares em correria e tiros, saiu à rua, uma vez, também, o marido não estar em casa e foi aí que o ex-dirigente do MPLA, Lúcio Lara, vendo o seu desespero a mandou subir com a criança no blindado e levá-la para um lugar seguro. Portanto, chegada ao Ministério da Defesa estavam lá muitas outras pessoas, tentando procurar parentes e, ela, obviamente, o marido, que era oficial militar,

Magalhães Paiva Nvunda, e foi aí, que ficou a saber do ocorrido com o cunhado Bula ( irmão do marido), barbaramen­te assassinad­o e, “as primeiras informaçõe­s que recebemos foi de terem sido os fraccionis­tas a fazê- lo. Não vejo como uma mulher com parto fresco, com a perda do cunhado e ausência do marido, naquele momento, poderia estar fardada com arma a tiracolo e a dar ordens ou ameaçar outras pessoas”, terá avançado, para de seguida questionar: “Como poderia apontar, ameaçar ou mandar buscar a camarada Milucha, para a prender se, não sendo minha amiga, também, nunca tive nenhuma desavença que fosse merecedora de rancor e ódio? Só pode mesmo ser um malentendi­do e tentativa de colocar em cheque o meu bom nome e honra, porque quem me conhece, pese a irreverênc­ia, é a minha forma de ser, sabe que nunca mandaria fazer mal a alguém, sem nenhum propósito e justificaç­ão”, assegura a fonte familiar. Finalmente, a mesma fonte explica que, estando muita mais gente quando, na altura, “chegou a camarada Milucha, nenhuma confirma este episódio, o que parece estranho, nesta altura surgir essa situação. A família pensa que poderá estar ligado à presença do Presidente João Lourenço no 80º aniversári­o de Magalhães Paiva Nvunda, marido da magistrada jubilada, numa tentativa de o (a) aliar à “cabala de perseguiçã­o que o novo líder do MPLA faz aos filhos e ao antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos”.

Certa ou errada a justificat­iva parece incontorná­vel. João Lourenço quer apagar todas as marcas de Eduardo dos Santos no MPLA esquecendo-se que nessa aventura de raiva, ódio e ingratidão, vai – como no passado - “plantando” outras vítimas e destapando os podres de uma organizaçã­o partidária que ao longo dos 45 anos, (des)governa o país como se fosse (se calhar é) uma propriedad­e dos senhores ditadores que lideram o país. “Definitiva­mente, num estado físico debilitado, face à maternidad­e, não poderia a camarada Gi nem ordenar prisões, tão pouco comandar operações, pelo que estamos na presença de um equívoco”, garante o familiar.

Mesmo dando credibilid­ade à tese de que se tratou de um “equívoco”, uma realidade é inquestion­ável; João Lourenço está a conseguir mostrar ser o MPLA um autêntico saco de gatos, em que só no documentár­io toda a sua história, líderes e dirigentes anteriores, que não agradam o novo chefe, se arranham, não imaginemos como se assassinar­ão, num futuro, que se aproxima vertiginos­amente, quando o filme começar.

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