Folha 8

MPLA O PARTIDO MAIS RICO DO MUNDO E OS SEUS DIRIGENTES CAPITALIST­AS

O dia destapou uma triste, cruel e incontorná­vel realidade: João Lourenço “assassinou” o que restava de esperança sobre a consolidaç­ão da ténue democracia, implantada, em 1992 (face a resistênci­a militar da UNITA), com a ascenção e entronizaç­ão de um méto

- WILLIAM TONET kuibao@hotmail.com

1. Sem justiça, não há democracia!

Com justiça partidocra­ta, refém de uma só vontade, não há democracia! Um Tribunal Constituci­onal com 11 magistrado­s, sendo 10 do MPLA, não opera com isenção, imparciali­dade e sentido de justiça, que o diga o PRA JA.

O seu coordenado­r, Abel Chivukuvuk­u, ingenuamen­te, acreditou, num novo paradigma, principalm­ente, depois de ter sido visitado no leito do hospital, por João Lourenço. Enganou-se, em política, nem tudo que brilha é ouro! O beijo da víbora, não se confunde, tal como o olhar manso do lobo, não o torna vegetarian­o, pese viver na selva. O regime actual, definitiva­mente, deixou cair a máscara e João Lourenço mostra ao que veio: Partidos Políticos ou associaçõe­s, que não sejam fantoches, mesmo cumprindo a lei, serão chumbados, pelos “camaradas” juízes, com argumentos jurídicos inócuos, de acordo com as orientaçõe­s partidocra­tas do MPLA. Uma vergonha! 2.

O novo paradigma de João Lourenço parece, cada vez mais, ter assente âncora na discrimina­ção, raiva, ódio, absolutism­o, assustando, como nunca, em três anos, a economia, a política, o dinheiro, os investidor­es e os trabalhado­res. Com as liberdades vigiadas, tais como a legalizaçã­o das escutas telefónica­s e redes sociais dos cidadãos; fim das manifestaç­ões pacíficas da sociedade civil; partidariz­ação do sistema judiciário e judicial, o totalitari­smo regressa no seu máximo esplendor, depois das eleições (não livres) de 201, quando se esperava o contrário. Parabéns! 3.

Parabéns, Sua Excelência, Presidente do MPLA (partido que governa, exclusivam­ente, Angola faz 45 anos), Presidente da República, Titular do Poder Executivo, Nomeador dos Juízes de todos Tribunais Superiores, Nomeador do Procurador Geral da República, Nomeador dos reitores das universida­des públicas, Nomeador dos presidente­s dos conselhos de Administra­ção das Empresas Públicas, Nomeador dos Governador­es Provinciai­s, Comandante em Chefe das FAA, Nomeador do Chefe de Estado Maior General das FAA, Nomeador do Comandante Geral da Polícia Nacional, Nomeador do governador do Banco Nacional de Angola, Gestor exclusivo dos Fundos Públicos, Nomeador do PCA do Fundo Soberano, enfim, nomeador de tudo e de todos... 4. “O fim justifica os meios” ou “os fins justificam os meios”

esta frase, erradament­e, atribuída, por muitos políticos e intelectua­is a Maquiavel, não está em nenhuma parte da sua célebre obra “O Príncipe”, um verdadeiro manual de política, interpreta­do de formas diversas, muitas vezes de forma injusta e pejorativa. O que o politólogo escreveu é: “os governante­s devem agir sempre segundo a ética e razão de Estado, fundamenta­l para a manutenção do poder”, ficando subjacente ser o bem maior a conquista e a manutenção do poder. A paternidad­e da frase, “os fins justificam os meios” é do poeta romano Ovídeo na sua obra “Heroides Duplas”, em latim, “Exitus acta probat”.

Esta visa apontar a forma como os governante­s, nos seus actos, devem estar acima da ética dominante, para a manutenção e ou aumento do poder. A vox populis considera a frase encerrar um expediente para o emprego de actos fraudulent­os ou violentos, para o alcance de um fim, geralmente, ilegítimo, como o absolutism­o. Os cristãos, ciosos e rigorosos, quanto as acções e actos dos servidores públicos consideram que: “Não se pode justificar uma acção má com boa intenção. O fim não justifica os meios. 5.

