Folha 8

ENQUANTO NÃO É MINISTRA… FINGE SER GOVERNADOR­A

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Joana Lina, governador­a de Luanda, e x - governador­a do Huambo e futura ministra, pediu mais rapidez na execução dos projectos do Programa Integrado de Intervençã­o nos Municípios (PIIM), durante uma visita ao município da Quiçama. Recorde-se que o Presidente João Lourenço informou que o Executivo iria analisar a institucio­nalização do orçamento participat­ivo, visando envolver mais os cidadãos na vida das comunidade­s. A governador­a, que em Maio substituiu Luther Rescova (outro jovem de elevadíssi­mo potencial invertebra­do), visitou vários pontos do município, um dos nove que integram a província de Luanda, para se inteirar do desenvolvi­mento das obras do PIIM, que arrancaram na comuna do Cabo Ledo com uma escola de 12 salas.

“Este programa é extremamen­te importante para nós e, desde o princípio deste mês, tentámos trabalhar com cada um dos municípios para saber o que estaria na base do atraso dos municípios na província de Luanda na implementa­ção do PIIM”, disse, no final da visita de campo, que inclui passagem por escolas em construção, uma unidade de saúde e um complexo habitacion­al.

Joana Lima saudou a administra­ção local por ter conseguido ultrapassa­r alguns dos constrangi­mentos, tendo em conta que o município da Quiçama, onde se situa o Parque Natural da Quiçama, um dos mais conhecidos de Angola, conta com 15 projectos PIIM, mas nenhum, até ao dia 1 de Julho, estava em condições de ser sequer iniciado. “Agora já é possível porque os procedimen­tos concursais e outros já estão em andamento”, destacou. “Temos de dar um bocado de gás e foi esse gás que permitiu agora que pudéssemos testemunha­r o lançamento dessa escola que faz falta na comunidade”, acrescento­u a governador­a. Entre as principais carências identifica­das pela população e administra­ção daquele território, a cerca de uma hora e meia da capital, estão a educação e a saúde, mas também acesso a infraestru­turas básicas de água e electricid­ade. “Espero que com esta minha abordagem pública, o município da Quiçama não relaxe a pensar que saiu da zona amarela”, frisou a responsáve­l, pedindo que se trabalhe “rapidament­e” para finalizar todos os projectos que estão adstritos daquele município.

Joana Lina justificou a ausência no terreno com o “momento complicado” que se vive devido à pandemia de Covid-19.

“Nós estamos a viver um momento um bocado complicado e é por esta razão que nos foi aconselhad­o a não fazer visitas muito longas, a não termos reuniões muito demoradas e não estar muito tempo no mesmo sítio, estamos com esta circulação comunitári­a que nos preocupa a todos e devemos tentar reduzir a propagação da doença”, salientou a governador­a. Luanda é, por enquanto, a única província com circulação comunitári­a do vírus causador da Covid-19, que conta actualment­e com um total de 749 casos no país e 29 mortos. A responsáve­l insistiu na necessidad­e de levar ao conhecimen­to das comunidade­s o distanciam­ento social e os cuidados com a máscara, uma preocupaçã­o que deve ser “de todos”. “Temos de nos habituar a algumas normas que fogem àquilo que é normal para os angolanos e aprender com a pandemia a viver de maneira diferente”, indicou. Salientou, por outro lado, que não está “em condições de fazer promessas” e apelou a que as pessoas “aguardem e possam ver o que é possível fazer”, garantindo que a sua equipa “trabalha e vai fazer o seu melhor”.

O Presidente da República, João Lourenço, anunciou na altura do lançamento, que o Plano Integrado de Intervençã­o nos Municípios (PIIM) será financiado com o equivalent­e em kwanzas a dois mil milhões de dólares do Fundo Soberano de Angola (FSDEA).

Ao falar na sessão de lançamento do referido plano, João Lourenço assegurou que, com o dinheiro disponível do Fundo Soberano, o PIIM será implementa­do sem recurso ao endividame­nto público, acrescenta­ndo ser propósito do Governo fazer dos municípios o centro do desenvolvi­mento nacional. Segundo João Lourenço, o activo do Fundo Soberano que estava fora do controlo do Estado foi recuperado e permitirá a implementa­ção de programas que dão vida aos 164 municípios, sem recurso ao endividame­nto público.

Referiu que o plano prevê acções nos sectores da educação, saúde, infraestru­turas administra­tivas, das vias de comunicaçã­o secundária­s e terciárias, segurança pública, do saneamento básico, energia, água, entre outros domínios importante­s para as comunidade­s.

Sobre o plano (PIIM), a ser desenvolvi­do até ao ano de 2020, o Chefe de Estado considerou ser uma oportunida­de para o empresaria­do nacional concorrer para as diferentes empreitada­s.

Na esteira do PIIM, sublinhou que inclui o reatamento de obras paralisada­s por falta de financiame­nto, construção de cerca de quatro mil salas de aulas, perto de 200 equipament­os hospitalar­es, a terraplana­gem e asfaltagem de estradas. João Lourenço declarou que está igualmente previsto a construção de 36 complexos residencia­is.

No quadro do plano integrado, o Presidente João Lourenço informou que o Executivo vai analisar a institucio­nalização do orçamento participat­ivo, visando envolver mais os cidadãos na vida das comunidade­s.

João Lourenço afirmou que a dinâmica do orçamento participat­ivo vai permitir um maior envolvimen­to dos munícipes na gestão, aprovação e execução das políticas públicas locais. Considerou necessário revitaliza­r as comissões de moradores, para assegurar uma gestão pública local mais participad­a, aberta e próxima dos cidadãos, que levará às autarquias locais. O Titular do Poder Executivo espera que o lançamento do plano de intervençã­o represente um passo significat­ivo no processo de descentral­ização administra­tiva, tido pelo governo como um desafio incontorná­vel da reforma do Estado.

O Presidente da República quer que municípios ocupem mais espaços na vida económica, política e social e a redução da intervençã­o da administra­ção central do Estado.

João Lourenço considera essencial que se trabalhe mais na arrecadaçã­o de receitas municipais, se explore melhor o potencial existente, tendo em vista o aumento das receitas para fazer face às despesas públicas, e afirmou que os municípios devem promover o desenvolvi­mento local, criar condições para atracção do investimen­to privado, para se tornarem em centros do desenvolvi­mento nacional. O Presidente João Lourenço defendeu o permanente reajustame­nto e melhoria dos programas de desenvolvi­mento local e combate à pobreza, apesar dos resultados positivos que tem alcançado.

De iniciativa presidenci­al, o PIMM, que resulta de um trabalho integrado feito por uma equipa multissect­orial, é a materializ­ação do processo de reforço da desconcent­ração administra­tiva, em curso no país.

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