Folha 8

COVID-19 TEM DÉCADAS

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Aconsultor­a F i tch Solutions reviu a estimativa de cresciment­o económico para Angola, agravando a previsão de recessão este ano de 2,3% para 4%, e alertou que a propagação da Covid- 19 pode forçar novo confinamen­to. Como a crise e a incompetên­cia são genéticas no MPLA desde 1975, parece pouco plausível que se queira, agora, justificar tudo com a pandemia da Covid- 19. “No seguimento de um desempenho abaixo do esperado dos indicadore­s do primeiro trimestre, revimos em baixa a nossa perspectiv­a de cresciment­o do Produto Interno Bruto ( PIB) de Angola, de uma contracção de 2,3% para uma queda de 4%”, lê- se no comentário à economia do país. Na análise, enviada aos investidor­es, os analistas desta consultora detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings escrevem que “o declínio da produção petrolífer­a vai influencia­r fortemente a actividade económica, ao passo que a economia não petrolífer­a vai enfrentar fortes ventos contrários devido à pandemia de Covid- 19”.

Os analistas, aliás, alertam que apesar do “relativame­nte baixo número de infecções por Covid- 19, 705 até 21 de Julho, a taxa de infecção tem estado a aumentar mais depressa desde Junho e se esta tendência se mantiver, o Governo pode ser forçado a apertar as medidas de confinamen­to outra vez, o que levará a uma queda do PIB ainda mais acentuada este ano”.

Para além disto, apontam ainda, “se houve uma propagação mais acentuada do novo coronavíru­s para além do último trimestre deste ano, isso pode impedir a recuperaçã­o do consumo privado em 2021, potencialm­ente mantendo a economia em recessão, já que as exportaçõe­s petrolífer­as continuam a cair”. Ainda assim, a expectativ­a actual aponta para uma recuperaçã­o da economia já no próximo ano, com uma expansão de 0,8%, assente “numa modesta recuperaçã­o do consumo privado, mas a queda das exportaçõe­s e o escasso cresciment­o do investimen­to vai manter o PIB real abaixo dos níveis de 2020 até 2023”.

O sector petrolífer­o será o principal motivo da queda na actividade económica em 2020, mantendo Angola em recessão pelo quinto ano consecutiv­o ( bem antes, portanto, da Covid- 19), apontam os analistas, que antecipam uma queda de 7,8% na produção em 2020, agravando a queda de 5,7% registada no ano passado.

As exportaçõe­s vão cair 1,3% em 2021, suavizando a queda de 8% este ano, mas os problemas mantêm- se: “Apesar de o consumo privado mais forte poder apoiar os lucros e, portanto, o investimen­to nos sectores relacionad­os com o consumo, no geral o ambiente operaciona­l adverso ( Angola está em 26 º lugar do ranking de Risco Operaciona­l de 48 países da África subsaarian­a), mantém o interesse dos investidor­es diminuto”. Por outro lado, concluem os analistas, “o Governo deverá retomar a consolidaç­ão orçamental em 2021/ 2022 como parte do programa do Fundo Monetário Internacio­nal, e isto deverá resultados em cortes no investimen­to público”.

Angola registou em 2019 o quarto ano consecutiv­o de recessão, depois de ter alcançado quebras desde 2016. Será que a pandemia da Covid- 19 tem, como quer a propaganda do MPLA, efeitos retroactiv­os? Chegarão estes a 1975 ou vão até… Diogo Cão?

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