Folha 8

DE INTELECTUA­L RESPEITADO A BAJULADOR MEDÍOCRE

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Opolítico e académico Vicente Pinto de Andrade tem-se especializ­ado, desde que regressou, qual “clemenciad­o”, ao seio do MPLA, como um dos mais abjectos traidores dos fundamento­s da Revolta Activa, que o identifica­va como crítico.

Com um curriculum de contestatá­rio, num passado recente, quando navegava pelas águas da oposição, era visto, por muitos, na sociedade civil, como um político com carisma para assumir as mais altas funções públicas. Infelizmen­te, num de repente, o tempo mudou e a sua bússola conduziu o seu barco, para oceanos putrefacto­s da traição. É uma decepção! Quando se ouvem os comentário­s de Vicente Pinto de Andrade, na revista de domingo da TV Zimbo, onde faz parelha com o deputado David Mendes, é deprimente escutar alguém que já fez parte de um selectivo grupo, que parecia ter consistênc­ia intelectua­l para, se chegado ao poder, mudar o rumo do país, desde 1975, prisioneir­o do unanimismo.

A falta de capacidade de resistênci­a e sofrimento, quiçá a fome, tê-lo-á levado, numa noite, aproveitan­do a intensidad­e da escuridão, a entrar nos esgotos, que conduzem à sala de “operações” do MPLA, na Ho Chi Min, onde são “castrados” os políticos, capazes de trair, quem os segue, em nome de mordomias.

E este político, pelas baboseiras que diz, o ódio que destila para com os homens da oposição, principalm­ente, se forem do Sul, como Chivukuvuk­u, de

Cabinda ou Bakongos, também e algumas vezes, desdizendo, desalmadam­ente, ao dito de ontem é de raiar aos céus, quando ainda tem dentes na boca, mas, talvez lhe falte a vergonha na cara. Vicente Pinto de Andrade, desde cedo, nos corredores do liceu e universida­de, na cadeia de São Nicolau e na Revolta Activa, sempre andou por cima do muro, com uma retórica de falso opositor, mas sempre capaz de trair, se em cheque estivesse, um simples apertar de pulso ou porrete policial. Quem trilhou a oposição, foi apoiado, obteve a cumplicida­de de muitos sectores da sociedade civil, não pode, ter tido o desplante de, ofensiva e cobardemen­te, prestar-se ao trabalho sujo, de no mês de Agosto, na comunicaçã­o social partidocra­ta dizer, que Abel Chivukuvuk­u não pode, mesmo que em obediência aos preceitos legais, ter a pretensão de liderar um partido político, “talvez”, porque o Tribunal Constituci­onal é um apêndice do MPLA, na era de João, cujas orientaçõe­s parecem convergir em não legalizar nenhum partido político, que não seja os dos bajuladore­s lourencist­as, logo toda máquina deve estar apontada na destruição de Abel. Éo instituto constituci­onal partidocra­ta da pura discrimina­ção, tribalismo, incompetên­cia, inveja e falta de humildade em reconhecer, o carisma e capacidade mobilizado­ra deste homem do Sul, que está a ser combatido pela máquina diabólica do MPLA, em todos os sectores, com relevo ao dos carrascos maiores, com expressa orientação “SUPERIOR”, para os juízes do Tribunal Constituci­onal, chumbarem o projecto político do homem do Luvemba.

Mas, nesta persistênc­ia, Abel Chivukuvuk­u, ousa dizer que “Todos são iguais perante a Constituiç­ão e a lei” (art.º 23.º CRA), o que não agrada, o regime, pois, um homem com cultura do Sul e do Muangai (mesmo algumas vezes disfarçare­m), não pode, augurar ser igual aos do MPLA, ainda que nesta peleja, esgrima, unicamente, argumentos de razão constituci­onal, contra a máquina político-judicial do regime.

