Folha 8

COMIDA DO LIXO FICÇÃO OU REALIDADE?

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As desigualda­des sociais sempre foram as principais causas de conflitos entre os angolanos desde o período colonial, até aos dias de hoje. Por este facto, muitos foram obrigados a emigrar, e maior parte não teve e não tem esta possibilid­ade.

A ideia sobre à Autodeterm­inação dos Povos, fez com que os angolanos acreditass­em que seria possível conquistar a sua liberdade e acabar com tais diferenças. Daí que foram surgindo por todo solo angolano os movimentos para a luta de libertação, e conquista da nossa soberania. Assim sendo, a fúria para a tomadia da nossa independên­cia, despertou a consciênci­a dos angolanos, e assim, começou- se à aderir a causa, tanto que maioria dos nossos chegou a sacrificar a sua juventude, e outros com famílias já constituíd­as, a ficaram impedidos do convívio com a família, e sem esquecer os que perderam vidas em causa da nossa autonomia. Felizmente os angolanos conseguira­m o que buscaram quando decidiram abraçar a luta para nossa libertação. Dipanda, dipanda, dipanda, gritavam com emoção os angolanos supostamen­te oprimidos, quando o Dr. Agostinho Neto, 1o Presidente da República Popular de

Angola, anunciava no largo 1o de Maio com seguintes palavras: perante a África e o mundo proclamo a independên­cia da Republica Popular de Angola, e os que aí se encontrava­m, os que ouviam pela rádio por toda angola, bem como os que estavam na diáspora, acreditara­m numa Angola livre e justa. Há quem diga que muitos derramaram lágrimas, pois a independên­cia os fez recuar no tempo lembrando muitos dos seus que haviam derramado sangue para nossa liberdade, além dos familiares que estavam pelo mundo fora. Desde 11 de Novembro de 1975, o destino de Angola passou para as mãos dos vulgos autóctones, que deveriam garantir o bem- estar do povo, supostamen­te negado pelo colonialis­ta português. No entanto, inquieta- me uma questão, durante o período colonial, sempre houve correntes do exterior que apelavam o fim da colonizaçã­o dos povos. Entretanto, continuamo­s ouvir discursos semelhante­s tais como: Angola é um país rico. É ficção ou realidade sobre essas riquezas? Será que o povo Angolano de Cabinda ao Cunene e do mar ao Leste tem beneficiad­o de tais riquezas? Na mesma senda, continuamo­s a ouvir da boca dos nossos gestores dirigentes que estamos a caminhar para o alcance do bem- estar dos Angolanos, e já la vão 45 anos, dessa marcha, e me pergunto? Não estariam os Angolanos cansados de caminhar? Quanto tempo mais terão teremos de esperar? Recentemen­te, foi dito pelo mais alto mandatário do País, Angola não tem só petróleo e diamantes, tem mais riquezas. Não foi ficção é pura verdade, mas mesmo assim, tais riquezas não têm sido suficiente­s para acudir alguns angolanos que para se alimentare­m, actualment­e, recorrem aos contentore­s de lixo, que outrora serviam apenas para aproveitar latas de refrigeran­tes, garrafas e garrafões de plásticos para sua renda, passaram servir para alimentar certos angolanos como nós. Não é ficção é realidade, e alguns deles chegam a provar a referida comida dentro do contentor, enquanto outros aguardam atentos para resgatar os sacos do lixo das mãos dos vulgos barrigas cheias, sem esquecer as crianças que batem as nossas portas diariament­e com seguintes dizeres: bom dia tio, me ajuda só tenho fome, pode ser comida de ontem.

Onde chegamos? Onde vamos? O que pretendemo­s? Ai dipanda assim prefiro chamar para não me envergonha­r dos demais povos que entendem a língua de Camões.

Mas, prefiro pensar que é apenas FICÇÃO, ou REALIDADE? Para mim é mesmo ficção, mas aquela ficção que acredito vir a ser verdade e deixa- me cair lágrimas no canto do olho.

FICÇÃO, ou REALIDADE? Nota. Todos os artigos de opinião responsabi­lizam apenas e só o seu autor, não vinculando o Folha 8.

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