A CHULICE COMO PATRIMÓNIO DA CPLP
O primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto, é considerado pelo MPLA como impulsionador da libertação da África Austral e um defensor intransigente da luta de libertação dos povos em África e no mundo. Assim disse o docente universitário Francisco Bala Francisco, em Setembro de 2017. É, portanto, certo para o MPLA que o massacre de milhares e milhares de angolanos no 27 de Maio de 1977 contribuiu para essa “libertação dos povos em África e no mundo”.
“No âmbito da CPLP, desejo que sejamos solidários, que os países mais desenvolvidos e com mais capacidades ao nível da CPLP possam colocar à disposição dos outros um conjunto de instrumentos e apoios para mitigar os efeitos económicos e sociais que impendem sobre os nossos países pequenos, insulares e pouco desenvolvidos”, disse Olavo Correia durante a intervenção por videoconferência durante a sessão de apresentação pública do livro que reúne as comunicações do primeiro Fórum dos Economistas das Cidades de Língua Portuguesa, e que decorreu hoje em Lisboa.
“Estamos todos perante o desafio das nossas vidas, não só no campo biológico e epidemiológico, mas também nos palcos económico e social”, acrescentou o viceprimeiro- ministro de Cabo Verde, que disse ser um dos países mais afectados no mundo pela pandemia da Covid- 19. “Somos um dos países mais impactados pela pandemia devido à estrutura da nossa economia e à exposição da nossa economia ao mundo”, vincou o governante, que deixou uma mensagem de optimismo face à CPLP. “Se juntarmos esforços e oportunidades que a CPLP encerra, estaremos em condições de vencer o desafio de saúde e de recuperação da economia e um novo corredor para a recuperação económica de cada um dos nossos países e da própria CPLP, que pode ter um papel importante na parceira entre África e a Europa”, concluiu Olavo Correia. O economista António Mendonça, membro da comissão instaladora da Associação Lusófona de Economia, salientou à Lusa que o objectivo da associação “de economia e não só de economistas” é o de “promover o debate sobre matérias económicas, promover a cooperação, a qualidade do ensino de economia nos nossos países e promover ainda princípios e valores de ética, exigência e responsabilidade profissional”. António Mendonça explicou que antes da pandemia, estava previsto que, depois do primeiro Fórum na Cidade da Praia, em Cabo Verde, o segundo decorresse em 2021 em Angola e o terceiro em Timor- Leste, no ano seguinte. “O segundo encontro deverá ter como tema central a Covid- 19 e os efeitos económicos e como a cooperação permite dar resposta aos problemas económicas nos países lusófonos”, disse o também antigo ministro das Obras Públicas.
Angola é, há 45 anos, “obra desenganada”. Em matéria de economia contou muitas vezes com o contributo de economistas autóctones e de outros “importados”, quase todos portadores de prestigiados diplomas internacionais. O resultado mais visível é uma actividade lucrativa, passível de ser caracterizada como chulice, em que um país tão rico não conseguiu criar riquezas mas, apenas, milionários. Provavelmente, até porque a própria CPLP é um dos mais expressivos exemplos de chulice, a organização deveria juntar- se, por exemplo, à “deputada – portuguesa – não inscrita”, Joacine Katar Moreira e liderar um movimento para que todo o património das ex- colónias, presente em território português, possa ser restituído aos países de origem de forma a “descolonizar” museus e monumentos estatais. Seria uma ajuda às diferentes economias. Não fosse a Assembleia da República portuguesa ser ( como também acontece com a sua congénere angolana) um antro de parasitas e chulos que se sustentam, e bem, à custa do erário público, e os deputados saberiam que existe uma “coisa” chamada Comissão de Património Cultural da CPLP onde têm assento todos os países de língua portuguesa e até os que nem uma palavra conhecem da língua de Camões.
Joacine Katar Moreira queria que o património das ex- colónias portuguesas, que esteja actualmente na posse de museus e arquivos nacionais, possa ser identificado, reclamado e restituído às comunidades de origem, segundo uma proposta de alteração ao Orçamento do Estado para 2020. A elaboração da lista do património a ser restituído estaria a cargo de um “grupo de trabalho composto por museólogos, curadores e investigadores científicos”. Presumese que a ideia seria, para além de criar mais uns tantos tachos, mandar para a latrina a dita Comissão de Património Cultural da CPLP. Não seria má ideia se para o mesmo local mandassem igualmente muitos dos que, neste caso, ocupam o Parlamento português e que o transformam tantas vezes num bordel de quarta categoria.
A medida estava inserida numa proposta que pretendia implementar um programa de “descolonização da cultura” e uma “estratégia nacional para a descolonização do conhecimento”, valores presentes no programa do partido Livre para as legislativas de 2019.
Joacine Katar Moreira sugeriu também a criação de uma “comissão multidisciplinar composta por museólogos, curadores, investigadores científicos ( história, história da arte, estudos pós- coloniais etc.) e activistas antiracistas”.
Esta comissão teria como objectivo “forjar directivas didácticas para a recontextualização das colecções dos museus e monumentos nacionais” de forma a “estimular uma visão crítica sobre o passado esclavagista colonial, reenquadrando- o e recontextualizando- o à luz das mais recentes investigações académicas”, pode ler- se na proposta.
Dizia o partido que foi da agora “deputada não inscrita” que, tendo em conta o passado colonial português, esta é uma oportunidade para o país de “fazer parte destes debates ao nível institucional” e “escolher ser parte de um movimento que congrega a procura de justiça histórica, ao mesmo tempo que responde às necessidades e desafios do tempo presente”. A ideia não é inédita, tal como a ignorância. No início de 2018, o Presidente francês, Emmanuel Macron, encomendou um estudo sobre o património de origem africana nas colecções públicas francesa, cujas conclusões apontavam para uma restituição de todas as obras dos seus museus que foram retiradas “sem consentimento” das antigas colónias francesas em África.