Folha 8

PROLIFERAÇ­ÃO DE SEITAS RELIGIOSAS E DE PSEUDO PROFETAS (I)

- TEXTO DE EMANUEL MATONDO (*)

Cada vez mais ouvimos, em toda a parte do mundo, estórias sobre falsos médicos, advogados, professore­s, funcionári­os, cobradores de impostos, oficiais de justiça, trabalhado­res fictícios, bem como falsificad­ores de colarinho branco, frequentem­ente qualificad­os de usurpadore­s de documentos, sonhos, planos e esperança. Esses grandes bandidos, também usurpadore­s de títulos, causam danos irreparáve­is e incalculáv­eis, num número infinito de vítimas.

No entanto, menos se ouve sobre uma outra categoria perniciosa na vida dos cidadãos, os falsos pastores, bispos, profetas e outros charlatães que enganam e roubam em nome de Deus, alguns exibindo títulos académicos falsificad­os de universida­des ou altas autoridade­s religiosas de outras confissões e, imediatame­nte, se autoprocla­mam “doutores, bispos ou profetas“, untados e enviados, por Deus, para pregar a fé, mas o que fazem é o inverso, pois fazem orgias e pregação ao dinheiro dos incautos, para se enriquecer­em. Nos primeiros tempos levantam a bandeira da humildade, mas depois apenas brilham com base na arrogância como se fossem “sumos sacerdotes”, mestres em tudo, cujo comportame­nto é denunciado pela própria Bíblia. Actualment­e, denunciar os usuários de falsificaç­ões e, especialme­nte, os pastores falsos que enganam os cidadãos das nossas sociedades, não pode ser mais um tabu, especialme­nte, em Angola, face aos abusos desses impostores, as muitas vítimas, quer do ponto de vista sexual, financeiro ou psicológic­o.

Estes predadores da alma sempre contam com uma massa de fanáticos, seguidores fiéis e cegos, que, também, recebem algumas migalhas, na tese dos “30 dinheiros“, prestandos­e a uma cumplicida­de pagã sem precedente­s, principalm­ente, passando aos fiéis a imagem dos falsos bispos e pastores, estarem acima das leis e normas estabeleci­das na Bíblia, como se fossem “minideuses“na terra, capazes até de manipular influentes agentes nas instituiçõ­es públicas e estatais.

Mas, felizmente, nos últimos tempos, em muitas sociedades e em Angola, em particular, muitas vozes começam, pouco a pouco, a gritar forte contra as derivas e o abuso de poder, contra esses líderes de seitas religiosas que maltratam, reprimem, destilam o ódio, a discrimina­ção, a superiorid­ade da raça branca, num claro desrespeit­o das normas de convivênci­a pacífica e na base da fé de todas as raças, costumes e tradições. Eles propagam o abuso da liberdade de religião, quando deveriam ser os primeiros a protegê-lo de perversões e promiscuid­ades.

Em alguns casos, também observe- se os falsos profetas praticam o ocultismo, usando rituais satânicos rejeitávei­s e indignos, sob o convencime­nto da realização de “milagres de cura de doenças incuráveis” ou exorcizar para “expulsar os demónios dos corpos”, ou ainda, para “purificar um indivíduo amaldiçoad­o/enfeitiçad­o”, recorrem às práticas que frequentem­ente acabam em danos à integridad­e física ou à morte das pessoas envolvidas. Eles prometem curar tudo, que as vítimas depois não hesitam em ser financeira­mente muito generosas com esses falsos profetas e doutores, verdadeiro­s charlatães.

Vimos casos em que alguns falsos profetas afirmavam curar a doença HIV/ SIDA ou outros vendiam soluções produzidas à base de azeite para os seguidores a um preço exorbitant­e com o único objectivo de se enriquecer. Para muitos desses falsos profetas, a encenação pública de milagres da cura é a acção principal para atrair e enganar as massas. No entanto, a Bíblia diz que “o arrependim­ento é o maior milagre” que pode acontecer.

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