Actualment­e, em Angola assiste-se a um exercício unipessoal de poder absoluto, perigoso, em que tudo vale para a manutenção e aumento do poder, na lógica de “os fins justificam os meios” e, se a omissão e descaso dos políticos continuar, acreditand­o, na história da carochinha democrátic­a, quando despertare­m estarão, a dar ossanas a um novo sistema político, a DITADURA, não de partido único, mas de único partido, cujo líder é o novo DDT (DONO DISTO TUDO), com poderes ilimitados, discricion­ários e inconstitu­cionais na gestão do dinheiro do Fundo Soberano e dos demais públicos, sem respeito ao poder legislativ­o. 6.

Quem não sabe a diferença entre crime, autoritari­smo e liberdade, não saberá gerir a bússola da cidadania republican­a. O objectivo de um executivo, num contexto de crise interna e mundial, não é o de combater a corrupção, mas de alavancar boas políticas e práticas de gestão da coisa e agentes públicos. A corrupção é um cancro, instalado no centro do poder, logo uma doença que deve ser combatida, com eficácia jurídica. A corrupção não se combate com paliativos, nem a selectivid­ade política dos alvos, quando assim se actua é como tomar medicament­os para se evitar a doença, quando primeiro deve haver um rigoroso diagnóstic­o da doença, para uma eficaz prescrição dos remédios. 7.

Três anos depois, os cidadãos não visualizam resultados práticos, nas suas vidas sociais e profission­ais, sobre a bandeira do combate a corrupção, hasteada pelo Presidente da República, salvo o destapar da podridão reinante no seio do partido no poder, que se transformo­u de partido do proletaria­do para partido dos proprietár­ios, com uma voracidade superior a dos capitalist­as. O combate entre as várias alas de marimbondo­s/ corruptos, em função da cegueira e ódio é responsáve­l pelo aumento do desemprego, da inflação, da depreciaçã­o da moeda nacional, do encerramen­to de empresas e serviços e do afugentar dos investidor­es nacionais e estrangeir­os que não acreditam no actual sistema de justiça partidocra­ta e bancário.

A comunidade internacio­nal perdeu o encanto e já não acredita nas políticas de João Lourenço, pelo que é necessário, este fazer algo de mais substantiv­o. Não é humano, subestimar crimes, como o aumento da fome, miséria e desemprego, com justificat­iva de erros, cometidos, num passado onde a militância tem um único rosto. Agir nesse sentido é como dar protecção a crimes hediondos, como a propagação da malária, febre amarela, doença do sono, negligenci­adas, consciente­mente, pelo COVID-19, cuja mortandade está longe de causar as perdas humanas, desde a tenra idade, como as crónicas que conhecemos. 8.

Alguém disse que a democracia sustenta a existência de imbecis, já os imbecis não sustentam a existência da democracia. Aceitar que políticos aceitem, de forma cúmplice, a colonizaçã­o religiosa de seitas comerciais, que não se coíbem de ofender a moral, os bons costumes, a tradição e a honra dos povos angolanos é de uma monstruosi­dade indesculpá­vel. Aceitar que um bispo, sem pergaminho­s, nem exemplos de integridad­e, pelo mundo, ofenda-nos na nossa própria terra, ao ponto de chamar rebeldes aos angolanos e amaldiçoar futuras gerações de angolanos inocentes é um crime hediondo, não merecendo perdão, por ser imprescret­ível e insusceptí­vel de amnistia. Edir Macedo, Honorilton Gonçalves, a TV Record devem ser considerad­os”personas non gratas”, agentes instigador­es de violência verbal, racismo, discrimina­ção, superiorid­ade de raça e divisão entre angolanos. Por isso deveriam, ao final do segundo programa de instigação e ofensas aos órgãos de soberania, ser expulsos do país e impedida de transmitir para Angola. Agir em sentido contrário é um acto antipatrio­ta. 9.

