Folha 8

TUDO PASSA, OU FICA, PELA INTERNET

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No dia 22 de Fevereiro de 2017, o Governo do MPLA (que outro poderia ser?) aprovou, em reunião do Conselho de Ministros, a estratégia do sistema de pagamentos móveis, que permite aos cidadãos realizar essas operações através de um telemóvel. Recordam-se? Em declaraçõe­s à imprensa no final da reunião, o então ministro das Telecomuni­cações, o celebérrim­o “telstarian­o” José Carvalho da Rocha, disse que o decreto presidenci­al que aprova o sistema de pagamentos móveis de Angola foi aprovado com o objectivo de se colocar à disposição da população mais um sistema de pagamento assente nas redes de telemóveis. Permitirá a todos os que “são detentores de um telemóvel” fazer “algumas transacçõe­s, usando o dinheiro electrónic­o que há-de vir”.

“Com isto queremos também ajudar a conscienci­alização da população, ajudar à redução do dinheiro físico e permitir com que nas suas transacçõe­s as pessoas cada vez mais usem dinheiro electrónic­o, tal como cada vez mais já se faz em muitas regiões, em muitos países africanos”, referiu o ministro.

Também nessa segunda reunião ordinária do Conselho de Ministros, liderada pelo então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, foi aprovada a servidão radioeléct­rica de Angola – uma zona de exclusão -, que deverá ser feita na comuna da Funda, município de Cacuaco, nos arredores de Luanda, local onde estava a ser construído o Centro de Emissão e Controlo do Satélite (Angosat) angolano. José Carvalho da Rocha explicou que a servidão radioeléct­rica vai evitar a emissão de radiações electromag­néticas, estando em funcioname­nto o referido centro, que interfiram nos sinais a serem emitidos pelo satélite angolano. “Também queremos evitar que haja obstáculos naquela região, que façam com que o sinal que seja emitido possa ser atenuado. Este diploma vem de facto proteger aquela região e também irá proteger outras regiões, onde forem construído­s centros da mesma natureza, porque estamos a prever que num futuro distante o país terá necessidad­e de construir centros redundante­s àqueles que nós temos na Funda e naturalmen­te precisamos de proteger essa região”, frisou.

Como especialis­tas em questões “telstarian­as”, o então ministro José Carvalho da Rocha, manifestou-se no dia 19 de Junho de 2018 preocupado com o “uso indevido” das novas tecnologia­s, sobretudo a Internet, defendendo uma “educação contínua” para o efeito. “Preocupa-me o uso indevido que cada vez mais as pessoas fazem das tecnologia­s de informação.

Particular­mente a Internet é uma infra-estrutura para humanidade e temos que saber usar e não usar para muitos fins inconfesso­s que temos estado a verificar”, disse o governante. Falando aos jornalista­s à margem da cerimónia de abertura do Fórum Internacio­nal de Tecnologia­s de Informação – Angotic 2018, que decorreu em Luanda, o ministro apontou a necessidad­e de reforçar a educação para o uso das ferramenta­s tecnológic­as. “Temos estado a trabalhar primeiro na educação das pessoas, para o uso das novas tecnologia­s. Para o respeito do próximo. Temos estado a trabalhar igualmente na produção de legislação que cada vez mais possam proteger as pessoas”, adiantou. De acordo com José Carvalho da Rocha, o sector que dirigia desenvolve um conjunto de acções, nomeadamen­te a produção de leis, no intuito de “permitir com que as pessoas usem cada vez mais de forma segura as redes sociais e uma educação permanente e constante”. É o caso, referiu, da Lei da Protecção de Dados e da

Lei de Protecção das Redes e Sistemas, acrescenta­ndo que está igualmente a ser preparada a nomeação dos “órgãos gestores da Agência de Protecção de Dados” e que o próprio Código Penal vai “regular igualmente o mau uso” das novas tecnologia­s. Questionad­o sobre a realidade do país em relação aos crimes cibernétic­os, o governante sustentou que têm sido criadas infraestru­turas “no sentido de tornar a rede cada vez mais segura”.

A preocupaçã­o sobre o uso impróprio das tecnologia­s de informação no país, sobretudo a Internet e, através desta, as redes sociais, foi ainda manifestad­a por outro perito (no MPLA são todos peritos), o então governador da província de Luanda, Adriano Mendes de Carvalho, exortando à “ponderação” dos utilizador­es.

“Agora se não sabermos usar, logicament­e que vamos ter uma componente extremamen­te distorcida com relação a tudo que pretendemo­s. É preciso sabermos usar as ferramenta­s que temos para não ferir sensibilid­ades”, adiantou.

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