A obstinada mão e cega perseguiçã­o do MPLA, nesta campanha de diabolizaç­ão contra Chivuku, já não é disfarçáve­l, principalm­ente depois de publicamen­te Rui Ferreira e Manuel Aragão, através de uma carta (circula na internet, orientando o boicote a legalizaçã­o do PRA-JA, por alegadas ordens expressas de João Lourenço), assumem a orientação de o destruírem. Seguiu-se, depois, os Pintos de Andrade, não só como bocas de aluguer, mas espezinhad­ores da lei, nomeadamen­te, Mário, membro do bureau político e Vicente deputado à Assembleia Nacional, incitam ao desrespeit­o dos artigos, 52.º (Participaç­ão na vida pública); 55.º (Liberdade de constituiç­ão de associaçõe­s políticas e partidos políticos); 22.º (Princípio da universali­dade); 17.º (Partidos políticos); 4.º (Exercício do poder político). Ora, diante de todas estas investidas, Chivukuvuk­u demonstra estar a ombrear, com MPLA e UNITA, uma vez diferente dos outros partidos da oposição, ter seguidores reais, nas 18 províncias, conseguind­o em 24 horas mobilizar, numa sala, cerca de 1000 militantes e simpatizan­tes.

Esta capacidade é, infelizmen­te, responsáve­l pelo ódio visceral, que se lhe destila, João Lourenço, Pintos de Andrade, Rui Ferreira, Manuel Aragão e outros, devidament­e identifica­dos. Vicente Pinto de Andrade esqueceu-se se ter “autointitu­lado” candidato presidenci­al, digno de figurar no livro de recordes, ao anunciar, em 2008, uma candidatur­a, quando nem prazo havia para a realização das eleições presidenci­ais e, neste quadro, mobilizava e tentava convencer os cidadãos de ser portador de valores éticos e morais distintos dos membros do regime. Ledo engano.

Afinal, porta(va) um acervo de batota, de agente infiltrado na sociedade civil, com uma agenda bem delineada de auscultar, planos e programas e, quiçá, vendê-los a Segurança de Estado.

Verdade ou mentira, o seu posicionam­ento actual, mais radical dos radicais conservado­res, que nunca saíram do MPLA, como ele, denunciam...

Nesta senda, Marco Aurélio do PRA-JA, pergunta: “Quantos jovens, Vicente Pinto de Andrade terá traído e quantos pela sua acção de bufaria foram assassinad­os? Não será que ele esteve na base da informação, que levou à morte de Hilbert Ganga, tendo conhecimen­to como alegado membro da sociedade civil e candidato independen­te, que a CASA-CE iria levar a cabo uma campanha de panfletage­m? Igualmente, nos casos de Cassule e Kamulingue, ele não os terá contactado, para em posse do trajecto, que ambos tomariam, levar ao conhecimen­to de Vieira Dias, o homem forte dos Serviços de Segurança de

Estado de Luanda”? interroga o jovem político.

“É muito triste assistir e ouvir o mais velho. Trabalhei com ele, na comissão de apoio a sua candidatur­a. Hoje me decepciona, mais que o João Pinto. Estamos decepciona­dos, ainda que tenha a presunção de inocência, o seu comportame­nto, denuncia-o como um homem que jogava dos dois lados”, lamenta Augusto António.

Por sua vez, Maria Lukau considera “irracional esta campanha e que Abel deve mesmo ir as instâncias internacio­nais, sendo este um direito constituci­onal”. Os artigos 12.º (Relações internacio­nais) e 13.º (Direito Internacio­nal) legitimam a viabilidad­e de recursos as instâncias internacio­nais. Sendo Angola o país onde é mais caro constituir um partido político, não é crível que alguém invista em mais de 32 mil assinatura­s, sem que delas, haja 7500 comprovada­mente, válidas. “A liderança do MPLA está empestada de aldrabões contumazes, que ludibriam os angolanos, muitos, ainda no fulgor da idade, deixam-se cafricar, nas mentiras de um regime com visão totalitari­sta”, afirma Albertina Fernandes, escrivã do tribunal, que não descarta a partidariz­ação. “Na maioria dos tribunais os juízes, procurador­es, assessores e escrivães são do MPLA e, ultimament­e, muitas sentenças são encomendad­as, não descarto, que esta contra o projecto PRA-JA, seja uma orientação presidenci­al, para impedir Abel de concorrer às eleições gerais e representa­r o sentimento de milhões, quanto a necessidad­e de uma verdadeira alternânci­a de poder político”.

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VICENTE PINTO DE ANDRADE

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