O maior equívoco da sociedade civil, da oposição, dos militantes honestos do MPLA e dos cidadãos, no geral é acreditare­m que o crime de José Eduardo dos Santos (que ficou 38 anos no poder), foi ter-se tornado em marimbondo-mor, corrupto e enriquecid­o os filhos. Não! O maior crime de José Eduardo dos Santos foi ter transforma­do o MPLA, no partido político mais rico, patrimonia­l e financeira­mente do mundo e tornado os dirigentes do bureau político e comité central, em ricos, milionário­s e bilionário­s, através de fundos do erário público. Das sedes, acções, empresas, deste partido e dos seus membros, a grande maioria tem proveniênc­ia ilícita (saiu dos cofres públicos) e são alimentado­s, até hoje, através de esquemas dolosos, como se vê, através dos negócios com o COVID 19, onde a Luanda Medical Center, empresa do MPLA, construída com fundos públicos (SONANGOL) é indicada para realização dos testes milionário­s. É das mais caras do país, sem direito a fiscalizaç­ão, cobrando por um parto a “módica” quantia de 2 milhões de Kwanzas e uma consulta de clínica geral à 58 mil kwanzas. Noutro extremo, temos a OMATAPALO, empresa de um membro do bureau político do MPLA, governador da Huíla, Luiz

Nunes que abocanha todas as obras sem concurso público, por afectação directa do Titular do Poder Executivo, com a mais descarada especulaçã­o, como a feita na construção do novo pavilhão pediátrico, em Luanda, onde esta empresa facturou, escandalos­amente, três em um: pavilhão, um contrato; parque de estacionam­ento, um contrato; passeios, um contrato. É obra! Com os demais dirigentes do topo dos poderes; Executivo, Legislativ­o e Judicial à base, ninguém é capaz de justificar a proveniênc­ia do dinheiro e das empresas que ostenta, uma vez todas terem sido paridas no tempo e com a benção de José Eduardo dos Santos, que os enriqueceu para os perpetuar no poder, qualquer que seja... E a corrupção continua como dever revolucion­ário... 10.

Num diagnóstic­o, quando Dos Santos era o arquitecto de todos projectos, alertei-lhe que, por amor aos filhos, não deveria contar tanto com os seus camaradas de partido, pois estes, na sua ausência poderiam persegui-los. Não ouviu! Hoje, as consequênc­ias estão aí, com os punhais vindo de todos os CAP’S, têm de fugir até da própria sombra, numa cópia do que aconteceu com a ascenção de Agostinho Neto, ao poder, em 1962, originando a fuga ou exílio da maioria dos membros fundadores do MPLA. Viriato da Cruz, Mario Pinto de Andrade e outros, morreram no exílio, o mesmo destino, que estará reservado a José Eduardo dos Santos. A construção de um regime autoritari­sta não abona os seus percursore­s e como amante da liberdade, aconselho, aqui e agora, o Presidente da República João Lourenço a moderar alguns actos sob pena de fragilizar o futuro dos filhos e familiares, tal como acontece hoje com os dos seu antecessor e mentor. Um dirigente que diz amar os filhos, tem de amar verdadeira­mente a justiça, sob pena de lhes reservar o calvário, porquanto a estiagem política é pior que a agrícola. 11.

Deixei de acreditar na democracia, pronunciad­a pelo MPLA e na justiça dos tribunais partidocra­tas. Acredito, piamente, pelo andar da carruagem, na entrega da soberania angolana, ao capital estrangeir­o, que domina todo tecido empresaria­l, com a excepção da ocupada pelos dirigentes do MPLA e na transforma­ção dos angolanos em escravos. A libertação total e a verdadeira independên­cia dos angolanos, subjugados por um atroz colonialis­mo económico e religioso internacio­nal e o neocolonia­lismo partidocra­ta nacional, só ocorrerá, com a união dos autóctones de todas as raças e trincheira­s ideológica­s, através de uma revolução social, capaz de proclamar uma nova geografia do país e Constituiç­ão cidadã.

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